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Internet no celular

Operadoras miram no pacote de dados; saiba como lidar com esta mudança

Queda no número de linhas e aumento no uso da internet pelo smartphone apontam para uma nova forma de cobrar o consumo dos clientes. 

25/04/2017 - 17h51min

Atualizada em: 25/04/2017 - 20h13min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Os aplicativos de mensagens que deixam para trás a necessidade de ligações telefônicas não estão passando despercebidos pelas operadoras de celular. Os consumidores devem começar a sentir isso nas faturas, com uma mudança no foco das contas. A saída para as companhias seguirem adiante em um cenário de cada vez menos ligações está na cobrança dos dados de navegação na internet.

– Há um movimento em que o usuário está falando menos e teclando mais, e até com a possibilidade de também falar pelos aplicativos. Para a operadora ser competitiva, terá de adotar essa modalidade de cobrança – afirma o consultor e presidente da Teleco Informação e Serviços de Telecomunicações, Eduardo Tude.

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Claro vai liberar chamadas ilimitadas para clientes de planos pós-pagos

Dois anúncios ainda neste mês de abril confirmam o rumo identificado pelo especialista. A operadora Oi divulgou que os usuários dos planos pré-pagos e controle poderão trocar a franquia de ligações por dados, e vice-versa, com minutos sendo equivalentes a megabytes (MB). E a Claro vai eliminar a cobrança de ligações em seus planos pós-pagos. A partir de agora, a operadora vai diferenciar os pacotes apenas pelo volume de dados para conectar na internet, em gigabytes (GB). Por trás dessas mudanças, segundo Tude, está a luta pela sobrevivência no mercado.

Chip único

A última pesquisa Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) Domicílios, do Comitê Gestor da Internet no Brasil, mostrou que, em 2015, o celular ultrapassou o computador como dispositivo para o acesso à internet. Nesse mesmo ano, o Brasil chegou ao ápice de chips em circulação, com mais de 284 milhões. Mas desde então, a quantidade não para de recuar. O último levantamento da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), referente a fevereiro deste ano, mostra que a telefonia móvel teve queda de 15,14 milhões de linhas (-5,87%) em comparação com o mesmo mês do ano passado. Hoje, a Anatel registra 242,9 milhões de linhas no Brasil.

– Está ocorrendo a consolidação de chip por parte dos consumidores. Antes, ele tinha o chip da operadora A para ligar para um grupo, e outro da operadora B para outro grupo. Agora não, o mesmo chip liga para todas – afirma o diretor comercial da TIM Região Sul, Carlos Eduardo Spezin Lopes.

Lopes destaca que a operadora oferece dados ilimitados desde 2015. E o plano pós-pago de mil minutos, explica ele, equivaleria a chamadas ilimitadas, já que a grande maioria dos usuários fala, no máximo, 800 minutos.

A estratégia das operadoras

Claro: vai liberar ligações nos planos pós-pago para qualquer operadora e qualquer cidade. A diferenciação dos pacotes será pelo volume de dados na internet.
Oi: anunciou que os usuários dos planos pré-pagos e controle poderão trocar a franquia de ligações por dados e vice-versa. Minutos poderão ser trocados por megabytes.
TIM: oferece desde 2015 dados de internet ilimitados e já tem o plano pós-pago com mil minutos de ligações para qualquer operadora e qualquer cidade.
Vivo: ampliou a quantidade de dados em seus planos já há algum tempo. Também acrescentou funcionalidades como o Vivo Bis, que permite aos assinantes usarem o saldo de internet restante de seu plano por mais um mês.

O que ganha o consumidor com esta mudança

Para o consumidor, ainda é cedo dizer o quanto a tendência pode ser boa ou não. Tudo vai depender da qualidade do serviço e de quanto custará no final do mês. Por enquanto, segundo o consultor da Teleco, o usuário precisa entender e controlar o consumo de dados. É como se faz com a conta de luz: saber o que gasta mais e poupar sempre que possível. Mas, de jeito nenhum, aceitar pagar mais do que se precisa.

– Quem paga por um pacote de 10 GB, por exemplo, tem de ser um usuário que assiste muitos vídeos no celular. Porque se o uso normal for para troca de mensagens e alguma navegação eventual na internet, o consumo fica em cinco ou seis gigabytes no máximo – alerta Eduardo Tude.

O Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) aconselha que, para auxiliar na economia, sejam usados aplicativos de controle. No app, basta o consumidor inserir as informações de vencimento da franquia e do plano, sendo alertado quando estiver próximo de superar o limite. Outra forma de evitar gastos desnecessários é esperar até estar em um lugar com conexão Wi-Fi para assistir a vídeos ou postar em redes sociais.

Para prestar atenção

- O consumidor terá de se acostumar a monitorar o consumo no celular de outra forma.
- Não vai mais interessar o quanto se liga, mas o quanto se acessa a internet e as redes sociais.
- Será preciso identificar o real consumo de internet móvel para escolher o plano mais adequado.
- Normalmente, as operadoras alertam quando a franquia de dados está terminando.

De olho no consumo

- Verifique se a operadora oferece ferramentas on-line para monitorar o uso da internet móvel, como disponibilizar em seu site o saldo atual, o volume de dados consumidos até o momento e a franquia restante.
- A maioria dos smartphones possui ferramentas ou aplicativos de contagem de dados bastante úteis. Mas o correto é a própria operadora oferecer essa ferramenta de controle.
- Ouvir músicas em streaming (sem download) e escutar rádios on-line podem resultar em surpresas na fatura.
- O ideal é copiar as músicas para um cartão de memória ou armazená-las no próprio aparelho.
- Uma dica é diminuir a qualidade de transmissão de áudio para economizar os dados. Se a rádio on-line tem a opção de múltiplas qualidades de transmissão, prefira a baixa (geralmente, 32 KB por segundo).
- Serviços de mapas podem ser responsáveis pelo rápido consumo de dados. - Aplicativos de rastreamento, para encontrar aparelhos roubados ou perdidos, também podem consumir grande quantidade de dados.
- Quando for preciso usar o navegador, utilize browsers próprios para hospedar conteúdo móvel, geralmente em forma de aplicativos. É uma boa forma de economizar porque muitas páginas não estão adaptadas para conteúdo móvel e consomem muitos dados.
- Não abuse dos jogos on-line. Alguns jogos populares, apesar de gratuitos, trazem anúncios que chegam ao celular via internet.
- Sempre que possível, espere até estar em um lugar com conexão Wi-Fi para assistir a vídeos ou postar fotos em redes sociais, economizando seu plano de dados desta forma.
- Use softwares de controle. No aplicativo, basta o consumidor inserir as informações de vencimento da franquia e o tamanho do plano (200 MB, 1Gb, 2Gb, por exemplo). O software emite avisos de alerta quando estiver próximo de estourar o limite.



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