Sonho trilhado na ponta dos pés
Bailarina de Alegrete é selecionada para dançar como profissional em companhia dos Estados Unidos
Jovem descoberta num projeto social de dança do interior do Estado foi aprovada em audição do Ballet Hispánico, de Nova York
A aspirante a bailarina profissional Dandara Amorim Veiga, 20 anos, de Alegrete, está prestes a se tornar integrante do Ballet Hispánico, uma companhia de dança contemporânea que tem sede em Nova York, nos Estados Unidos. Aprovada na audição, realizada no mês passado, Dandara depende agora do visto de trabalho para ser contratada a partir de agosto, quando completará um ano estudando balé em terras norte-americanas.
No ano passado, a jovem teve a sua história contada nas páginas dos jornais Zero Hora e Diário Gaúcho, quando conquistou uma das dez bolsas de estudo na Alvin Ailey American Dance Theater, também em Nova York, escola de dança contemporânea consagrada mundialmente.
– Foi uma seleção muito difícil, mas estou muito feliz com a oportunidade. Agora, dei entrada no pedido de visto de trabalho para seguir nos Estados Unidos – comentou Dandara, por telefone.
Nascida na periferia de Alegrete, desde os seis anos, quando os pais se separaram, Dandara dividiu-se entre a casa da mãe, a camareira Liliane Rios de Amorim, 43 anos, e a da avó paterna, a doméstica Maria Luiza Lima de Moraes, 71 anos. Dos nove aos 13 anos, a bailarina integrou o projeto social e recreativo de balé Primeiros Passos, criado pela professora Jacqueline Zacarias Silveira para crianças carentes das escolas públicas de Alegrete. E foi numa apresentação de final de ano dos alunos que ela acabou sendo descoberta pela própria Jacqueline. A garota esguia tinha 13 anos.
A chegada ao Ballet Hispánico é a coroação aos seis últimos anos dedicados ao balé. Sempre contando com a ajuda de apoiadores para se manter dançando, ela conquistou mais de 35 premiações em competições de dança no Brasil e no Exterior.
– Por ser uma companhia que viaja muito, Dandara terá a possibilidade de crescer como bailarina, de ampliar o repertório na dança contemporânea e de conhecer outras culturas. Estou realizada pela Dandara, pois a vi nascer no balé – comentou a professora, orgulhosa do feito da pupila.
Nove horas diárias de treinamento
Nos Estados Unidos desde agosto do ano passado, a bailarina praticamente passa os dias entre as aulas e os ensaios de repertórios. São, pelo menos, nove horas diárias de treinamentos. No pouco tempo livre, a menina costuma visitar o Central Park – o lugar favorito dela em Nova York e onde fez um ensaio fotográfico a convite de um amigo bailarino. A plasticidade de Dandara enquanto dança a tornou modelo da escola Alvin Ailey, em fotos produzidas para a companhia.
– Tenho trabalhado muito para corresponder à expectativa deles _ conta a jovem.
Até o final deste mês, Dandara seguirá na Alvin Ailey. No momento, está em turnê com a companhia no Canadá. A jovem, apesar de ainda ser aluna, foi convidada para participar das apresentações da equipe profissional. Em junho, seguirá para a Itália, onde fará um curso de verão de aperfeiçoamento.Antes, porém, a bailarina aguarda a finalização da avaliação sobre a sua permanência nos Estados Unidos. A resposta deve sair até o início de junho.
– Se tudo der certo, retorno à América no final de julho. Daí, será vida. E como profissional! – prevê a bailarina.
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