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Rio Grande afora

Testes comprovam que hidrelétrica influencia na vazão do Salto do Yucumã

Alteração no funcionamento das turbinas mostrou influência de hidrelétrica sobre patrimônio mundial localizado em Derrubadas, no Noroeste do Estado 

03/05/2017 - 09h42min

Atualizada em: 03/05/2017 - 11h14min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Dois dias depois de alteração nos horários de liberação da hidrelétrica, Salto estava com mais de 3 metros de altura à mostra para visitantes, como comprova a imagem de 30 de abril

Testes realizados durante três dias comprovaram a influência da vazão das águas da usina Foz do Chapecó Energia na visibilidade do Salto do Yucumã, a maior queda d'água longitudinal do mundo, com 1,8km de extensão, em Derrubadas, no noroeste do Estado. Entre a meia-noite de 28 de abril e a meia-noite de 1º de maio, a usina funcionou com apenas uma das quatro turbinas, diminuindo a passagem de água pelo leito do Rio Uruguai. A medida foi determinada pelo Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a partir de uma solicitação da Secretaria Estadual de Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Sema).

– Com as medições hora a hora, confirmamos a nossa suspeita de que a usina Foz do Chapecó, situada a cerca de 160km do Salto, tem responsabilidade pelo enchimento do Yucumã. Durante o final de semana, o Yucumã ficou completamente visível – afirma o diretor do Departamento de Recursos Hídricos da Sema, Fernando Meirelles.

Dois dias antes, o mesmo local estava submerso pelas águas do rio Uruguai

Nesta quinta-feira, uma videoconferência reunirá o Operador Nacional do Sistema Elétrico, o Conselho Nacional de Recursos Hídricos, a Sema, a Foz do Chapecó e a Agência Nacional de Águas (ANA) para avaliar os dados colhidos durante os três dias de testes.

– Há um precedente que nos favorece. Em Tocantins, a ANA fez alterações nas usinas que atuam no Rio Tocantins. No período de praia, o sistema elétrico costuma ser modificado. Isso também pode ocorrer na bacia do Uruguai como regra de sobrevivência para o turismo local – acredita Fernando.

Região tem ficado submersa a maior parte do tempo

A perspectiva de desaparecimento do Yucumã foi mostrada na edição de 28 de abril do Diário Gaúcho. Desde junho de 2016, a Sema vem colhendo dados que mostram a influência das hidrelétricas sobre o Salto.

A mudança pode voltar a movimentar o turismo na Rota do Yucumã, formada pelos 33 municípios do Celeiro e do Planalto Médio, que viu despencar a procura pela região nos últimos sete anos devido às más condições de visibilidade do Salto. As prefeituras culpam a instalação da usina de Chapecó, em funcionamento desde 2010.

– Esperamos que a ANA se sensibilize com a situação. Será um bem para o turismo e para a natureza – finaliza a empresária e representante da Associação Turística Caminhos do Interior de Tenente Portela, Márcia Mueller.

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