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Seu problema é nosso

Com câncer em metástase, moradora de Gravataí não recebe tratamento há dois meses

Secretaria Estadual da Saúde informou que o medicamento já está liberado e Roseli pode retirá-lo em seu município

01/06/2017 - 08h40min

Atualizada em: 01/06/2017 - 08h42min


Com câncer em metástase – que começou na garganta e se espalhou para o fígado e o abdômen –, a dona de casa Roseli Beck Krewer, 47 anos, moradora de Gravataí, não recebe as doses do tratamento com Sandostatin Lar 20mg há dois meses. Para amenizar os sintomas da doença, aliviar as dores e impedir que o tumor vá para outras partes do corpo, ela precisa fazer uma injeção mensal do medicamento, que custa cerca de R$ 5 mil.

Sem condições de comprá-lo, entrou com um processo judicial via Defensoria Pública para receber o tratamento de graça. Entretanto, não tem sido fácil encarar a doença e o descaso do Estado ao mesmo tempo.

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Em novembro de 2016, quando precisava da primeira dose, o pedido ainda não havia sido aprovado. Sem poder esperar, Roseli pediu um empréstimo a um familiar para comprar a injeção. Até agora, só conseguiu devolver R$ 1 mil dos R$ 5 mil que usou.

Os meses que se seguiram foram uma montanha-russa de “tem e não tem” o medicamento. Em dezembro e janeiro, ela recebeu normalmente. Em fevereiro, foi necessário implorar para a Ouvidoria Geral da Secretaria da Saúde do Estado para conseguir o remédio. Em março, sem o tratamento, foi a vez do bloqueio de valores do Estado. Ela recebeu o dinheiro e comprou a medicação. Em abril e maio, nem sinal do tratamento. Roseli faz acompanhamento médico e recebe as aplicações do remédio no Hospital São Lucas da Pucrs, em Porto Alegre.

– Eu falei com o pessoal do hospital, da Defensoria, da Ouvidoria, da prefeitura de Gravataí. Não sei mais a quem recorrer. Sem o tratamento, sinto muita dor, uma queimação na barriga, febre. É horrível – desabafa ela.

Descoberta

Roseli descobriu que tinha câncer em julho do ano passado, após várias idas a diferentes médicos e realização de diversos exames. Um caroço no pescoço, que já incomodava havia cinco anos, foi o que levou à descoberta.

– Eu sentia muita dor no pescoço e na garganta havia bastante tempo, mas sempre que ia no médico, diziam que era problema muscular, pois na ecografia não mostrava nada. Quando acharam o tumor, já estava espalhado pelo corpo – conta Roseli.

O tratamento, apesar não curar a doença, pode prolongar e dar mais qualidade de vida para Roseli.

– Desde que comecei a fazer as aplicações, os médicos disseram que o câncer paralisou, não se espalhou mais. Só quero viver bem, sem dores – pede ela.

Medicamento está disponível, diz SES

Ao Diário Gaúcho, a Secretaria Estadual da Saúde (Ses), por meio de sua assessoria de comunicação, informou que o tratamento está disponível em Gravataí, e a paciente pode buscá-lo na Farmácia Municipal.

O processo judicial de Roseli foi protocolado no dia 2 de dezembro de 2016 e, por isso, em novembro, ela não recebeu a injeção via Estado. A defensora da 1ª Vara Cível de Gravataí Adriana Schefer do Nascimento explicou que a leitora não recebeu o remédio em abril e maio porque houve uma falha na prestação de contas de março. Segundo Adriana, Roseli conseguiu um desconto no remédio e não fez a devolução do que sobrou corretamente. Após procurar a Defensoria, foi orientada e resolveu o problema, mas isso levou à demora nas liberações seguintes.

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Na segunda-feira passada, Roseli esteve com Adriana e apresentou nova negativa do Estado (do início de maio), comprovando a falta da injeção. Na terça-feira, a defensora fez um pedido de reconsideração para a juíza responsável. Até as 10h de quarta-feira, o processo constava no sistema com uma ordem de intimação para o Estado.

Para evitar atraso na entrega de remédios, Adriana orienta que os pacientes busquem a Secretaria da Saúde pelo menos uma vez por semana para monitorar a disponibilidade do medicamento. E, no caso de prestação de contas, sempre que a pessoa recebe um valor para a compra do medicamento e há troco de mais de R$ 1, ela precisa fazer o depósito de devolução e apresentar o comprovante na Defensoria.



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