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Mundo da Gurizada

A onda das crianças que são miniadultos: o que é saudável e qual é o limite?

Especialistas apontam riscos de crianças estarem inseridas em atividades e espaços que nada lembram o universo infantil

21/07/2017 - 08h00min

Atualizada em: 21/07/2017 - 10h39min


Jeniffer Gularte
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Ter fases da infância abreviadas por hábitos e comportamentos de adultos virou uma preocupação com a divulgação nas redes sociais de vídeos de crianças "famosas" fazendo atividades que pouco ou nada lembram o universo infantil.

A pequena Valentina, filha do humorista Wellington Muniz, o Ceará, e da apresentadora Mirella Santos, virou hit na internet ao se vestir igual ao mãe e ir ao salão de beleza. Dois vídeos postados no Instagram do pai na semana passada que mostram a menina no salão de beleza lavando e escovando o cabelo são alguns exemplos de como crianças cada vez mais são estimuladas a terem comportamentos e hábitos de adultos.


A professora dos cursos de graduação e pós-graduação em psicologia da Unisinos Angela Helena Marin frisa que é importante distinguir o que é imitar o comportamento dos pais e vestir peças de roupas idênticas a eles. O primeiro, não é saudável, já que a criança se encontra em desenvolvimento e não teria como responder a comportamentos adultos. O segundo, porém, pode ser encarado de forma mais leve:

– Vestir-se igual aos pais, quando considerado como uma atividade lúdica, ou seja, como uma brincadeira limitada a algumas situações, desde que respeite a individualidade e a vontade da criança, não parece ser algo prejudicial.

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Para a professora do curso de Psicologia da Universidade Feevale Juliana Rosa Pureza, a criança deve ser preservada de conteúdos e ambientes estritamente adultos e estimulada a vivenciar espaços lúdicos. Os pais não podem perder de vista que a criança aprende comportamentos sociais através da imitação dos adultos nos primeiros anos de vida.

– É muito importante lembrar que os pais e cuidadores estão atuando como um modelo para a criança – afirma Juliana.


O limite

A escolha das roupas, a ida ao salão de beleza e a compra de sapatos de salto, por exemplo, precisa respeitar a individualidade e a vontade da criança, sem que os pais imponham suas vontades e desejos a eles. É preciso, segundo Angela, ter consciência de que os filhos não podem ser considerados uma extensão dos pais.

– É preciso que tenham discernimento para avaliar o que é cabível ao universo infantil, tanto em relação às roupas quanto a outros apelos em relação ao corpo.

Os pais devem saber que seus filhos precisam ser considerados como únicos e com personalidade própria.Entre as consequências de não respeitar a individualidade da criança, está a limitação da expressão de sua personalidade, o que pode ter implicações para sua autoestima.

Segundo Angela, não há idade considerada saudável ou natural para a criança começar a se preocupar com a própria vaidade. Questões culturais e sociais interferem nesta questão. O mais importante, entende Juliana, é observar como cada criança está reagindo a exposição a estes ambientes para poder avaliar o efeito que isto pode ter sobre ela.

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Dicas para os pais
– Respeite a individualidade da criança. Valorize suas preferências e potencialidades.
– Não espelhe suas vontades na criança, seu filho é único e terá personalidade própria.
– Estimular comportamentos idênticos aos pais podem dificultar o desenvolvimento uma vez que não possibilita que a criança se reconheça como diferente deles.
– A criança precisa ter espaços lúdicos para ser criança.
– Os pais devem lembrar que são importantes modelos para a crianças, e que os seus comportamentos provavelmente serão imitados por elas.



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