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Pit bull e criança na mesma casa: veja o que dizem pediatras e veterinários sobre essa amizade

Será que é possível o convívio harmonioso entre crianças e animais de raças consideradas agressivas? 

04/08/2017 - 07h03min

Atualizada em: 04/08/2017 - 07h03min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Mãe de Isabela, cinco anos, e grávida de mais uma menina, Desirée defende o convívio das filhas com seus dois cães

Se o cachorro é o melhor amigo do homem, não é diferente com as crianças. Tanto que a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda o contato entre os pequenos e os peludinhos de quatro patas, de acordo com o pediatra da Santa Casa Cristiano do Amaral de Leon, que destaca os inúmeros benefícios dessa relação para o desenvolvimento dos pitocos.

Mas será que é possível o convívio harmonioso entre crianças e animais de raças consideradas agressivas como um pitbull e um chow chow, por exemplo? Segundo o veterinário e membro do Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul Pedro Ferraz, sim, afinal, como com as crianças, as atitudes dos cachorros também são reflexos da criação que recebem.

A seguir, saiba mais sobre o que pensam os especialistas e conheça a história da cabeleireira Desirée Cristina Gonçalves Vidal, 25 anos, que vive essa experiência com uma filha de cinco anos, um bebê a caminho e dois cães que são o xodó da família, apesar da fama de maus.

Relação de respeito e afeto

Com a chow chow Sininho, Isabela é só chamego, sem medo

Na casa de Desirée, no Bairro Cascata, em Porto Alegre, a integração entre a filha Isabela, cinco anos, e os dois cachorros da família, Thor, um pitbull de 12 anos, e Sininho, uma chow chow de oito, só aconteceu quando a menina tinha três aninhos. Isso porque, assustada com os comentários e alertas de amigos e parentes sobre os supostos riscos à vida da filha, a mãe acabou evitando contato entre eles. Deixou os cães na casa da avó até que Isabela fosse maiorzinha. Mas, desde que passaram a viver sob o mesmo teto, só o que se vê entre eles é amor e cumplicidade.

– Eles são muito dóceis e protetores. Quando ela caía no pátio, o Thor corria pra dentro de casa e latia na nossa frente, avisando que tinha algo errado com ela, até a gente sair pra ver. Desde pequeninha, a Isabela monta na Sininho como se ela fosse um cavalo, e a cadela retribui, chama ela pra brincar, dorme do lado da cama dela. Nunca deram um latido mais forte pra Isabela – atesta Desirée.

Grávida de mais uma menina, a mãe garante que, dessa vez, fará tudo diferente com o bebê:

– Agora, a minha caçula vai conviver com os cachorros assim que sair da maternidade. Vou chegar em casa e deixar eles cheirarem ela para entenderem que é uma "irmãzinha", que faz parte da casa e da família.

Coordenador da emergência pediátrica do Hospital da Criança Santo Antônio, Cristiano só faz uma ressalva quando o assunto é recém-nascidos:

– Tem que haver um cuidado um pouco maior porque eles têm um sistema de defesa muito pequeno. Então, é importante não deixar o animal lamber o bebê, mas cheirar, tocar a mãozinha dele, se o animal estiver limpinho, não tem problema nenhum, é só afeto. É importante que o animal se adapte à nova criança. Não tem contraindicação, só recomendamos prudência, porque o animal está conhecendo alguém novo.

Com cuidados, é sinal verde

O medo inicial de Desirée é justificável, explica o veterinário Pedro Ferraz. Algumas raças de cães, como os dela, trazem em sua genética um potencial mais agressivo. No entanto, se forem bem tratados, não representam ameaça:

– Tudo depende da criação. O grande problema do pitbull é quando cai em mão erradas, de pessoas que não têm um quadro comportamental adequado para criar esse tipo de cachorro. Provocam, deixam ele brabo, agridem e estimulam a agressividade. Daí, vem a resposta. As brincadeiras que se faz com o animal desde a infância determinam a personalidade dele. Se criar o animal com respeito e carinho, é possível conviver perfeitamente com ele.

Pedro destaca, ainda, que é importante pensar, antes de ter um cachorro, no espaço físico em que ele será criado, respeitando o porte do animal:

– Querer ter um São Bernardo dentro de um apartamento não é indicado porque vai criar um cão ansioso e agitado. Se a raça exige algo de ti que tu não dá, o cachorro vai responder com ansiedade e agressividade.

O pediatra ainda atenta para outro cuidado importante antes de levar o animal para dentro de casa:

– É importante vir vacinado e desvermifugado. Assim, não representará riscos para a saúde da criança.

Desenvolvimento acelerado

Menina tem senso de responsabilidade aguçado ao cuidar da alimentação de Thor e Sininho

Cristiano aponta as contribuições que o contato entre crianças e cachorros dar ao desenvolvimento infantil:

– A criança que tem um animalzinho começa a ter senso de responsabilidade, aprende ações que vai realizar ao longo da vida. Um cachorro em casa aumenta a interação familiar e facilita tratar de assuntos que podem parecer difíceis como sexualidade, questões fisiológicas e até a morte, quando se enfrenta a perda de um bichinho. Ela de desenvolve muito mais rápido.

Desirée já viu na prática os apontamentos do pediatra:

– Antes de ter contato com os cachorros, a Isabela era mais fechadinha, tinha bastante medo de tudo. Depois, ela se soltou mais, passou a se importar, ficou mais responsável. Ela cuida das coisas dos cachorros, se preocupa em colocar ração pra eles, troca a água e, quando chove, ela que lembra de levar eles na rua pra fazer xixi.


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