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Semana Farroupilha

Comunidade reconstrói CTG do Bairro Restinga 

Único Centro de Tradições Gaúchas do bairro, em Porto Alegre, ressurge depois de muito trabalho

20/09/2017 - 07h00min

Atualizada em: 20/09/2017 - 07h00min


PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14-09-2017: O CTG Porteira da Restinga é o único centro de tradições gaúchas do bairro Restinga. Há alguns anos, o local estava abandonado. Agora, graças à união da comunidade e motivação do ex-patrão Tarciso da Cunha, o CTG foi reconstruído e concentra diversas atividades. O atual patrão é Luis Unirio Leite. (Foto: Mateus Bruxel / Agência RBS)
Grupo se mobilizou para reerguer o prédio

A insistência de um grupo engajado em preservar a cultura gaúcha fez ressurgir dos entulhos o prédio do único Centro de Tradições Gaúchas do Bairro Restinga, no Extremo Sul de Porto Alegre. Hoje, o CTG Porteira da Restinga é exemplo de que a união de uma comunidade pode ser transformadora. 

Abandonado pelos administradores e destruído pelo tempo, o espaço construído em 1982 estava praticamente esquecido no coração do bairro. Foi quando o comerciante Tarciso Falconi, 41 anos, que na infância e na adolescência participou ativamente do Centro, ganhou na Justiça, em 2008, o direito de assumir a patronagem. Estava disposto a reerguê-lo, mesmo que fosse sozinho. A história do CTG que tentava se reerguer foi publicada no Diário Gaúcho em setembro de 2010. 

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14-09-2017: Celebração no CTG Porteira da Restinga. É o único centro de tradições gaúchas do bairro Restinga. Há alguns anos, o local estava abandonado. Agora, graças à união da comunidade e motivação do ex-patrão Tarciso da Cunha, o CTG foi reconstruído e concentra diversas atividades. O atual patrão é Luis Unirio Leite. (Foto: Mateus Bruxel / Agência RBS)
Redes sociais ajudaram a divulgar o CTG

No começo, apenas metade do prédio tinha telhas. A outra parte era coberta por lonas. Nem isso fez Tarciso desistir. De porta em porta, passou a divulgar a reabertura do local. Em dois anos conseguiu restituir as invernadas mirim e juvenil do CTG, e reconquistou quem era interessado na tradição gaudéria. O homem que passou a amar a cultura gaúcha ao aprender a montar num cavalo, não esconde o choro de orgulho do que está plantando e colhendo no terreno do Centro. 

— Quando assumi, tive que desmanchar a estrutura precária para poder usar o espaço. Contei com o apoio da comunidade para arrecadar o material necessário. Sem os moradores, isso não seria possível — registra Tarciso, que agora é segundo secretário do CTG depois de deixar a patronagem neste ano para dedicar-se aos estudos na faculdade de Gestão do Esporte e Lazer. 

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A parte de lonas foi reconstruída com telhas e madeiras usadas. Algumas, inclusive, retiradas de restos de entulhos.  O piso do tablado foi comprado por um preço mais em conta porque ele era de segunda mão.

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14-09-2017: CTG Porteira da Restinga. É o único centro de tradições gaúchas do bairro Restinga. Há alguns anos, o local estava abandonado. Agora, graças à união da comunidade e motivação do ex-patrão Tarciso da Cunha, o CTG foi reconstruído e concentra diversas atividades. O atual patrão é Luis Unirio Leite. (Foto: Mateus Bruxel / Agência RBS)
Crianças são o futuro da entidade
PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14-09-2017: CTG Porteira da Restinga. É o único centro de tradições gaúchas do bairro Restinga. Há alguns anos, o local estava abandonado. Agora, graças à união da comunidade e motivação do ex-patrão Tarciso da Cunha, o CTG foi reconstruído e concentra diversas atividades. O atual patrão é Luis Unirio Leite. (Foto: Mateus Bruxel / Agência RBS)
CTG convida a comunidade para participar dos eventos

Outra ação de Tarciso foi oferecer cursos de fandango para crianças e adultos. Mas a proposta encontrada para atrair pais e filhos, e que faz sucesso até hoje, são as aulas aos sábados de lida campeira para crianças, com treinos de rédea e de laço com vaca mecânica e vaca parada e de cavalgada para iniciantes. Pelo menos 40 frequentam o curso. E os resultados começaram a surgir: em julho deste ano, Thais Kailane Sales, 14 anos, conquistou pelo CTG o primeiro lugar na prova de rédea no Rodeio Nacional dos Campeões, em Querência (MT).

— Enfrentamos um pouco de resistência das crianças em aceitar a tradição e a disciplina, mas quando elas começam a gostar, já querem aprender a dançar também. São as crianças as responsáveis por atraírem os pais mais distantes da tradição — comenta Tarciso. 

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14-09-2017: Ex-patrão Tarciso da Cunha e o atual patrão, Luis Unirio Leite, no CTG Porteira da Restinga. É o único centro de tradições gaúchas do bairro Restinga. Há alguns anos, o local estava abandonado. Agora, graças à união da comunidade, o CTG foi reconstruído e concentra diversas atividades. (Foto: Mateus Bruxel / Agência RBS)
Tarciso (E) foi quem insistiu na reconstrução do CTG. Luis (D) é o atual patrão da entidade

Aos poucos, o CTG voltou a encher, inclusive, com moradores de outros bairros. As redes sociais do Centro criadas por um dos integrantes ajudaram a ampliar a divulgação. Hoje, são cerca de 200 sócios. Porém, apenas 10% deles contribuem com o valor mensal de R$ 20 por família integrante. O dinheiro é insuficiente para quitar os gastos fixos de R$ 1,5 mil com água e energia elétrica. A atual administração buscou parcerias com empresas privadas e, até, com o poder público, como projeto cultural, mas segue sozinha na tentativa de manter-se firme. Para arrecadar verba, Tarciso e o atual patrão do Centro, Luis Unírio Leite, 70 anos, organizam bailes e almoços com apresentações das invernadas do CTG.

— As pessoas comparecem. Conseguimos reunir até 300 pessoas numa noite de baile. Nos falta é mais apoio por sermos uma entidade cultural existente num dos bairros mais carentes de Porto Alegre — diz Luis. 

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14-09-2017: Ensaio de dança no CTG Porteira da Restinga. É o único centro de tradições gaúchas do bairro Restinga. Há alguns anos, o local estava abandonado. Agora, graças à união da comunidade e motivação do ex-patrão Tarciso da Cunha, o CTG foi reconstruído e concentra diversas atividades. O atual patrão é Luis Unirio Leite. (Foto: Mateus Bruxel / Agência RBS)
Ensaios da invernada ocorrem às quartas-feiras

Quando recorda o que enfrentou e pensa no futuro do Porteira da Restinga, Tarciso não esconde as lágrimas. Nas palavras engasgadas, resume:

— O CTG nos une. Muitos dizem que a tradição é muito exigente, mas é uma coisa benéfica. Apesar das dificuldades, conseguimos criar um ambiente saudável para a família restinguense conviver dentro da nossa comunidade. Dá um orgulho danado. 

PORTO ALEGRE, RS, BRASIL, 14-09-2017: O CTG Porteira da Restinga é o único centro de tradições gaúchas do bairro Restinga. Há alguns anos, o local estava abandonado. Agora, graças à união da comunidade e motivação do ex-patrão Tarciso da Cunha, o CTG foi reconstruído e concentra diversas atividades. O atual patrão é Luis Unirio Leite. (Foto: Mateus Bruxel / Agência RBS)
CTG comemora as conquistas



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