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Golpistas tentam extorquir famílias de pacientes em hospitais da Capital: cuidado para não ser a próxima vítima

Atenção deve ser redobrada para evitar ser vítima deste golpe

04/09/2017 - 20h00min

Atualizada em: 04/09/2017 - 20h00min


Erik Farina
Erik Farina
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Golpe é aplicado pelo telefone

Familiares de pacientes nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) de hospitais da Capital estão na mira de golpistas. Criminosos ligam para os parentes se passando por médicos e até por diretores do hospital, com todos os dados do internado: nome completo, doença e até o plano de saúde. Solicitam depósito de valores para um suposto procedimento de última hora, como tomografia ou exame de raio X, que estaria descoberto pelo convênio. Se a vítima cai, acaba arcando com valores que costumam variar de R$ 1,5 mil a R$ 3 mil. Dois dos principais hospitais da cidade afirmam que são relatados, no mínimo, dois destes casos por mês.

– Os golpistas se aproveitam de um momento de fragilidade e desespero das vítimas para tentar tirar vantagem – explica o delegado Alexandre Vieira, da 9ª Delegacia de Polícia da Capital.

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No final do ano passado, Vieira investigou o caso de um familiar de paciente internado no Hospital Conceição que havia recebido uma ligação pedindo transferência de R$ 2,2 mil para fazer uma tomografia de emergência. A vítima desconfiou e procurou a direção da instituição, que a orientou a fazer uma denúncia. A investigação descobriu que a chamada vinha de um celular pré-pago com origem de Porto Alegre, mas não foi possível identificar o criminoso.

A Polícia Civil não dispõe de dados consolidados sobre o volume de casos como este na Capital, mas o golpe chama a atenção das autoridades em razão da frequência e dos altos valores envolvidos. A suspeita é de que quadrilhas encaminhem um "olheiro" ao hospital para buscar informações ou contatem secretários e enfermeiros na tentativa de levantar dados dos pacientes.

Cartaz no Hospital Santa Casa alerta sobre o golpe

Alerta máximo

No Conceição, 12 tentativas de extorsão com os pacientes foram registradas desde o ano passado. Como a situação se tornou mais crítica desde 2016, os hospitais passaram a divulgar, nos corredores, elevadores e salas de espera, alertas para este tipo de fraude. A Santa Casa começou a distribuir aos parentes de todos internados um folder que alerta para o golpe e orienta a entrar em contato com a segurança do hospital caso sejam os alvos. Nos telefones nos quartos de internação, foram colados avisos sobre o golpe. No Hospital São Lucas da PUCRS, onde dois casos foram relatados em agosto, os pacientes e familiares são orientados sobre o tema logo no ato da internação.

– Não existe pagamento com depósito em conta corrente ou depósito. Quando é necessário fazer algum pagamento, o cliente é direcionado a acertar no caixa do hospital. E quando tem que fazer um procedimento e o familiar não está presente, alguém liga e pede que venha – explica Charles Lemos, coordenador de segurança patrimonial da Santa Casa, onde pelo menos duas tentativas deste golpe ocorrem a cada mês com familiares de pacientes.

O Hospital Mãe de Deus afixou nos elevadores cartazes informando que jamais médicos, diretores ou quaisquer funcionários pedem depósitos em conta corrente para procedimentos. No Divina Providência, os avisos ganharam espaço em um telão na sala de espera. O Moinhos de Vento informa que, quando há relato do crime, reforça as orientações de sigilo para as equipes internas. Estas três últimas instituições não informaram quantos casos foram registrados nos últimos meses.

Hospitais podem ser responsabilizados

Muitos golpes têm origem no vazamento de informações dos próprios hospitais. Conforme a diretora do Procon de Porto Alegre, Sophia Vial, o consumidor que for alvo desta tentativa de golpe deve procurar, imediatamente, uma delegacia, de preferência a do Consumidor, localizada Avenida Presidente Franklin Roosevelt, 981 (atendimento de segunda a sexta-feira, das 8h30min às 12h e das 13h30min às 18h), para que se inicie uma investigação sobre os responsáveis e também como os dados pessoais foram parar nas mãos dos criminosos.

– Toda informação médica deve ser sigilosa e, se houver averiguação de que os dados vazaram por funcionários ou por falha nos controles de segurança, o consumidor pode ser indenizado pelos hospitais por danos morais – afirma Sophia.

Reportagem recente do Jornal Nacional mostrou que uma quadrilha de golpistas ligava para secretárias de UTIs. Os bandidos se passavam por médicos e solicitavam a relação completa dos pacientes. Por isso, as instituições reforçam a orientação de que nenhum funcionário transmita informações pelo telefone.

– Ainda na semana passada, uma das secretárias da internação recebeu uma ligação de alguém que se passava por médico solicitando a relação dos pacientes, mas felizmente ela estava preparada e não repassou os dados – afirma Lemos, da Santa Casa.

Orientações para que você não seja a próxima vítima

- Os hospitais não entram em contato com familiares de pacientes pedindo depósito ou transferência bancária para fazer exames.
- Esses custos, quando ocorrerem, são pagos no caixa do hospital e presencialmente, com nota de prestação do serviço.
- Não se impressione se o golpista apresentar todos os dados do parente hospitalizado, como nome, doença e plano de saúde: infelizmente, há mais de uma forma de pessoas mal-intencionadas obterem estas informações.
- Muitos números de telefone dos golpistas são de DDDs de fora do Estado, então, redobre a atenção ao receber este tipo de chamada no seu celular.
- Se for alvo de uma tentativa de golpe, contate imediatamente o hospital: ele reforçará as medidas de segurança para evitar que outras pessoas caiam no mesmo golpe.
- Não forneça seus dados ou os do paciente para desconhecidos, que não sejam funcionários identificados do hospital.
- Se, apesar de todos os alertas, você caiu no golpe e transferiu dinheiro, procure imediatamente uma delegacia para fazer boletim de ocorrência e prestar informações que ajudem nas investigações.


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