Notícias



Papo reto

Manoel Soares: "Para o fim de semana fica a pergunta: temos valores ou preço?"

Quando condenamos políticos que roubam milhões, nos cabe perguntar se faríamos diferente. 

09/09/2017 - 08h00min

Atualizada em: 09/09/2017 - 08h00min


Quinta-feira, perdi meu telefone. Aguardando em um dos locais onde fui tentar reaver o aparelho, ouvi dois amigos conversando, nesta sexta-feira, sobre as malas de dinheiro que foram encontradas em apartamento usado por político.

Leia outras colunas do Manoel Soares

Amigo 1: Aquelas malas me deram água na boca. Imagina aquilo em nossa mão.
Amigo 2: Eu já estaria longe do Brasil, além de ladrão é burro.
Amigo 1: Até pensei em virar político depois das fotos. Aquilo que é presente de Natal.

Antes que o papo terminasse, chegou minha vez de ser atendido. Expliquei que deixei meu telefone em um táxi, e quem está com ele desligou para que eu não o localizasse. Para minha surpresa, os mesmos homens que lambiam os beiços sonhando com o fruto do roubo do político condenavam a pessoa que furtou meu celular. Contraditório? Também achei, era como se existissem duas éticas, o que não existe. Quem fica com malas de dinheiro ou com um celular que não lhe pertence está comentando um crime.

Tentação

Quando condenamos políticos que roubam milhões, nos cabe perguntar se faríamos diferente. Os políticos não vêm de Marte, são pessoas como nós que não resistem à tentação de tirar vantagem de ficar com algo que não é seu. Talvez muitos que leem agora devolvessem meu telefone.

Mas resistiriam a malas cheias de notas de R$ 100? Quando nossa ética tem preço é porque perdemos os nossos valores. Para o fim de semana fica a pergunta: temos valores ou preço? Um toque para quem achou meu telefone: devolve aqui no DG.



MAIS SOBRE

Últimas Notícias