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Papo reto

Manoel Soares alerta:"viramos escravos da nossa imagem digital"

O colunista fala do medo de não ser aceito pelos "amigos virtuais"

14/10/2017 - 08h00min

Atualizada em: 16/10/2017 - 08h29min


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Ninguém quer ser odiado no Facebook. Se, por acaso, uma opinião fizer meus "amigos" me criticarem, abro mão dela. Se abríssemos mão só no Face, mas mantivéssemos nossas crenças, estaria tudo certo. Afinal, o Face é uma rede social que deveria somente ser parte do que eu sou. 

Mas o que acontece é que muitos de nós criaram uma segunda vida na internet e, aos poucos, esta segunda vida se tornou a que está fora do site. A pessoa que somos na rede social está a serviço dos outros, a foto tem que ser a melhor — às vezes, fazemos três ou quatro vezes a mesma foto porque não ficou boa para postar. 

Viramos escravos da nossa imagem digital. Passar um dia sem olhar o Face, para muitos de nós, chega a causar crises de abstinência. As coisas legais são as que têm mais curtidas. As pessoas legais são as que têm mais seguidores. O que pensamos fica condicionado ao emoji que vem. 

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Você é amigo de alguém que não tem Face? Temos medo da indiferença dos outros e, para não sermos ignorados ou criticados, precisamos abrir mão do que nossa mãe nos ensinou? Abrimos. A internet virou um tribunal digital no qual temos medo de sermos condenados. A culpa não é do Facebook, mas de nosso medo de não ser aceito. 

Ao mesmo tempo em que a democracia da internet nos garante oportunidades iguais de fala, nos rouba a liberdade de sermos diferentes. Somos carcereiros de pensamentos presos, e, com isso, vamos todos os dias matando nossa essência para que o sangue de nossa autenticidade adube os "likes" que virão. O que fazemos com tantos amigos que não conhecemos e tantas curtidas? Até agora, nada.



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