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Porto Alegre: 14 unidades de saúde ficam sem médicos

Ministério da Saúde dispensou 15 profissionais ligados ao programa Mais Médicos, responsáveis pelo atendimento em 14 postos da Capital

03/10/2017 - 17h30min

Atualizada em: 03/10/2017 - 17h31min


Aline Custódio
Aline Custódio
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ANDERSON FETTER / Agencia RBS
Moradores protestaram no Bairro Restinga

A partir desta quarta-feira (4), a Secretaria de Saúde de Porto Alegre promete começar um rodízio entre os médicos de saúde da família e comunidade para atender os 14 postos que tiveram 15 profissionais demitidos pelo Ministério da Saúde, no dia 2 de outubro. Eles faziam parte do programa Mais Médicos e, conforme o órgão federal, reprovaram no curso de Especialização em Atenção Básica. Em todo o Rio Grande do Sul, 22 profissionais foram desligados.

A própria prefeitura de Porto Alegre teria sido surpreendida pela decisão do Governo, sem tempo hábil para recompor as equipes que atendiam nos extremos da Capital. Foram atingidas pela decisão as unidades de saúde Safira Nova, Sarandi, Maria da Conceição, Chácara do Banco, Guarujá (dois médicos), Passo das Pedras 2, Paulo Viaro, Vila Pinto, São Vicente Mártir, Nova Gleba, Jardim Protásio Alves, Santo Agostinho, São Borja, Ernesto Araújo. Cada uma tem cadastrados, pelo menos, 1,5 mil pacientes. 

No Bairro Restinga, por exemplo, a Chácara do Banco é responsável por mais de 3 mil moradores. Na tarde desta terça-feira, um grupo se reuniu em frente ao prédio exigindo explicações. Historicamente conhecida pela falta constante de médicos, a unidade não enfrentava esta situação há três anos, desde a chegada do congolês Yann Ondongo Moreba. Na segunda-feira, enquanto o profissional era dispensado durante uma reunião na Secretaria, 20 pacientes aguardavam à espera do retorno de Yann. Um deles era o marido da dona de casa Romilda Andreoli, 65 anos. 

— Ele chegou cedo, na esperança de conseguir um atendimento. Voltou para casa sem consultar. O problema é que não podemos ir a outro posto do bairro porque somos vinculados a este — reclamava Romilda, enquanto empunhava um cartaz na frente da unidade pedindo o retorno do médico. 

ANDERSON FETTER / Agencia RBS
Marido de Romilda não conseguiu atendimento

Indignada com a situação, a dona de casa Nádia Elenita Egos, 58 anos, também foi para a frente da unidade exigir a volta do profissional. Ontem pela manhã, ela foi ao local retirar uma receita médica para a filha e teve o pedido negado pela falta de um médico que assinasse o prontuário. 

— O doutor Yann jamais se negou a atender qualquer um que estrasse no posto. Sempre esteve à disposição. Agora, fizeram isso conosco. Como vamos ficar? — questionava.

Na unidade, a informação era de que Yann não havia feito a prova por estar em lua de mel, na época. O combinado era de que ele fizesse numa próxima oportunidade. Há seis meses, o médico teve o contrato renovado por mais três anos. A reportagem tentou contato com o ex-médico da Chácara do Banco, mas ele não foi localizado.

ANDERSON FETTER / Agencia RBS
Protesto pediu o retorno do profissional que atendia na unidade de saúde Chácara do Banco

Ministério da Saúde responde
Na próxima semana, conforme a Secretaria, pelo menos 12 novos profissionais vinculados ao programa federal chegarão a Porto Alegre. Eles atuariam a outras unidades da cidade, mas acabarão sendo deslocados para as que ficaram desguarnecidas depois das demissões. 

Em nota oficial, o Ministério da Saúde informou que "no que se refere à reposição dos profissionais desligados, o Ministério da Saúde esclarece que as vagas estão previstas em próximo edital de adesão de profissionais". O Ministério explicou ainda que "O programa possui caráter formativo, tendo como objetivo a qualificação de médicos para atenção básica no país, sendo assim obrigatória a vinculação à oferta educacional disponibilizada pelo Ministério da Saúde. Desse modo, ao ingressar no Mais Médicos o médico participante é matriculado no curso de especialização em atenção básica oferecido por Universidade da Rede UNASUS. Considerando o caráter obrigatório da realização satisfatória do curso, ao ser comunicado oficialmente pela Universidade sobre a reprovação dos profissionais participantes, o Ministério da Saúde encaminhou notificação aos profissionais para prestarem os devidos esclarecimentos. A notificação foi encaminhada em maio deste ano. Após análise das respostas, o Ministério da Saúde em articulação com a UNASUS verificou junto às Instituições de Ensino as possibilidades ainda existentes de recuperação dos profissionais, observando as regras acadêmicas vigentes em cada Instituição. Somente após confirmação da inexistência de possibilidades de manutenção dos profissionais no curso foram realizados os desligamentos do programa, sendo encaminhado comunicação oficial aos profissionais e respectivos gestores".




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