Brincadeira para todos
Feevale busca brinquedos para adaptá-los para crianças com paralisia cerebral
Após serem adaptados pela Feevale, brinquedos serão entregues para entidades cadastradas no Natal
Comandado pela professora Regina Heidrich, um grupo de estudantes da Feevale, em Novo Hamburgo, desenvolveu uma adaptação para tornar brinquedos eletrônicos acessíveis a crianças com dificuldades de coordenação motora. Uma criança com paralisia cerebral tem dificuldade, por exemplo, de acionar o botão de um carrinho para fazê-lo andar. O que o grupo fez foi criar um acionador – espécie de um botão que pode ser pressionado com facilidade por quem tenha dificuldades motoras – e um adaptador para conectá-lo ao brinquedo.
Agora, um projeto em parceria com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) e o Instituto Politécnico de Leiria (IPL), de Portugal, tem o objetivo de ensinar a técnica a outras pessoas para tornar o Natal de crianças com necessidades especiais mais alegre.
A campanha Mil Brinquedos Mil Sorrisos adaptará brinquedos eletrônicos, tornando-os acessíveis a crianças com deficiência, que serão doados para instituições beneficentes cadastradas no projeto. Para isso, a Feevale está recolhendo brinquedos eletrônicos que podem ser doados até o dia 16 de novembro. Os brinquedos podem ser usados, desde que estejam em bom estado.
A comunidade poderá aprender a técnica em um workshop que a universidade promoverá no dia 17 de novembro, direcionado a acadêmicos, profissionais e a qualquer pessoa que tiver interesse. A aula de quatro horas irá ensinar a fazer a adaptação no brinquedo e a confecção do acionador. Em lojas especializadas, um acionador para brinquedos eletrônicos custa cerca de R$ 190.
— O objetivo é multiplicar a técnica para a comunidade e mostrar que a adaptação é simples e barata. O material usado para fazer o acionador custa R$ 14 — explica Regina, que é professora do Mestrado e Doutorado em Diversidade Cultural e Inclusão Social, além dos cursos de Computação e Engenharia Mecânica.
"Quase nenhum brinquedo é feito para crianças com limitações motoras"
A professora trabalha há 20 anos com desenvolvimento de softwares e hardwares adaptados a brinquedos e com material pedagógico voltado para crianças com paralisia cerebral, com foco em tecnologia de custo acessível para o público de baixa renda. Entre os projetos que ela toca na Feevale estão o de livros multissensoriais que trazem uma série de recursos, como texturas, sons, contrastes, símbolos, fontes adaptadas e braile.
No projeto dos acionadores para os brinquedos, trabalham oito alunos bolsistas dos cursos de Design, Psicologia, Administração e Moda. Aluno de Design, Maurício Hilgert, 26 anos, conta que a ideia do workshop é mostrar a facilidade de fazer acionador com baixo custo:
— É também uma forma de conscientizar, porque nunca se pensa, ao desenvolver o brinquedo, na criança que terá dificuldade de acionar aquele botão. Com isso, é só tocar o acionador no corpo que o brinquedo irá funcionar.
Segundo a professora Regina, a parceria com o Instituto Politécnico de Leiria (IPL), de Portugal, ocorre porque de lá veio a inspiração para o desenvolvimento do acionador feito na Feevale.
— Quase nenhum brinquedo é feito para crianças com limitações motoras, mas não podemos privá-las deste contato por isso. Ela pode brincar com um brinquedo eletrônico, desde que esteja adaptado a ela — afirma Regina.