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Porto Alegre

Festa para promover a inclusão e a tolerância religiosa

Dois mil umbandistas celebraram nesta quarta-feira, em evento no Araújo Viana, o Dia Nacional da Umbanda

15/11/2017 - 20h13min

Atualizada em: 15/11/2017 - 20h56min


Jeniffer Gularte
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Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Durante evento da Fauers, apresentação do coral inclusivo da Escola Jardim Outeiral

O Dia Nacional da Umbanda e o aniversário da Federação Afro Umbandista e Espiritualista do Rio Grande do Sul (Fauers), celebrado ontem, foi comemorado com um evento que celebrou a tolerância religiosa e a inclusão, com homenagens, apresentações artísticas e culturais. O Auditório Araújo Viana, em Porto Alegre, recebeu dois mil religiosos na tarde do feriado. 

Para o presidente da Fauers, entidade que comemora seu oitavo aniversário, Everton Alfonsin, há um longo caminho para se chegar à tolerância religiosa. Na opinião dele, manifestações como as que ocorreram ontem são uma amostra do avanço que já está acontecendo. 

— Nunca ocorreram eventos como este, que misturam todas as religiões, com manifestações culturais das mais diversas. Aqui tem católicos, espíritas, exotéricos, todo mundo. 

Ele acredita que o caminho para acabar com a intolerância é não pré-julgar sem conhecer, respeitando as opções religiosas de cada um. 

—  Quem joga sujeira nas ruas e estraga o meio ambiente não é religioso — considera ele.

Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Everton defende avanços a favor da tolerância religiosa

Entre as iniciativas promovidas pela Fauers está a defesa das oferendas ecológicas. Desde que surgiu a ideia, a federação tem incentivado o uso de materiais biodegradáveis na composição de oferendas, com o intuito de reduzir os danos ao meio ambiente. A entidade já distribuiu 350 mil cartilhas orientando os religiosos a fazerem oferendas ecológicas:

— Se a natureza é nosso altar, não posso destruí-la — afirma Everton. 

Homenagens
Durante a comemoração ocorreram homenagens a pessoas que contribuem para a inclusão e a intolerância religiosa através de ações sociais em comunidades em vulnerabilidade. Entre eles está uma iniciativa da Escola Municipal de Ensino Fundamental Jardim Outeiral, de Viamão, que tem um coral formado por alunos com necessidades especiais. A iniciativa da professora Rosana Kasper deu tão certo que os demais estudantes também quiseram aderir. Ontem eles se apresentaram no evento.

— Muitos deles já começaram a ler e melhoraram seu desempenho em sala de aula — comenta a professora. 

"Este tipo de evento nos une cada vez mais"
Mais de 50 ônibus de diversas cidades do Interior lotaram o Araújo Vianna. Seu João Martinho Pereira veio de São Pedro do Sul, na Região Central do Estado. Ele é diretor-espiritual do Centro Espírita e Umbanda Nossa Senhora Aparecida que tem 35 médiuns e atente 170 pessoas por semana. Veio em uma van com outras 14 pessoas e enfrentou cinco horas de viagem para estar no evento. Segundo ele, valeu o esforço:

— Este tipo de evento nos une cada vez mais. Ajuda a acabar com a discriminação porque, às vezes ela é discreta, mas existe. 

Tolerância
Para Viviane de Iansã, 48 anos, da Casa de Iansã e Oxalá de Ipanema, na Zona Sul da Capital, é fundamental discutir a tolerância religiosa. Segundo ela, falta conhecimento e oportunidades para demonstrar que as pessoas que seguem religiões africanas sabem da sua capacidade social e inclusiva na sociedade. Eventos como este mostram que a religião é superior às raças, defende ela:

— Há inconsistências entre o que se fala e o que se faz. O ser humano é que é atacado quando há intolerância religiosa. Aqui temos arte, religião e cultura juntas no mesmo espaço. 


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