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Superação 

Jovem músico de Esteio quer realizar o sonho de estudar nos Estados Unidos

Wendell da Rosa, 20 anos, corre contra o tempo para arrecadar a verba para a viagem. Acompanhe os seus perrengues como músico, estudante e trabalhador.  

18/11/2017 - 07h10min

Atualizada em: 18/11/2017 - 07h10min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Tadeu Vilani / Agencia RBS
De Esteio a Porto Alegre, contrabaixo acústico vai de trensurb

Um estudante de Esteio tem nas mãos uma oportunidade rara de realizar um sonho, mas corre contra o tempo. Foi no 32º Festival Internacional de Inverno da UFSM, no distrito de Vale Vêneto, a 40km de Santa Maria, que Wendell Felipe Rodrigues da Rosa, 20 anos, aluno do quarto semestre de Bacharelado em Música da UFRGS, venceu um concurso que o premiou com uma bolsa para intercâmbio de dois meses na Universidade da Georgia, nos Estados Unidos. 

Mas, tão logo celebrou a vitória, viu a euforia dar lugar à frustração ao deparar com as despesas da viagem, como passagens aéreas, estadia e alimentação, que terão de ser custeadas por ele e giram em torno de R$ 15 mil. 

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– Foi um dos grandes momentos da minha vida. Ao mesmo tempo em que fiquei muito feliz e empolgado, fiquei triste porque sabia que não seria possível pra mim. Não tenho condições financeiras pra isso. Eu trabalho, mas não teria tempo hábil pra levantar esse dinheiro, por isso, fiquei muito chateado – lembra Wendell, que é bolsista na própria universidade, explicando que o curso no Exterior começa no dia 15 de janeiro. 

Ciente do talento de seu aluno e da chance única que ele tem de aprofundar seus conhecimentos no contrabaixo acústico com o professor uruguaio Milton Masciadri, um dos mais reconhecidos contrabaixistas do mundo, foi o professor Alexandre Ritter quem apontou uma sugestão para o pupilo. Propôs a ele que abrisse uma vaquinha na internet para contar com a solidariedade e colaboração de terceiros e agarrar firme essa chance. 

Tadeu Vilani / Agencia RBS

Até agora, foram arrecadados pouco mais de R$ 3 mil. Para ajudar na divulgação, Wendell tem usado as redes sociais para propagar sua história e ainda fez recitais no Salão de Atos da UFRGS e na Casa da Música, em Porto Alegre. Aos poucos, as esperanças do jovem músico vêm sendo fortalecidas, e ele, surpreendido com o retorno de amigos e até mesmo de desconhecidos. 

– Já estou pagando várias taxas, de visto, passaporte, burocracia mesmo, papelada... São coisas que vão chegando e eu vou tendo que pagar. Mas já tem bastante gente me ajudando, algumas pessoas estão me emprestando dinheiro, e muita gente está compartilhando a história, o que é muito legal... Ver como tem gente boa e disposta a ajudar – diz ele, agradecido.

Paixão vem de berço

A relação de Wendell com a música vem de berço. Cresceu vendo o pai, José Felipe Oliveira da Rosa, funcionário de um posto de gasolina e músico amador, tocar guitarra e dar aulas particulares do instrumento. Com ele, aprendeu a dedilhar a única peça que tinha em casa e também um contrabaixo elétrico, emprestado por um dos alunos de José e amigo da família. 

Aos 16 anos, em uma visita a um projeto social para músicos adolescentes de Esteio, deparou, por uma porta entreaberta, com uma turma de contrabaixo acústico. Naquele momento, se apaixonou à primeira vista pela imponência do instrumento e decidiu que era isso o que queria fazer da vida. 

– Não pensei duas vezes: entrei na sala e disse ao professor que eu gostaria de estudar. A partir dali, nunca mais parei de tocar – lembra Wendell, que só conseguiu ter o seu instrumento graças à mãe, a diarista Laura Jociane Santos Rodrigues da Rosa, que recebeu uma herança e usou-a para dar ao filho o melhor presente que pôde lhe oferecer. 

Wendell estudou no conservatório da Ospa e fez parte da Orquestra Jovem do Rio Grande do Sul, onde conquistou uma bolsa para curso pré-vestibular que abriu as portas para sua entrada na universidade. 

Tadeu Vilani / Agencia RBS

Hoje, entre projetos que toca em paralelo e as aulas na UFRGS, ensaia cerca de seis horas por dia. Pelo menos uma vez por semana, precisa fazer o trajeto Esteio/Porto Alegre/Esteio com o instrumento a tiracolo. Isso inclui caminhadas até as estações do trem e viagens em vagões, na maioria das vezes, superlotados. 

– É aquele empurra-empurra e, geralmente, tirando algumas exceções de pessoas gentis que cruzam teu caminho e te oferecem ajuda, ninguém colabora. Não deixam sequer eu encostar na parede. Vou sacudindo e me equilibrando pra segurar o contrabaixo e não cair. Já cheguei em casa com o braço doendo de tanta força que se faz. Mas todo esforço vale a pena pra eu concluir meus estudos e viver da música. Sei que isso vai transformar a minha vida, como já está acontecendo – argumenta, sorridente, o simpático e otimista estudante.

Para ajudar Wendell

- É possível contribuir com qualquer valor. A vaquinha virtual está disponível neste site


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