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Manoel Soares: faxina necessária

Colunista fala da importância de falar sobre racismo

25/11/2017 - 07h00min

Atualizada em: 25/11/2017 - 07h00min


Lauro Alves / Agencia RBS

Minha mãe foi faxineira por mais de 30 anos. Ela sempre disse que era impossível fazer uma boa limpeza sem antes tirar os móveis do lugar. Para quem olha de fora, móveis fora do lugar são sinal de bagunça. Mas só assim podemos tirar a sujeira que fica atrás do sofá, embaixo do tapete, atrás da estante pesada. Essa sujeira se acumula e traz ratos, baratas e outros bichos que prejudicam a saúde. Ninguém gosta da desordem que uma faxina provoca, mas a alegria de ver tudo limpo depois compensa. 

Da mesma maneira que a minha mãe vê a faxina, devemos tratar o racismo. É desconfortável falar sobre ele, porque temos que tirar nossas ideias do lugar e ver o que está por baixo delas – às vezes, são sujeiras que nos fazem mal. Assim como uma estante pesada, algumas ideias quase são impossíveis de sair de onde estão, pois requer muito esforço e sozinhos não conseguimos. Mas fazer a faxina em nossas atitudes é fundamental, pois a vida nos faz acumular muitos "lixos" ideológicos e comportamentais. 

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Desconforto
Isso não serve só para o racismo, mas para muitas outras práticas que estão escondidas em nossas ações diárias. Sei que meus textos das últimas semanas podem deixar alguns tristes e desconfortáveis, mas, como minha mãe, acredito que faxinas são necessárias, pois a sujeira faz mal, seja ela literal ou subjetiva.

A regra é: vamos levantar nossas ideias e limpá-las.


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