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Seu problema é nosso

Adolescente luta para receber suplemento alimentar da prefeitura de Canoas

Desde 2008, quando a menina ainda tinha sete anos, o Diário Gaúcho acompanha sua busca para receber corretamente o suplemento Fortini

14/12/2017 - 12h49min

Atualizada em: 14/12/2017 - 12h49min


Karine Silva Pereira, 16 anos, moradora do bairro Santo Operário, em Canoas, já venceu muitas batalhas e, desde 2008, quando a menina tinha sete anos, o Diário Gaúcho acompanha essa luta. 

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Agora, a mãe, dona de casa Cinara Padilha Silva, 49 anos, busca o suplemento nutricional Fortini, que a filha precisa todos os dias para manter seu peso: ela está desde julho sem suplemento. 

Karine tem paralisia cerebral e já passou por 19 cirurgias, a maioria, ortopédicas. A menina necessita de 90 garrafas de Fortini por mês, o que custa R$ 1.350. Seu peso ideal seria 40kg, mas ela está com 27kg. Mesmo ingerindo alimentos normais, o suplemento é essencial para manter seu organismo. 

— Só ó dizem que não tem estoque, fico desesperada — lamenta Cinara. 

A família, que tem ainda os trigêmeos de Karine, Caio Renan e Karen, e o irmão mais velho, Lucimar, 19 anos, tenta economizar o dinheiro. Cinara abriu uma vaquinha online, mas até agora não conseguiu doações. Aliás, foi graças a solidariedade que a menina caminha desde 2013: conseguiu uma cirurgia após uma reportagem do DG gerar mobilização. 

Baixa renda 

A mãe cuida da menina e, por isso, não consegue trabalhar. A renda familiar é baixa. Eles dependem do benefício do governo que Karine recebe e da pensão alimentícia — meio salário mínimo — que o pai da menina paga. 

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Em julho de 2008, o Diário Gaúcho mostrou que Cinara precisava desembolsar mais de R$ 300 por mês nos leites Ninho 6+ e Sustagen. A prefeitura de Canoas, que fornecia os produtos desde 2004, parou de entregá- los para a dona de casa em maio de 2008. 

Duas vezes 

Na época, Cinara foi informada que precisaria entrar com novo pedido judicial. Ela aguardou seis meses pela autorização que impôs o prazo de dez dias para ela fazer a compra de 45 latas de cada um dos leites, que tinham que durar três meses. Desde então, o fornecimento dos suplementos tinha se mantido regular, até este ano. 

— Em 2017, só recebemos duas vezes — desabafa Cinara. 

Além disso, desde janeiro do ano passado, quando deixou de ser atendida no Hospital São Lucas da PUCRS e na AACD, Karine não fez mais acompanhamento com fisioterapeutas, gastroenterologistas e pneumologistas. 

Cinara afirmou que apenas informaram para ela que, por uma nova determinação do SUS, a filha não poderia ser mais tratada em outro município. Desde então, aguarda uma resposta do posto de saúde para a marcação de consultas e sessões especializadas. 

Prefeitura: é preciso atualizar a receita

A prefeitura de Canoas informou que a paciente possui um processo judicial no Estado. O órgão explicou que material está disponível na Farmácia do Estado, porém Cinara deve atualizar a receita de prescrição médica na unidade, junto à Farmácia Básica. 

A administração pública informou que Karine deixou de receber o Fortini em razão da receita estar desatualizada. A prefeitura concluiu afirmando que assim que a mãe da menina comparecer com a nova prescrição o produto será entregue. 

Já o Grupo de Apoio à Medicina Preventiva e à Saúde Pública ( GAMP) informou que a distribuição do suplemento não é responsabilidade do Hospital Universitário, uma vez que Karine não está internada nele. 

O grupo afirmou que a última consulta da paciente ocorreu em 2012, época em que o GAMP não pertencia ao hospital, no qual a menina passou por um especialista em ortopedia infantil, onde teve indicação cirúrgica no fêmur. 

O GAMP explicou que, neste ano, ainda não existia lista de espera. Segundo o grupo, a marcação da reconsulta fica a cargo do próprio paciente, o que não ocorreu. Para a empresa, não havia solicitação de fisioterapia e hidroterapia na evolução médica. No entanto, o Hospital Universitário remarcou para o dia 18/ 12, às 8h, uma consulta com especialista em quadril.

*Produção: Leticia Gomes

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