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Impasse entre Detran e bancos paralisa venda de pelo menos mil carros por dia no Estado

Bancos suspenderam financiamentos para veículos no Rio Grande do Sul

04/01/2018 - 16h25min


Erik Farina
Erik Farina
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 A suspensão nos financiamentos de automóveis no Rio Grande do Sul, após uma mudança nas regras de registro do automóvel determinada pelo Detran-RS, tem travado pelo menos 65% dos negócios com carros novos e usados no Estado, conforme a entidade que representa as concessionárias (Sincodiv/Fenabrave). Isso significa que 1,3 mil negócios por dia estão paralisados nas revendas, à espera da liberação de recursos por parte dos bancos. Em muitos casos, o cliente paga a entrada e as taxas de vistoria, mas não recebe o automóvel. 

— Comprei um carro na semana passada, mas a financeira não liberou o valor para a concessionária. Assim, estou sem o veículo, embora o financiamento já tenha sido aprovado, e eu já tenha pago a entrada e as taxas, além de ter transferido o seguro — afirma o técnico em enfermagem Dênis Biedrzicki, 34, que comprou um carro seminovo em Porto Alegre. 

O quadro é grave, apontam as revendas: as vendas acertadas desde sexta-feira passada (29) estão esperando a liberação do crédito dos bancos, e os carros se acumulam nos pátios. Alguns bancos, como o Itaú, enviaram às revendas comunicado informando que estão suspendendo os financiamentos automotivos.

— O negócio é feito, mas o recurso não é liberado pela financeira à concessionária, sob a alegação de que está em análise. É uma situação anormal, pois a liberação costuma ocorrer no mesmo dia da venda — afirma Fernando Esbroglio, presidente do Sincodiv/Fenabrave.   

Os bancos alegam falta de segurança jurídica para liberar financiamento, uma vez que consideram que o Gravame (banco de dados de alienação de veículos do Estado) não se comunica com o banco de dados nacional, o que poderia levar um automóvel financiado no Rio Grande do Sul a ser revendido em outro Estado, sem que a financeira fosse informada. Além disso, o governo gaúcho teria incluído uma taxa de R$ 50 por operação de registro, o que teria desagradado as instituições financeiras. O Detran-RS argumenta que a mudança nas regras estão em acordo com a legislação nacional, e que há, sim, compartilhamento de informações entre os sistemas de registro local e nacional. 

Na quarta-feira (3), ocorreram duas reuniões entre bancos, financeiras, revendas e o Detran para tentar solucionar o impasse. Para esta quinta (4), outros dois encontros estavam marcados. 


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