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Carnaval de Porto Alegre

Presidentes de escolas de samba comentam cancelamento dos desfiles: "Decepção"

Liespa definiu, nesta quarta-feira, não entrar na avenida

21/02/2018 - 19h08min

Atualizada em: 21/02/2018 - 19h12min


Cristiane Bazilio
Cristiane Bazilio
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Lauro Alves / Agencia RBS
No Porto Seco, imagem desta quarta-feira é de barracões fechados

A decisão de cancelar os desfiles do Carnaval de Porto Alegre foi acompanhada pela sensação de decepção nas agremiações. Uma reunião Liga Independente das Escolas de Samba (Liespa) nesta quarta-feira (21) selou um dos fatos mais negativos da história da festa na cidade. O motivo: dificuldades financeiras.  

Presidente da Bambas da Orgia, que teve sua quadra interditada em 2017 por conta de problemas com o Plano de Prevenção Contra Incêndio (PPCI), Cleomar Rosa lembra as dificuldades e os esforços que vinham sendo feitos para dar continuidade ao Carnaval:

— Fora a questão de infraestrutura, tinha a parte financeira de cada escola. O poder público também deixou de nos repassar verba. Vínhamos fazendo eventos para colocar a escola na avenida, mas estava muito difícil. Colocaríamos por honra, mas ficou inviável para todas. Juntos, avaliamos que devemos trabalhar intensivamente pra fazer um Carnaval bem melhor em 2019, com mais tempo.

Para Cleomar, o momento é de tristeza, mas de consciência.

— É uma pena. Um sentimento de perda para quem ama essa cultura. A gente trabalha o ano todo, passa por dificuldades, se esforça, mas chega uma hora que não tem mais como insistir. É uma sensação de decepção. Mas existe a questão da responsabilidade de colocar uma escola na avenida. Passar para ser rebaixado, não queremos. Entramos para competir e vencer, não para passar por passar — diz ele. 

— Até ontem (terça-feira), estávamos trabalhando para entrar na avenida.

A declaração acima, do presidente da Vila do Iapi, Sílvio Marcial, explica por que, segundo ele, os integrantes da escola de samba "não aceitaram bem" a decisão de suspender os desfiles no Porto Seco. De acordo com Silvio, a comunidade tinha esperança de que o Carnaval fosse acontecer.

— É uma decepção profunda, uma tristeza imensa. Estávamos fazendo tudo para desfilar. Tínhamos confecção para alegorias, fantasias de carros alegóricos, confecções de destaque, mas, infelizmente, por fatores externos, que não dependem de nós, não vai sair — disse ele, referindo-se a problemas estruturais como a falta de luz nos barracões que impede o trabalho com alegorias, entre outros.

— O negócio agora é pensar em 2019, não tem outra maneira. Vou tentar renovar o tema (sobre Alceu Collares) para não perder o que conseguimos fazer até agora.

Rei Momo: "Quanto mais bate, mais a gente cresce"

Eleito em janeiro para presidir a corte de 2018 do Carnaval da Capital, o Rei Momo Byra Borba demonstrou otimismo, apesar do momento difícil, em relação ao futuro da folia em Porto Alegre.

— Recebi a notícia com muita tristeza, mas é um momento que serve para reflexão. Quem ama tem que abraçar. Não é hora de procurar culpados, mas de buscar uma solução, porque 2019 está logo ali. Outros lugares passaram por situações semelhantes e conseguiram superar as suas dificuldades e dar a volta por cima — comentou.

De acordo com Byra, a corte, formada, ainda, pela rainha Daniela Matos Reichenbach e pela princesa Thauana Gouvêa, continuará cumprindo agenda de compromissos

— A corte não para. Nada afeta o nosso entusiasmo, Não podemos jamais deixar a peteca cair. Somos que nem massa de pão: quanto mais bate, mais cresce. E pedimos para o pessoal que continue indo nas quadras das escola que estão em atividade porque elas merecem nosso carinho e nosso respeito.


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