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Parabéns, Porto Alegre!

Alunos da escola Porto Alegre revelam os desejos para o futuro da cidade

Os alunos da instituição cujo nome foi escolhido pela própria comunidade para homenagear a cidade projetam o que esperam para o futuro de Porto Alegre

24/03/2018 - 07h00min


Aline Custódio
Aline Custódio
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Andréa Graiz / Agencia RBS
Turma 43 da EEEF Porto Alegre, do Morro Santana, foi desafiada pela professora Vânia Oliveira (à direita, no alto)

Para a maior parte dos estudantes do quarto ano da Escola Estadual de Ensino Fundamental Porto Alegre, no bairro Morro Santana, a cidade que tem o nome da instituição é reduzida à zona norte da Capital, onde moram. São poucos, segundo a professora da turma Vânia Oliveira, 62 anos, que conhecem outras regiões. 

Pensando em apresentá-los à Porto Alegre ainda desconhecida, a docente propôs no mês do aniversário da cidade — que completa 246 anos no próximo dia 26 — um passeio pelo passado e o presente da Capital, finalizado com um desafio às crianças — com idades entre oito e 12 anos. A partir do que descobriram nas fotos antigas e atuais, nas músicas e nos textos relacionados à vida portoalegrense, os 23 alunos da turma 43 foram provocados a desenharem os seus desejos para o futuro da cidade. 

— Parte delas tem bagagem e vivência que surpreenderiam um adulto, pois moram em áreas de conflito. Algumas encaram esta realidade violenta como parte do dia a dia delas. Outras, lamentando os tiroteios. Não deveria ser assim. Por isso, trabalhamos outras possibilidades para que elas possam expandir os olhares — justificou a professora.

Exposição
Em uma hora de tarefa, os 11 meninos e as 12 meninas se expressaram com a ajuda de lápis coloridos e folhas de ofício. Mais de 50% demonstraram preocupação com o meio ambiente — pedindo separação do lixo, limpeza das ruas e despoluição do Guaíba —, outra parte lembrou da questão da segurança e teve quem pedisse soluções para a situação dos moradores de rua. Os trabalhos ficarão expostos na parede do lado de fora da sala de aula para serem contemplados pelas outras turmas. 

— Todos os anos, próximo da data do aniversário da cidade, conduzimos trabalhos para pensarmos Porto Alegre. No dia, cantamos o hino de Porto Alegre e fazemos uma exposição dos trabalhos desenvolvidos pelo quarto ano em sala de aula. É uma forma de eles se sentirem parte da cidade onde moram — resumiu a professora. 

Andréa Graiz / Agencia RBS
Laryssa sonha com água potável

Água limpa
Laryssa Liboni Lopes, nove anos, olhou por cerca de dois minutos para o teto, antes de pegar o lápis e começar a rabiscar o que se tornaria ela mesmo em frente a uma pia cheia de água. Moradora do bairro, Laryssa confessou que apesar de adorar beber água, quase não a consome nos meses de verão por sentir gosto ruim no líquido que sai da torneira de casa. E foi por isso que na hora de pensar sobre o futuro da cidade, a menina não titubeou:

LARYSSA LIBONI LOPES, NOVE ANOS

Queria que a água fosse mais limpa, mais saudável porque quando o verão chega a gente sente muita sede.

Resposta para Laryssa
O Dmae respondeu à Laryssa por meio da assessoria de imprensa: "A água captada pelo Dmae no Lago Guaíba está sendo impactada pela estiagem ainda do Verão, que provocou a floração das algas azuis (cianobactérias), inicialmente junto à foz do rio Gravataí, e mais tarde na porção do Guaíba que banha a zona Sul da Capital. Para amenizar o gosto e o cheiro de terra na água tratada, o Dmae está reforçando a aplicação de Dióxido de Cloro e adicionando Carvão Ativado durante a fase de pré-tratamento da água.

Cabe esclarecer que a floração de algas no Guaíba é sazonal e só ocorre quando os fatores calor, falta de chuvas e maior transparência do lago favorecem o crescimento exponencial desses microrganismos. Nos períodos de normalidade, a tradição de 56 anos do Dmae é entregar à população portoalegrense uma água de qualidade, dentro dos padrões de potabilidade estabelecidos pelo Ministério da Saúde e a Secretaria Estadual da Saúde." 

Andréa Graiz / Agencia RBS
Liliana quer a proteção do meio ambiente

Limpeza e fim da poluição
Mesmos sentados a uma distância de sete classes, os colegas Liliana da Conceição da Rosa, nove anos, e João Victor dos Santos, 10 anos, tiveram uma ideia em comum: desejam uma cidade mais limpa no futuro. Liliana pensou no descarte correto dos resíduos:

LILIANA DA ROSA, NOVE ANOS

Quero que cuidem bastante do meio ambiente, e que botem os lixos na lixeira e deixem as coisas limpinhas.

Andréa Graiz / Agencia RBS
João Victor quer cidade limpa

João Victor rabiscou, inclusive, um caminhão de lixo para pontuar ainda mais o desejo de uma Porto Alegre

JOÃO VICTOR DOS SANTOS, DEZ ANOS

Desejo menos poluição e que todos façam a sua parte! Quero que cuidem bastante do meio ambiente, e que botem os lixos na lixeira e deixem as coisas limpinhas.

Resposta para Liliana e João Victor
O Departamento Municipal de Limpeza Urbana (DMLU), órgão que integra as secretarias municipais de Serviços Urbanos (SMSUrb) e do Meio Ambiente e da Sustentabilidade (Smams), respondeu para Liliana e João Victor: "o órgão atua diária e ostensivamente para a manutenção da limpeza urbana. O Departamento tem como desafio promover ações em que a conservação do ambiente urbano ocorra sem onerar aos cidadãos. Os cronogramas de serviços passaram a ser publicados no portal da prefeitura para que a comunidade possa auxiliar na fiscalização do que foi planejado. As ações de educação ambiental do DMLU contemplam palestras e eventos em que são trabalhados os temas relativos aos planos de gestão dos resíduos sólidos, e iniciativas preventivas de sensibilização. Dentre elas, podemos destacar: implantação de estações integradas de compostagem e plantio urbano sustentável (em que é pensado todo o ciclo do resíduo orgânico e cuidado do espaço), promoção de plantios urbanos sustentáveis, a fim de transformar espaços que eram focos de lixo, qualificação do projeto Bota-Fora, serviço realizado duas vezes ao ano em 212 comunidades para facilitar o descarte de resíduos volumosos, e desenvolvimento da Ação Foco no Foco, que objetiva reduzir em até 40% os pontos de descarte irregular, mapeados em 240 focos crônicos. Toda essa operação só atinge os resultados esperados quando recebe o auxílio da população. O cuidado de não jogar resíduos no chão e manter as vias limpas depende não só dos moradores da cidade, mas também de todos os seus usuários. Assim, o serviço de atendimento da prefeitura, pelo telefone 156, segue disponível para o recebimento de sugestões e contribuições, e, até mesmo, de denúncias que nos auxiliem a notificar infratores ao Código Municipal de Limpeza Urbana, Lei 728/14".

Andréa Graiz / Agencia RBS
Mariah deseja menos poluição

Menos violência e auxílio aos moradores de rua
Enquanto Mariah Silva Jorge Prestes, oito anos, desenhava desejando eliminar da cidade a poluição e a violência, Wagner Tedesco, nove anos, rabiscava sonhando com o fim dos assaltos e com a chegada de dias melhores para os que vivem nas ruas da Capital. 

Moradora da Avenida Protásio Alves, Mariah confessou demonstrar indignação quando vê alguém jogando no chão pacotes vazios. 

MARIAH PRESTES, OITO ANOS

Não sei porque as pessoas seguem poluindo tudo. Espero que no futuro isso não exista e que não tenha assaltos, porque tem várias coisas que a gente não consegue fazer porque tem muitos assaltos. Então, quero que a gente tenha um mundo melhor. E para ser feliz tem que viver bem feliz

Andréa Graiz / Agencia RBS
Quando vê moradores de rua, Wagner sente dor no coração

Wagner, morador da Vila Tulipa, fez um desenho mais elaborado porque, segundo ele, queria contemplar mais de um pedido para melhorar o futuro de Porto Alegre. 

WAGNER TEDESCO, NOVE ANOS

Eu não queria que existisse violência, porque tem muita pessoa que perde pai ou a mãe por causa de tiroteio. E também queria não existisse pessoas morando na rua porque quando eu passo por elas, assim, dói muito o meu coração — contou, com os olhos marejados e apontando para o peito.

Andréa Graiz / Agencia RBS
A turminha mostra os trabalhos

Respostas para Mariah e Wagner
A Fundação de Assistência Social e Cidadania — FASC é o órgão gestor da Política de Assistência Social do Município de Porto Alegre que atende a população em situação de rua. Por meio de nota, a entidade informou que "importante lembrar que essas pessoas não estão na rua porque querem. Existem diversos motivos para se encontrarem nesta situação, como, por exemplo, o desemprego, a fragilização dos vínculos familiares, a dependência química. O papel da FASC é acolher e ofertar serviços. A Fundação não faz "limpeza" e nem "recolhe" pessoas, mas trabalha na garantia de direitos e superação da vulnerabilidade social. Para isso, desenvolve trabalhos de abordagem social nas ruas, oferece espaço diurno para serviços de higiene pessoal, alimentação e oficinas, tem albergue com pernoite, abrigos com espaço aberto durante 24h, oferece atendimento especializado para idosos com equipe multidisciplinar e espaço de convivência para pessoas idosas em situação de risco e/ou violação de direito".

Já a Secretaria da Segurança Pública destacou, por meio da assessoria de imprensa, que "os indicadores divulgados em março sinalizaram quedas significativas em crimes como homicídio, latrocínio, furto e roubo, em comparação com o mesmo período de 2017. Essas reduções se devem à ações de integração entre instituições públicas e privadas, como operações policiais em conjunto, o aumento do efetivo policial com a abertura de concursos da Polícia Civil, Brigada Militar, Corpo de Bombeiros Militar, Susepe e Instituto-Geral de Perícias, a compra de viaturas e equipamentos para as forças policiais, além de investimentos em tecnologia. A expectativa é que as reduções continuem ocorrendo, na medida em que as iniciativas venham dando resultados".

Andréa Graiz / Agencia RBS
Desafio foi completado com sucesso




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