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Prefeitura promete novo muro e calçada, mas para obra no meio e prejudica moradores, em Viamão

Segundo a administração municipal, as obras fazem parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) Augusta, uma parceria da prefeitura com o governo federal

10/05/2018 - 09h37min

Atualizada em: 10/05/2018 - 09h40min


Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Novo espaço está sem calçada prometida e deixou moradores sem saber como agir

O porteiro Paulo Edgar Silva da Silva, 57 anos, morador da Avenida Plácido do Carmo, na Vila Augusta, em Viamão, é um dos afetados por uma obra que era promessa de expansão da calçada e pavimentação da via. 

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Em janeiro de 2018, o porteiro aceitou o pedido da prefeitura e cedeu dois metros de seu terreno para a revitalização do local. 

— Não recebi nenhuma compensação, eles afirmaram que era para o nosso bem, para a melhoria da avenida. Agora, estamos desamparados. 

Em fevereiro, agentes do município foram até o terreno de Paulo começar a obra. O primeiro passo, e único até o momento, foi a construção de um novo muro. A estrutura metálica dele foi instalada na parte da frente do terreno. 

— Eles começaram a fazer o muro, mas, em março, saíram daqui com todos os equipamentos e materiais. Até hoje, não recebemos nenhum retorno da prefeitura — conta Paulo.

A obra afetou também a construção de uma segunda casa no terreno. O porteiro conta que a nova residência seria usada por uma de suas filhas. 

Espera 

Paulo explicou que o poder público prometeu erguer uma nova estrutura para compensar a perda do imóvel que já estava estabelecido. Entretanto, o acordo não foi mantido: 

— Eles ergueram somente novas paredes, mas a estrutura que tínhamos já estava com telhado e piso. Ou seja, saímos com um certo prejuízo. 

Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Obra da prefeitura passou por casa que estava sendo construída no terreno de Paulo

Além do terreno de Paulo, outra residência foi afetada pela obra. A dona de casa Débora Bastos Pereira, 44 anos, também cedeu parte de seu terreno e afirma que a última visita dos agentes da prefeitura foi em 24 de fevereiro: 

— Eles vieram aqui e colocaram o alicerce do muro. Depois disso, nunca mais tive notícias. 

Débora é vizinha da família de Paulo e, assim como ele, ficou bastante preocupada ao ver que a estrutura metálica estava muito abaixo do nível da rua. A dona de casa reclamou com o chefe de obras que, em um primeiro momento, afirmou que a construção estava regular. Entretanto, no dia seguinte, o desnível foi reparado com algumas pedras, como conta Débora: 

— Ficou inviável essa obra. Tivemos mais prejuízos, não sabemos quando vai ser finalizada. A promessa era de melhoria na via, mas, por enquanto, não vimos nada disso. 

 Promessa de retomada em 15 dias 

A prefeitura de Viamão afirmou que a obra tem como objetivo a pavimentação e construção de calçada na via. Explicou que, tendo em vista questões contratuais e de logística da empresa que realiza o serviço, o município entendeu que era interesse público realizar a readequação dos muros. 

A obra, segundo a prefeitura, não foi abandonada. Ela está em pausa, aguardando a compra do restante do material para conclusão e correção de algumas vigas que ficaram abaixo do nível ideal. A administração municipal afirmou que a previsão de retorno depende da chegada dos produtos — o que, acredita, ocorrerá em até 15 dias. 

A construção da casa da filha de Paulo não tinha autorização ou projeto aprovado pelo município. Como a localização da residência impedia o deslocamento do muro, a antiga estrutura será demolida. A promessa é de reconstrução do imóvel. 

Essas obras fazem parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) Augusta, uma parceria da prefeitura com o governo federal para a retirada de pessoas de uma área de risco que fica perto de onde moram Paulo e Débora. 

Existem encontros mensais que tratam sobre o projeto, abertos à comunidade. Os próximos serão nos dias 10, 14, 17, 21 e 24 de maio, às 18h, na EMEF Lauro Pereira Rodrigues (Rua Isabel Meridiu, 42, Augusta).

*Produção: Leticia Gomes

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