Notícias



Aniversário centenário

Tataravó Lorena comemora cem anos

Lorena Lima Carvalho celebrou o centenário ao lado dos filhos e recordou o tempo vivido dentro do Theatro São Pedro, onde morou com a família por quatro décadas

27/05/2018 - 17h36min

Atualizada em: 27/05/2018 - 18h36min


Aline Custódio
Aline Custódio
Enviar E-mail
André Ávila / Agencia RBS
Lorena com os filhos Ara Marial e Neo

Sentada na sala de estar do residencial geriátrico na Zona Sul de Porto Alegre, onde vive, Lorena Lima Carvalho parecia alheia à movimentação da família e dos funcionários que organizavam os doces e salgados em homenagem a ela, na tarde deste domingo (27). Para completar o cenário, três balões amarelos com os números 1, 0 e 0 foram colados na parede especialmente para celebrar o centenário de Lorena.

Preparada pelos filhos Ara Marial Carvalho, 66 anos, e Neo Carvalho, 75 anos, a comemoração contou com a presença de outros idosos moradores da casa. Além dos dois filhos (um terceiro é falecido), Lorena tem cinco netos, cinco bisnetos e um tataraneto. Apesar das dificuldades para caminhar sozinha e do esquecimento de eventos recentes – sintomas do Alzheimer, diagnosticado há quase dois anos –, a tataravó brincava com todos que se aproximavam. 

— Demoro para sorrir — confessou baixinho, depois de mais de dez pedidos de fotos ao lado dela. 

Mas é nos poucos momentos de total lucidez que Lorena surpreende quem se aproxima. Lentamente, começa a recordar com exatidão os 40 anos em que a família dela morou nas dependências do Theatro São Pedro, no Centro da Capital, que completará 160 anos no próximo mês. 

André Ávila / Agencia RBS
Com a família, antes de colocar os balões na parede

Filha de Alcebíades Lima, um dos primeiros zeladores do Theatro, ela lembra da época vivida com os pais e as quatro irmãs nos porões da casa de espetáculos. Era o começo do século passado e a família ainda podia plantar e criar patos, galinhas, marrecas e uma vaca de leite no pátio do casarão.

— A gente plantava abóbora e milho. Tivemos um terneirinho também. Tempo bom — comentou para a nora Silvina Carvalho. 

Marcelo Oliveira / Agencia RBS
Lorena, aos 20 anos

Recordação

Em maio de 2010, a reportagem do Diário Gaúcho convidou Lorena para visitar a antiga casa da família. Durante um dia, conduzida por Silvina, ela chorou ao rever fotos antigas expostas na parede do teatro e ao relembrar os tempos de criança, quando se perdia nos labirintos e corria pelas escadarias. No passeio, fez questão de tatear cada parede, examinar janelas e portas e buscar vestígios do passado. 

—  Nossa casa era lá embaixo, enorme. Tinha um túnel também, por onde fugiam os políticos, mas hoje não sei se existe. Não podíamos subir lá em cima — confessou à reportagem, na época da também última visita que fez ao São Pedro.

Marcelo Oliveira / Agencia RBS
Em 2010, convidada pelo Diário Gaúcho, Lorena voltou ao Theatro São Pedro

Lorena tinha três meses de vida, em 1918, quando o pai conquistou o serviço de zeladoria e decidiu se mudar com toda a família para o subsolo do casarão. Proibida de sair do subsolo durante os espetáculos, Lorena sempre dava um jeito de ver por um dos cantos as companhias de operetas europeias, as orquestras sinfônicas e os artistas que se apresentavam no palco. De lá, a jovem só saiu para casar, aos 22 anos. O restante da família permaneceu vivendo no local por quatro décadas. 




MAIS SOBRE

Últimas Notícias