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Exemplo

Conheça a história de Érica, senhora de 81 anos que não cansa de aprender

Moradora da Capital de 81 anos dá uma lição de vida e surpreende pela vontade sempre aprender coisas novas

18/06/2018 - 07h00min

Atualizada em: 19/06/2018 - 17h01min


Jeniffer Gularte
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Mateus Bruxel / Agencia RBS

Érica Milena Lauer não é uma avó convencional. Já foi piloto civil, bancária, proprietária de loja e artesã. Aos 81 anos, ainda quer ser muito mais. Inteligente e perspicaz, não quer parar de aprender. Procura cursos gratuitos e, a cada um deles, ganha mais uma habilidade. Já fez inglês, informática, desinibição e pintura em tela. 

Há pouco, encarou mais um desafio: um curso de modelagem e produção de bolsas a partir do reaproveitamento de materiais. As aulas ofertadas pela Feevale ficam a 49 quilômetros do apartamento onde mora, no Centro Histórico de Porto Alegre. Não faz diferença. Todo sábado, pega um ônibus até a estação de trem e, do trem, pega outro ônibus que a deixa no campus da Feevale. Três conduções até chegar à sala de aula. Mas o esforço nem é visto como tal. 

Sabrina Becke / Universidade Feevale

Érica nunca foi costureira profissional. Apesar da máquina de costura já ter 60 anos de uso, sempre foi usada para reparos pessoais, troca de zíperes e confecção de bainhas. Agora, aprende a fazer os moldes para bolsas e a calcular o tamanho de cada parte. Hábil, conseguiu retalhos numa fábrica de cortinas que servem de matéria-prima para as bolsas que faz em casa:

– Tudo é milimetricamente calculado para a bolsa ficar perfeita. Fiz uma bolsa no curso e outra em casa, que vou levar para o professor ver. O clima é muito gostoso, o ambiente é de troca. Os jovens cuidam dos mais velhos. A menina que senta do meu lado tem 20 anos. Aprendemos juntas.

Mateus Bruxel / Agencia RBS

Mistura de gerações

Ao escolher os cursos, prefere os que não são direcionados aos idosos. Gosta de turmas que misturem gerações. Tem as suas razões.

– Em curso de idosos, todo mundo reclama demais, conta tudo de ruim que já passou na vida e diz que tem dor e toma vários remédios. Me diz, qual velho que não toma remédio? –diverte-se.

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Medo? Só de elevador

Natural de Panambi, Érica vive em Porto Alegre há 42 anos. Tem dois filhos, um de 47 anos e outra de 42 anos, e dois netos, de 10 e 16 anos. Viúva há 37 anos, tem pique de adolescente e só tem medo de elevador. Sobe e desce pelas escadas os quatro andares do prédio onde mora porque não gosta de ficar sozinha em um ambiente tão pequeno. Se está com sacolas pesadas, embarca-as no elevador, aperta o quarto andar e as encontra quando chegarem. 

Não gosta de cozinhar e diz que "não é uma boa dona de casa". Na TV, prefere os telejornais e não se apega às novelas. O rádio está sempre ligado durante os jogos do Inter. Pendurada entre a sala e a cozinha do apartamento, uma bandeira enorme denuncia a paixão colorada. 

Érica não esquenta o banco onde não se sente bem. Ao mesmo tempo em que é curiosa, também é inquieta e sempre foi independente. Não tem paciência para quem não tem disposição:

– A vida é muito boa e precisa ser vivida. Minha mente não é de velho, mas tem novo que tem mente de velho, que tem preguiça de viver. Se está vivo, tem que ir atrás e não ficar parado.

Na vanguarda desde a juventude

Soube do curso por meio de uma nota divulgada no Diário Gaúcho. A leitura do jornal faz parte do cotidiano. Acorda às 6h30min, toma café, lê as notícias e faz as palavras cruzadas. Usa a internet para acessar redes sociais e faz bijuterias para vender.

– Gosto de me inteirar de tudo, de saber sobre política. Também faço minhas bijuterias e visito clientes. Eu não paro e nunca me sinto sozinha – ensina. 

A habilidade para pintar quadros em tela é invejável. As paredes do apartamento exibem pelo menos oito deles, feitos por ela. Há seis anos, aprimora a técnica. Vaidosa, gosta de contar como cada um deles demorou para ser finalizado. 

Ela era uma mulher vanguarda para sua época. Nascida na década de 1930, aos 19 anos obteve o brevê de piloto civil em Frederico Westphalen. Pilotou por três anos aeronaves de dois lugares, mas precisou deixar a atividade devido a problemas cardíacos. Ela lamenta:

– Na época, eu era a única mulher da turma e não tinha medo. Meu sonho era ser piloto de testes de avião.

Ainda sonha em voar de parapente na Lagoa Rodrigo de Freitas, no Rio de Janeiro:

– Enquanto se tem sonho, se vive. 

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