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Escola de Viamão funciona sem energia elétrica há quatro meses

Instituição estadual está prestes a terminar o primeiro semestre sem luz. Seduc promete reforma para "as próximas semanas"

26/06/2018 - 08h00min


Jeniffer Gularte
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Omar Freitas / Agencia RBS
Escuridão atrapalha as aulas

Na Escola Escola Estadual de Ensino Fundamental Erico Verissimo, na Lomba do Sabão, em Viamão, quem dita a programação das aulas é o clima. Se chove, os alunos são liberados mais cedo — foi o caso de ontem, quando, às 16h15min, a escola já se encontrava totalmente fechada. Não há provas e as professoras não passam conteúdos novos. Isso porque a escola está sem energia elétrica desde o início do ano. Os alunos contam apenas com a claridade natural do dia e usam os sábados para recuperar as horas perdidas em dias de chuva. 

A situação não mudou desde a última vez que o Diário Gaúcho esteve na escola, na metade de março. Na época, a Secretaria Estadual de Educação (Seduc) prometeu que os trabalhos para religar a energia deveriam começar até a metade de abril. Nada ocorreu e os estudantes seguem às escuras. A demora em uma solução deixa os alunos cada vez mais desmotivados.

Omar Freitas / Agencia RBS
Escuridão faz parte da rotina

Breu total

A reportagem conversou com um grupo de alunos que afirma não ter entrado na biblioteca nenhuma vez este ano. O ambiente, onde também funciona o Serviço de Orientação Educacional (SOE), é um breu total.

— Só tenho vontade de ir para aula quando tem sol — admite Vitor dos Santos Lima, oito anos.

A mãe Fabiana Ferreira dos Santos Lima, 41 anos, está indignada, pois o filho já reclama de dor nos olhos.

— Achávamos que seria um mês no máximo (que a escola ficaria sem energia elétrica). Viamão é sempre esquecida — afirma.

Amanda Fontoura Gonçalves, 10 anos, aluna do quarto ano, resume porque não se anima a ir na aula.

— Quando chove, a visão embaça — confessa.

Improviso e Festa Junina adiada 

A festa do Dia das Mães foi improvisada com som a pilha. E a Festa Junina, adiada para quando houver energia elétrica:

— É horrível depender da claridade do dia para estudar. A escola fica uma escuridão horrível. Meu filho já disse que não consegue enxergar nem o lápis em dia de chuva — desabafa a diarista Josiane Duarte de Souza, 39 anos. 

As mães afirmam estarem cansadas de promessa.

— Já ouvimos umas três vezes que as obras começariam na semana que vem — diz a esteticista Daniele Garcia, 33 anos.

As professoras se revezam para fazer o xerox  por conta própria. Dentro de sala de aula, precisam reorganizar o conteúdo do dia se o tempo vira de repente. Professora do 2° e 3° ano do Ensino Fundamental, Isabel Cristina Nogueira Pellizzoni afirma que os alunos reclamam de ardência nos olhos:

— Nos dias que chove, passamos menos conteúdo, porque muitos alunos já nem vem — diz.

Omar Freitas / Agencia RBS
Prédio chegou a ser interditado na primeira semana de aulas

Às escuras desde 23 de fevereiro

A Escola Érico Veríssimo está às escuras desde o dia 23 de fevereiro, quando um choque elétrico atingiu uma funcionária. Ela não se feriu, mas o acidente revelou um problema grave na fiação elétrica da escola, que precisa ser completamente trocada.

Foram identificadas pelo menos 15 residências no entorno do local com ligações irregulares, que prejudicavam o funcionamento adequado do fornecimento de energia para a instituição de ensino, o que acabou agravando a situação. O Estado fez licitação para a intervenção, a empresa foi escolhida, mas a obra ainda não começou. 

O prédio chegou a ser interditado na primeira semana de aulas — entre 26 de fevereiro e 2 de março. 

— Estamos o tempo todo ligando para a Seduc para saber da obra. Infelizmente, é o que temos. Esperamos recomeçar o segundo semestre com luz — afirma a diretora Rejane Maffioleti. 

Omar Freitas / Agencia RBS
Sala de aula às escuras

Para Estado, culpa é do acúmulo de obras

A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) informa que o acúmulo de obras em andamento nas escolas estaduais causou o atraso nas intervenções na rede elétrica da Erico Verissimo. Segundo a Seduc, a substituição completa do sistema de energia elétrica da escola está orçada em R$ 50 mil. E, apesar da demora, em nota, o governo estadual diz que "é uma das prioridades da força-tarefa na recuperação da estrutura dos prédios escolares."

Já foi designado o engenheiro elétrico responsável pelo acompanhamento da execução da obra. A previsão é de que, nas próximas semanas, a reforma seja iniciada. Porém, a secretaria não especifica uma data precisa. 

Para evitar que novos atrasos ocorram, a Secretaria de Obras, Saneamento e Habitação (SOP), por meio de uma força-tarefa, irá anunciar, em breve, a nomeação de mais 20 engenheiros.


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