Comer bergamota ao ar livre é tranquilo, melhor ainda se for no sol. Mas descasque uma berga dentro de um ambiente fechado que logo alguém vai reclamar do cheiro. Gente chata. Apenas parem de implicar com quem gosta do perfume e principalmente do sabor. Sabe a primeira coisa que eu penso quando vejo alguém comendo bergamota? "Será que peço um gominho..." Inclusive escrevi a coluna saboreando essa delícia. Na verdade, foram três. Tô bem de vitamina C.

Claro que meus dedos ficaram cheirando a berga. Ao contrário de certas pessoas, o teclado do computador não reclamou. Aliás, o óleo essencial de bergamota é muito usado na perfumaria nacional e internacional. Onde tem o frescor das notas cítricas, é provável que tenha um toque de bergamota na composição. Ah se eu descubro quem critica o cheiro de berga e se joga num perfume cítrico. A contradição em pessoa! Essa fruta é tão simpática que dá nome a um restaurante na Serra Gaúcha: o Bêrga Motta. 

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Terapêutico

Eu gosto até da cor da casca. E de pressionar o polegar pra abrir a berga. As felpinhas brancas que envolvem os gomos geram polêmica. Tirar tudo ou comer assim mesmo? Depende da pressa. Tem um lado terapêutico ficar removendo tudo aquilo. Se você for levemente perfeccionista, pode passar a tarde entretida limpando os gomos por completo. Mas depois vem a recompensa. Sentir a berga desmanchar na boca, numa explosão de sabor. Ô fruta docinha e gostosa!

O único problema são as sementes. Nessa hora, é contar com a sorte. Pegou um gomo sem nada dentro? Parabéns!! Mordeu e achou quatro sementes juntas? Sei lá, isso pode significar sorte em algum lugar distante do planeta. Ainda vão inventar a berga sem semente, como fizeram com a melancia. É uma questão de tempo. Só te peço pra não cuspir as sementes. Dá uma disfarçadinha e tira com a mão (tipo caroço de azeitona). A bergamota faz bonito na perfumaria. Merece ser tratada com classe no dia a dia.