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Seu problema é nosso

Após cirurgia em bebê ainda no útero, casal de Canoas busca conclusão de tratamento

Com 27 semanas de gestação, Kayron foi diagnosticado com má-formação dos ossos da coluna vertebral

30/07/2018 - 09h28min


GZH
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Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Moradores de Canoas estão em São Paulo para observação após cirurgia

Desde o final de julho em  São Paulo, Taís Kiana da Silva e o marido, Gilberto Bica, 41, moradores de Canoas, precisaram sair de sua cidade atrás de uma cirurgia para o filho. O bebê foi diagnosticado com mielomeningocele, uma doença que causa má-formação dos ossos da coluna vertebral e das estruturas que a protegem. O procedimento exigia urgência e, pelo SUS, só podia ser feito em São Paulo.

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O diagnóstico veio com um prazo apertado: em 6 de junho, uma ecografia morfológica acusou a doença em uma clínica de Porto Alegre. O pequeno Kayron tinha 15 dias para ser operado, ou poderia nascer sem movimentos de braços e pernas e até atraso mental.

— É uma noticia que nenhuma mãe quer receber, mas ou a gente age ou cai tudo por terra. Foi muito difícil. A gente chora, mas a gente age — conta a mãe de primeira viagem.

Solidariedade

A família acionou os amigos: com doações, arrecadou dinheiro e ganhou as passagens aéreas. Chegou na capital paulista em 20 de junho, já com consulta marcada para a manhã do dia 21. A cirurgia levou cinco horas no dia 26, na 26ª semana e dois dias de Kayron. O procedimento ocorreu bem e Taís recebeu alta na segunda passada (2).

A história de Kayron começou a tomar forma quando Taís mudou de escola de samba e entrou na Imperadores,  em Porto Alegre. Envolvida com a organização do Carnaval desde a juventude, assim como Gilberto, os dois passaram a defender a mesma escola em 2008 — a assistente administrativa era coordenadora da área de passistas e o arte-finalista era do departamento de marketing. Em 2014, se conheceram, começaram a namorar e casaram.

Desde então nutrem o sonho de ter um filho, o segundo de Gilberto, pai também de uma menina de 14 anos, e o primeiro de Taís, sonho que ela alimenta desde os 15 anos.

Em fevereiro deste ano, pertinho do Carnaval, Taís se sentiu tonta em um dos ensaios. Fez teste de farmácia e de sangue. Deu positivo.

— Desde que descobri, aposentei a sandália e só ia na escola de rasteirinha, para ficar olhando bem quietinha. É um sonho tão antigo que quero curtir todos os momentos — conta.

"Promessas por ele", conta a mãe

Em São Paulo, com ajuda de assistentes sociais do hospital, o casal encontrou uma pensão familiar perto da unidade de saúde. Atenciosa, a dona do local passa no quarto da Taís "de manhã, tarde e noite", para conferir se está tudo bem.

Agora, o desafio é custear a hospedagem e a espera em São Paulo por Kayron: Taís e Gilberto precisam ficar próximo ao hospital pelo menos até o nascimento do filho, previsto para setembro.

O casal tenta se manter na capital paulista da mesma forma que conseguiu chegar lá: com a ajuda de amigos e pessoas que se sensibilizem com a história. Por isso, uma vaquinha na internet busca arrecadar R$ 15 mil, valor que vai servir para estadia, transporte, alimentação e alguns produtos que o bebê vai precisar. Lançada no último domingo (1º), a campanha juntou, até a manhã desta quinta, R$ 1.295. Quem quiser ajudar, pode acessar a vaquinha neste link.

Apesar do cenário, os pais do pequeno nutrem as "melhores expectativas", e recebem boas energias de familiares de Canoas, que mantém contato diário para acompanhar o trio em São Paulo.

— Tem 90% de chance de ele nascer quase sem sequelas. Ele é forte e vem melhorando a cada dia. A família toda está fazendo promessas por ele — brinca Taís.

Após a cirurgia, a equipe médica descarta a perda de movimentos do bebê, mas monitora possíveis contrações. Kayron, que acaba de completar 27 semanas de gestação, precisa nascer no período correto, de cesárea, porque o parto natural poderia ter complicações.

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