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Recuo no crédito

Caixa suspende linha pró-cotista para imóveis usados; confira as alternativas

Santander já oferece a linha que tem nas taxas de juros seu principal atrativo. Bradesco planeja entrar neste mercado no ano que vem

06/08/2018 - 16h47min


Leandro Rodrigues
Leandro Rodrigues
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Diogo Sallaberry / Agencia RBS
Pró-cotista, agora, somente para imóveis novos pela Caixa

O mercado imobiliário começa o mês de agosto confuso. No dia 31 de julho, um incentivo do governo, com o Banco Central aumentando para R$ 1,5 milhão o valor máximo de imóveis que podem ser adquiridos com o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). Três dias depois, na sexta-feira (3), um balde de água fria: a Caixa Econômica Federal suspendeu a linha pró-cotista de financiamento imobiliário com recursos do FGTS para imóveis usados.

Trata-se da opção mais barata de financiamento após o Minha Casa Minha Vida, com taxas de juros entre 7,85% e 8,85% ao ano, dependendo de cada caso. Segundo o banco estatal, a suspensão é porque não há mais orçamento para a linha. Especialistas acrescentam que a medida tenta estimular a construção de novos empreendimentos.

Mas quem já tem proposta em análise na Caixa pode respirar aliviado: o banco esclarece que essas situações terão o valor reservado, caso sejam aprovadas. A modalidade para imóvel novo continua funcionando normalmente, mas isso não deixa o mercado menos pessimista.

– Eu diria que essa linha para usados é a principal, é o varejo do mercado. A pró-cotista para novos tem de ser casada com empreendimentos em construção, por exemplo. A linha suspensa pela Caixa é a que serve, podemos dizer, para qualquer pessoa. Estão fechando a torneira no lado mais significativo dos financiamentos – afirma o especialista em mercado imobiliário e fundador do site Canal do Crédito, Marcelo Prata.

Privados na trilha da Caixa

O anúncio aconteceu dois dias após vir a público que o Santander já está operando com a linha pró-cotista, tornando-se o primeiro banco privado a fazê-lo. O produto só existia na Caixa e no Banco do Brasil, que já havia suspendido em abril a linha para usados, mantendo apenas para imóveis novos. E a partir de 2019 o Bradesco entra no jogo, confirmando operação a partir de janeiro. Esse cenário amenizaria a suspensão da Caixa.

– Quem já estava pronto para se encaminhar nessa linha da Caixa não precisa desistir. Hoje, existe uma competição grande entre instituições financeiras. E as taxas estão parecidas. Mesmo quem não é correntista deve procurar outros bancos. Eles têm interesse em clientes novos – aconselha o vice-presidente da Associação dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), Miguel José Ribeiro de Oliveira. 

Para quem quiser insistir na Caixa, Oliveira acredita que a espera não deve ser tão longa. Assim que a instituição se capitalizar, deve voltar a oferecer a pró-cotista para usados, algo com boa chance de ocorrer em meados do ano que vem. Vale lembrar que a linha havia sido suspensa no primeiro semestre de 2017 por escassez de recursos, voltando a ser oferecida pelo banco em janeiro deste ano.

Entenda a linha pró-cotista

O que é  

- Trata-se da opção de financiamento mais barata logo após o Minha Casa Minha Vida. 


Quem se enquadra

- Pessoas com, no mínimo, 36 meses de trabalho sob o regime do FGTS (não necessariamente consecutivos) ou saldo de, no mínimo, 10% do valor da avaliação do imóvel.  

Quais as taxas praticadas

- Pela Caixa, os juros ficam entre  7,85% e 8,85% ao ano. Especialistas acreditam que os bancos privados oferecerão taxas próximas para serem competitivos.

Como ficou na Caixa Federal

- A instituição suspendeu a linha para usados. Ainda oferece para novos.
- Quem já tem proposta sob análise do banco terá o valor reservado, caso seja aprovada.
- Para quem ainda não fez a solicitação, não há mais chance de entrar na linha.
- O banco não tem previsão de retomada dessa opção.

Como atuam os principais bancos*

- Bradesco: começará a operar a linha pró-cotista a partir de janeiro do ano que vem.
- Santander: começou neste mês a operar a linha pró-cotista. O banco não quis divulgar a taxa de juro cobrada nesse tipo de financiamento.
- Itaú: não atua na linha pró-cotista e não tem previsão.
- Banco do Brasil: suspendeu a linha para usados em abril. Ainda oferece para imóveis novos.
- Banrisul: não atua na linha pró-cotista e não tem previsão.

* À exceção do Banrisul, que é do Rio Grande do Sul, estes são os bancos com maior número de clientes no sistema financeiro nacional, conforme o Banco Central.

Avalie: é hora de esperar ou partir para outro banco?

- Quem já tinha as contas feitas para entrar na pró-cotista não precisa cruzar os braços até a Caixa voltar a oferecer a linha.
- Especialistas no mercado imobiliário notam que os bancos privados estão ampliando a oferta de financiamentos com juros atrativos até mesmo em outras linhas.
- E a pró-cotista já está nos planos de dois gigantes privados, o que indica uma boa competição por clientes.
- Para quem insiste na escolha pela Caixa, a espera pelo volta da opção pró-cotista deve ir até 2019.
- Independentemente do banco escolhido, é fundamental estar com as despesas sob controle antes de assinar o contrato. Atrasar parcelas pode levar à retomada do imóvel por parte do financiador.  

As opções fora do financiamento

- Consórcio: pagar à vista um imóvel é realidade de uma minoria. Para quem não tem urgência e tem disponibilidade de uma verba mensal, uma opção é o consórcio. Neste caso, foge-se dos juros e, se tiver sorte, pode ser sorteado e ganhar a casa rapidamente. Também se pode economizar para dar um lance. Ideal para quem tem onde morar e não está com pressa de se mudar.
- Aluguel: não é pecado morar de aluguel. Pode ser a melhor opção para ficar perto do local de trabalho, por exemplo, entre outras comodidades. Mas se o valor do aluguel for igual ao da parcela do financiamento de um imóvel do seu interesse, reflita melhor. O ideal seria investir esse valor na prestação de algo que será seu. Mas para cada situação pessoal e familiar a reposta pode ser diferente.

Fontes: educadores financeiros Jaques Diskin, Jó Adriano da Cruz e Reinaldo Domingos, vice-presidente da Anefac, Miguel José Ribeiro de Oliveira, e Marcelo Prata, especialista em mercado imobiliário


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