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Coluna da Maga

Magali Moraes e o dindim que vale uma grana

Colunista escreve às segundas, quartas e sextas-feiras no Diário Gaúcho

06/08/2018 - 10h00min


Miguel Neves / Divulgação

Sempre compro o DG no mercado do Paulo ou na banca do Diego, esquina da Getúlio com a Botafogo. Já chego com as moedinhas certas. É bom dia pra lá, sorriso pra cá, e partiu trabalho. Mas sexta passada, o Diego quebrou essa rotina. Quando cheguei com as minhas moedas, toda apressada, ele me surpreendeu com notas antigas de dinheiro expostas na banca. Antiga sou eu. Eram notas raras. Depois até voltei lá pra saber mais sobre o dindim que vale uma grana.

A gente só vê mala de dinheiro em escândalo de corrupção. Já os colecionadores estão acostumados a guardar suas preciosidades assim. Seguram cada nota na ponta dos dedos, pra não amassar. Usam luvas. Pegam moedas com pinça. E estão sempre em busca de notas que ainda faltam na coleção. Quanto mais perfeitinhas, mais valiosas. As que nunca foram manuseadas são objeto de desejo. Levemente curvadas, até passa. Se quebrou a fibra, perdeu o valor. 

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Bordão

Eu, que só coleciono migalhas do cotidiano, enxerguei ali valor sentimental. Fingi que não vi a inflação mudando os nomes e a quantidade de zeros do nosso dinheiro. Mas como não lembrar do bordão "Lá vai Barão!", do Jô Soares, que deixou a nota de mil cruzeiros famosa no humor brasileiro? Amei rever a nota de cem cruzados novos, com o rosto da poeta Cecília Meireles, e senti o mesmo orgulho por ter uma mulher no dinheiro. Também me encantei com as notas que pareciam dólar colorido, da República dos Estados Unidos do Brasil.

O Diego não calcula o quanto viajei naquele dindim. Vi o pai e a mãe me dando uns pilas pro lanche do recreio, as mesadas, o primeiro salário, as notas suadas quando comecei a pagar minhas contas, a mania de organizar as notas que herdei da Tia Baíta. Tem gente que risca, amassa e rasga as notas de propósito. Pra que fazer isso, gente? Melhor cuidar bem do dinheiro, em todos os sentidos. Os colecionadores agradecem. É aula de História circulando nos nossos bolsos e carteiras.        



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