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Se Essa Parada Fosse Minha

Projeto espalha cartazes com informações sobre linhas nos pontos de ônibus da Capital

Ação criada por dupla de amigos pretende mostrar que qualquer pessoa pode praticar a cidadania

08/08/2018 - 08h00min


Mateus Bruxel / Agência RBS
Guilherme (E) e Lucas: ideia simples e grandes benefícios

– A ideia é mostrar que todo mundo pode praticar a cidadania, que a gente não depende do Estado para ter atitudes simples que podem melhorar o nosso cotidiano.

Essa é a definição do projeto Se Essa Parada Fosse Minha por um dos seus criadores, o administrador Lucas Antonio, 32 anos. A ideia surgiu quando ele e seu colega, Guilherme Cecatto, 24 anos, também administrador, foram desafiados a criar uma inovação social de baixo custo no programa Geração Dux, que tem o propósito de desenvolver nos alunos a capacidade de inspirar pessoas e organizações para uma nova dimensão de governo e de gestão. 

Os rapazes juntaram papelão, fitas, tesouras e lacres para criar cartazes que apontam linhas de ônibus, horários e disponibilidade de acesso para PCDs, que foram instalados posteriormente nos pontos de ônibus. Para Guilherme, o objetivo é fazer com que as pessoas se sintam parte da iniciativa:

– A gente percebeu que o nosso projeto não é adotar paradas especificamente, mas, sim, motivar outras pessoas para fazer o bem para a sociedade. O custo é baixo, mas o impacto é alto.

Bom começo
Oficialmente, os administradores entraram em ação no dia 13 de julho. O primeiro ponto de ônibus adotado foi o que Guilherme utiliza, em frente a sua casa. Logo na instalação, os olhares curiosos já admiravam o cartaz. Guilherme lembra que um homem se aproximou dele e elogiou a proposta:

– Ele disse que é assim que se começa, ajudando a comunidade que tu vives.

Hoje, 15 paradas já foram adotadas, com apenas quatro voluntários participando. Os administradores contam que o projeto já está nos bairros Sarandi, Rubem Berta, Partenon, Morro Santana e Aparício Borges, em Porto Alegre, e esperam que envolva ainda mais pessoas. A ideia já foi, até mesmo, para fora da Capital, nas cidades de Canoas, Esteio e Rio Grande.

EPTC vai debater iniciativa com idealizadores
Responsável por um projeto social no Morro Santana, a professora de educação física Bibiana Dornelles, 29 anos, adotou seis pontos e mobilizou cerca de 15 crianças na atitude, no dia 1° de agosto.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Plaquinhas facilitam na hora de esperar um ônibus

– Eu faria a participação sozinha, mas pensei que poderia fazer um exercício de cidadania na escola. Os alunos ficaram felizes e aderiram. Eles não saem muito do bairro, então cuidar da região é muito importante para eles – conta a professora.

Ontem, Bibiana instalou mais cinco placas nas paradas de ônibus, sinalizando horários e linhas de veículos intermunicipais, para Alvorada e Viamão.

– Sei que isso facilita muito a questão de mobilidade da comunidade, principalmente para quem não tem acesso à internet. 

Questionada sobre o projeto, a EPTC informou, por meio de nota, que "o engajamento da sociedade é sempre positivo para a administração municipal e para a cidade" e que vai marcar um encontro nos próximos dias com os responsáveis pelo projeto, para escutar sugestões e dar o encaminhamento necessário. Segundo a EPTC, o conteúdo das informações fixadas nos pontos pela dupla de amigos ainda não pode ser considerado oficial, antes da revisão e autorização do órgão. 

De cidadão para cidadão
No viaduto da Avenida Bento Gonçalves, entre as ruas Coronel Aparício Borges e Dr. Salvador França, os usuários do transporte público se interessam pelos cartazes instalados na grade de proteção. Para a decoradora de festas Marcela Dorneles, 52 anos, a ideia de Guilherme e Lucas é excelente:

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Marcela aprovou e espera que iniciativa seja duradoura

– A gente nunca sabe quando o ônibus vai passar. Só espero que fique, que o povo não rasgue, porque ele também ajuda a destruir. 

Marcela considera o projeto benéfico para todos, mas, principalmente, para aqueles que não têm acesso à internet.

– Acredito que vá ajudar os idosos, que não conseguem ver o horário no celular, como eu faço. Espero que a gente possa conseguir mais coisas boas assim na sociedade.

Satisfeitos com o desenvolvimento do projeto, os administradores ressaltam que as pessoas precisam perceber que o Se Essa Parada Fosse Minha é uma atitude a ser replicada, levada de exemplo para outras ações.

– A gente não tem envolvimento político nenhum. Queremos justamente mostrar que pequenos gestos políticos podem acontecer sem precisar de órgãos públicos. Esse projeto é de cidadão para cidadão – explica Guilherme.

Produção: Eduarda Endler



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