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Piquetchê do DG 

Tradição toma forma: confira como está a montagem dos piquetes no Acampamento Farroupilha

Faltando mais de uma semana para a abertura oficial do Acampamento na Capital, tradicionalistas trabalham em ritmo acelerado

29/08/2018 - 07h00min


Omar Freitas / Agencia RBS
Tudo tem que estar pronto até sexta-feira (31)

A fumaça e o som de martelos e serras no entorno do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho (Parque da Harmonia) indicam que a maior festa tradicionalista do Rio Grande do Sul se aproxima. 

No dia 7 de setembro, o Acampamento Farroupilha abre oficialmente ao público, com a chegada da Chama Crioula. Mas, desde o dia 18 de agosto, quando começaram as montagens dos galpões, a movimentação tem sido grande para deixar tudo pronto até sexta-feira (31), último dia para circulação de caminhões dentro do parque.

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Até o dia 20 de setembro, a expectativa do presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), Nairo Callegari, é receber em torno de 1 milhão de visitantes no parque, sendo 40 mil de fora do Estado e do país – número que vem se mantendo nos últimos anos. 

– Nós, do Movimento Tradicionalista, somos apenas os organizadores. O significado maior do acampamento é para a sociedade, pois é, com certeza, uma referência em termos de eventos para o Brasil e para o Exterior – garante.

Neste ano, o acampamento contará com 353 piquetes – estima-se que 90% deles já estejam prontos – além de 75 estabelecimentos comerciais e 130 restaurantes. Cada piquete deve desenvolver um projeto cultural seguindo a temática do evento, que nesta edição é tropeirismo. 

Além dos tradicionais bailes e apresentações, churrasco e chimarrão também não devem faltar. Se a média do ano passado se mantiver, espera-se que em torno de 50 toneladas de carne bovina e 700 quilos de erva-mate sejam consumidos durante o evento.

Omar Freitas / Agencia RBS
Rosi está contando com a ajuda dos vizinhos

Em construção

A chuva e a falta de verbas atrasaram o início da montagem do Piquete do Orçamento Participativo da Lomba do Pinheiro, no setor 12D. Conforme conta a patroa Rosi Dias da Fonseca, que assumiu a patronagem há alguns meses, imprevistos impossibilitaram a realização dos eventos para arrecadação de fundos para dar conta dos custos com o acampamento.

Mas, com a ajuda de vizinhos de acampamento que já estão com seus piquetes finalizados, Rosi conseguiu baratear a mão de obra especializada. Na terça-feira (28), ela ainda ganhou reforço, com mais alguns vizinhos de bairro que se juntaram voluntariamente ao trabalho.

– Vamos trabalhar dia e noite até que tudo fique pronto – garante Rosi, ansiosa para enfeitar o galpão para receber os alunos de creches comunitárias da Lomba do Pinheiro que visitarão o espaço durante o evento.

Omar Freitas / Agencia RBS
Toco: "É como se passássemos o mês de aniversário"

Da Vila Nova para o piquete

Com o fogão campeiro a todo o vapor, os amigos do Piquete 30 de Abril, já estão prontos para receber o público com comidas típicas como galinhada, churrasco, aipim e uma variedade de cachaças artesanais – entre elas, a de laranjinha, que ganhou espaço em um galão de 20 litros. O galpão que usa painéis de eucalipto, em vez das tábuas individuais utilizadas pela maioria dos piquetes, foi montado em apenas um dia.

É lá onde nove amigos do bairro Vila Nova, zona sul da Capital, se reúnem com a família desde 1992, para, além de reacender a chama farroupilha, renovar a amizade. Durante os 30 dias de acampamento, os laços se estreitam a tal ponto que os companheiros só se referem uns aos outros pelos apelidos.

– Aqui, temos a sensação de estarmos bem. É como se fosse a nossa casa, pois tem tudo que uma casa precisa. Conversamos, fazemos comida, pegamos um no pé do outro. É como se passássemos o mês de aniversário – conta Carlos Fernando Scalco, o Toco. 

Com a restrição da entrada de cavalos e aves no parque, neste ano, a mascote do piquete é uma cachorrinha da raça Australian que também ganhou um apelido: Penélope Campeira.

Omar Freitas / Agencia RBS
Penélope Campeira é a mascote

Casal de especialistas

No Piquete do Macaco, o casal Heloir Rodrigues Ferreira, 72 anos, e Atalíbio Ferreira, 77 anos, dá  duro para deixar tudo pronto até sexta-feira (31). Com os alicerces erguidos, a prioridade é colocar no lugar a porta principal. Com a serra elétrica sem funcionar, o jeito que Atalíbio encontrou para adiantar o serviço foi cortar manualmente as madeiras, enquanto outro voluntário instalava as telhas na entrada do piquete.

Carolina Lewis / Diário Gaúcho
Atalíbio e Heloir vêm de Alvorada

Moradores de Alvorada, eles estão acampados no parque desde o dia 24 e têm trabalhado na montagem diariamente entre 9h e 23h, com a ajuda de um ou dois voluntários, que se revezam entre os turnos. No lar temporário, um colchão de solteiro, um fogareiro e uma geladeira garantem o necessário.  

Casados há 52 anos, eles já ajudaram a erguer seis centros de tradições gaúchas na cidade, onde participavam de apresentações musicais: Atalíbio na gaita e Heloir na voz e violão. 

– Queremos ver o caminho que ajudamos a construir trilhado também por outras pessoas – almeja Heloir, que repassou a paixão pelo tradicionalismo aos três netos criados pelo casal após o falecimento do único filho.



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