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Restinga

Voluntários unem-se para manter o trabalho de Roni Ferrari na Casa da Sopa

O fundador e presidente da instituição morreu inesperadamente no mês passado, aos 64 anos

09/08/2018 - 08h00min

Atualizada em: 09/08/2018 - 13h36min


Maria Eugenia Bofill
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Fernando Gomes / Agencia RBS
Basta chegar com um pote para receber a refeição quentinha

A movimentação da Estrada João Antônio da Silveira, na Restinga, nas quartas-feiras, começa cedo. Os primeiros da fila chegam entre 7h e 8h, os mais "atrasados", passando das 9h. O motivo: os 900 litros de sopa distribuídos pela Casa da Sopa. Apesar do movimento começar nas primeiras horas da manhã, a refeição começa a ser entregue às 11h. Bastam 30 minutos para terminar a sopa que está nos panelões.

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Nestes 18 anos de trabalho social, os moradores da Restinga ficaram apenas uma semana sem receber a refeição. Foi há duas semanas, quando o fundador e presidente, Roni Ferrari, faleceu inesperadamente, aos 64 anos. Agora, a esposa de Roni, Marlene, 58 anos, está à frente da Casa.

– Está sendo difícil, estamos lutando todo o dia. Mas temos um comprometimento aqui, não podemos deixar essas pessoas na mão – diz Marlene.

Com uma equipe de 15 pessoas, que são voluntárias, às 6h30min Marlene dá início à preparação. São servidas cerca de 3 mil refeições por quarta-feira.

Aquece e alimenta
A única condição para pegar a sopa, que é acompanhada por um saco de pães, é entrar na fila, e estar munido de um pote. É possível levar mais de uma porção. É o caso de Eva da Silva, 76 anos, que leva para a neta e os dois bisnetos, que vivem no mesmo terreno que ela.

Fernando Gomes / Agencia RBS
Movimento começa cedo, bem antes da distribuição

– O que eu ganho com a aposentadoria, não é suficiente. É uma refeição a menos para comprar, posso usar o dinheiro para outras coisas – conta a aposentada, que comparece à sede da Casa da Sopa todas as quartas.

Luciano Pereira, 44 anos, pega a refeição há 15 anos. Toda semana, depois de ser servido por Marlene, senta em um degrau próximo e come uma parte ali mesmo. A outra, guarda para mais tarde.

– Além da comida que é muito boa, e de ter massa, meu prato preferido, a sopa aquece nesse frio – destaca.

Legado seguirá
Roni, que morreu em função de um infarto fulminante, no dia 20 de julho, é lembrado com carinho por todos.

Fernando Gomes / Agencia RBS
Marlene puxa uma oração antes das refeições

– Seu Roni faleceu e deixou uma coisa muito boa para nós – diz Adelar Brandão Machado, 53 anos, que entra na fila toda quarta-feira, desde o início do projeto.

– Numa quarta-feira dessas ele estava aqui, tirou uma foto minha com a sopa. Não acreditei quando fiquei sabendo. Foi uma pessoa maravilhosa, ajudou muita gente – lembra Eva.

Marlene garante que o legado do esposo seguirá.

Robinson Estrásulas / Agencia RBS
Roni deixou sua marca

– Mesmo com as dificuldades, vamos tocando o trabalho. Essa equipe é muito boa, todos são voluntários e se doam muito – afirma, emocionada.

Para ajudar
/// A Casa da Sopa funciona na Estrada João Antônio Silveira, 2.600, bairro Restinga, e precisa de doações de alimentos. 

/// Mais informações no telefone (51) 99807-6333


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