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Desfile Farroupilha reúne tradicionalistas do extremo sul da Capital

Longe do Parque Maurício Sirotsky Sobrinho, moradores da Zona Sul comemoram os festejos farroupilhas bem pertinho de suas raízes: o campo

09/09/2018 - 17h19min


Carolina Lewis
Carolina Lewis


Lauro Alves / Agência RBS
No segundo domingo de setembro, Belém Novo recebe duas festas tradicionais: o desfile farroupilha e a festa da padroeira

O ressoar dos sinos e o galope dos cavalos formaram uma única sinfonia na manhã deste domingo no Bairro Belém Novo, em Porto Alegre. Já passava das 10h quando a Avenida Heitor Viêira ficou lotada para acompanhar duas celebrações tradicionais na região: o desfile farroupilha e a festa da padroeira, Nossa Senhora do Belém. 

Ambos os festejos ocorrem no segundo domingo do mês de setembro e reúnem centenas de moradores da zona sul da Capital. Desde 2005, uma lei municipal inseriu o desfile do Extremo Sul no calendário oficial _ coincidindo com a festa da santa. 

_ É para abençoar o nosso desfile! _ garante João Ismael Fagundes Vieira, patrão do CTG Nena Barulho, idealizador do evento.

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Organizado em conjunto com o CTG Piquete da Amizade, o cortejo tem a participação de 300 a 400 cavaleiros de dezenas de piquetes e hospedarias da região, além de contar com o apoio do Núcleo Comunitário e Cultural, de grupos de escoteiros e moradores do bairro. 

_ O que a gente quer é agregar a comunidade na nossa cultura gaúcha _ admite Antonio Maidana, 58 anos, patrão do Piquete da Amizade, que há 49 anos monta um galpão na praça para receber a Chama Crioula durante a Semana Farroupilha. 

Lauro Alves / Agência RBS
Anderson leva a filha Giovana todos os anos para o desfile.

A Zona Sul é a região com maior concentração de cabanhas da cidade. Por isso, para os tradicionalistas, o desfile é uma oportunidade para reunir os cavaleiros que não conseguem ir ao Acampamento Farroupilha por conta das exigências para a entrada de animais no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. 

_ É muito boa essa integração, poder passar para os nossos filhos a cultura que recebemos dos nossos pais _ comenta Anderson Silveira, que levou a filha Giovana Chaves da Silveira, quatro anos, para a cavalgada. 

Aqui cavalo entra!

Neste ano, o destino final dos cavaleiros foi a Cabanha da Figueira, uma hotelaria de cavalos no Lami. Pela primeira vez, o local abriu as portas para 15 piquetes durante o mês farroupilha e está realizando diversas atividades em comemoração aos festejos _ todas envolvendo cavalos: torneios de rédea e de laço, gineteada e prova do couro. 

_ Aqui é diferente do Harmonia porque, para pôr o galpão (instalá-lo no local), tem que ter cavalo _ explica o proprietário, Cláudio Flores de Fraga. 

Lauro Alves / Agência RBS
Anderson Vieira e Andre Azevedo saíram às 4h de domingo de Viamão para encontrar os cavaleiros na Cabanha da Figueira.

A regras para a entrada e circulação de cavalos no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho contribuíram para que alguns tradicionalistas trocassem o agito do Acampamento Farroupilha pela calmaria daquele local. Como a procura foi alta, a pretensão de Cláudio é buscar o apoio da prefeitura para, já no próximo ano, transformar o local no Acampamento Farroupilha da Zona Sul. A ideia também é inserir mais atrações culturais tradicionalistas na programação. 

_ É muito melhor, pois temos espaço para os cavalos. O Harmonia não é igual antigamente, se transformou em um comércio. E isso, para nós, tradicionalistas, não serve _ analisa Leco Pereira, patrão do piquete Aporreados do Sul.

Lauro Alves / Agência RBS
Piquete Aporreados do Sul optou pelo silêncio do campo para comemorar os festejos farroupilhas.

Além de um bom espaço de convivência, o lugar também tem sido muito útil para que os gauchinhos possam treinar laço e participar dos torneios. Gabriel, quatro anos, o mascote do piquete, é um dos meninos que participa das oficinas de laço oferecidos por Leco na Comunidade Rincão da Lagoa. 

Restrição afasta tradicionalistas

A reportagem conversou com tradicionalistas no desfile e no acampamento da Zona Sul e também no Parque Maurício Sirotsky Sobrinho. Muitos deles reclamam que as regras para a entrada de animais no Acampamento Farroupilha são excessivas e que as exigências são difíceis de serem atendidas _ a maioria citou os gastos com vacinas como o principal entrave. 

As regras partem tanto da Secretaria de Agricultura, Pecuária e Irrigação do Rio Grande do Sul, em relação aos requisitos sanitários para a participação de animais em eventos do tipo, quanto do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), que cuida da organização e é responsável por fazer valer as exigências. 

De acordo com a médica veterinária da Inspetoria de Defesa Agropecuária de Porto Alegre Simone Cattelan, para entrar no parque, é necessário que equinos e aves portem a Guia de Trânsito Animal (GTA) com local de origem e carteira de vacinação atualizada. Os equinos ainda devem apresentar exames negativos para anemia e mormo e vacina contra influenza. Já as aves precisam ser vacinadas contra doenças de Newcastle e Marek (específicas desses animais) e apresentar exames de salmonerose, além de atestado sanitário emitido por médico veterinário. 

No ano passado, a entrada de aves foi proibida no Acampamento Farroupilha por conta do surto de gripe aviária no Estado. Neste ano, o regulamento emitido pelo MTG restringe apenas a circulação de cavalos no parque. Só os cavalarianos da Chama Crioula estão liberados a andar pelo local. Mesmo assim, somente até o Galpão Central, durante a semana, até as 12h, e nos sábados, domingos e feriados até a fazendinha, mediante agendamento prévio com a 1ª Região Tradicionalista.



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