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Prefeitura abandona obra em calçada e deixa morador que cedeu terreno sem respostas, em Viamão

Para a administração pública poder trabalhar, o porteiro Paulo da Silva doou cerca de dois metros do seu terreno onde seria construído o novo passeio, que nunca saiu do projeto

30/10/2018 - 09h45min


Arquivo Pessoal / Leitor/DG
Muro ficou pelo caminho, inacabado

Desde janeiro de 2018, o porteiro Paulo Edgar Silva da Silva, 57 anos, morador da Avenida Plácido do Carmo, na Vila Augusta, em Viamão, lida com a expectativa de uma obra da prefeitura da sua cidade, que prometia expansão da calçada e pavimentação da via. 

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Para a administração pública poder trabalhar, o porteiro doou cerca de dois metros do seu terreno:

— Na época, falaram que seria bom para a gente, melhoraria a nossa rua. Agora, estou humilhado, pois nos abandonaram completamente. Não bastou perder uma parte do pátio. 

A família de Paulo teve também uma casa, ainda não finalizada, que seria da filha dele, com previsão de remoção devido à obra da prefeitura. A casa antiga ainda não foi abaixo, e a nova começou a ser construída pela administração pública, mas não foi finalizada. 

Além do repasse de parte do terreno sem ter uma contrapartida, Paulo se preocupa com as frutíferas que foram derrubadas: 

— Havia tantas árvores por aqui, pitanga e outras frutas. Mas derrubaram tudo. E ainda deixaram uma raiz aparente, que alguém pode tropeçar e se machucar. 

Alternativa 

Paulo conta que a casa que será derrubada estava em construção, já com telhado e piso. A prefeitura apenas ergueu as paredes da casa substituta, que fica ao lado da antiga. 

— Saímos no prejuízo. Agora, minha filha está gastando o dinheirinho dela, o pouco que tinha. Ela faz o que precisa para logo conseguir morar lá, pois está dividindo casa com as irmãs, e é muita gente para pouco espaço. Já colocou porta, janelas, telhado. Ela está com pressa — conta o porteiro. 

Essas obras fazem parte do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) Augusta, uma parceria da prefeitura com o governo federal para a retirada de pessoas de uma área de risco que fica perto de onde moram Paulo e a família.

Promessa 

Na primeira reportagem publicada pelo Diário, em 10 de maio, a prefeitura de Viamão afirmou que o objetivo da obra é a pavimentação e a construção de calçada na via. E que seria de interesse da comunidade a readequação dos muros. 

Na época, a prefeitura afirmou que a obra não foi abandonada, apenas pausada, aguardando a compra do restante do material de conclusão e correção de vigas. O retorno, afirmaram, dependia da chegada dos produtos — o que a administração pública acreditava que aconteceria em até 15 dias. 

Prefeitura não dá resposta

Procurada pela reportagem na sexta-feira (26), para dar uma resposta sobre a demora na finalização da obra, a prefeitura de Viamão não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

*Produção: Eduarda Endler 

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