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Desabastecimento

Moradores estão sem água há nove dias em Porto Alegre

Famílias de bairros como Bom Jesus e Vila Jardim foram prejudicados por uma série de problemas. Dmae promete retorno do abastecimento entre esta quarta e quinta-feira.

16/01/2019 - 21h37min

Atualizada em: 17/01/2019 - 13h42min


Alberi Neto / Agência RBS
Thaiane Coelho e as filhas Manuella e Isadora

Desde o dia 7 de janeiro, famílias da região dos bairros Bom Jesus e Vila Jardim, em Porto Alegre, sofrem com a falta de abastecimento de água. Sem ter como cozinhar, lavar roupas e tomar banho, os moradores precisam buscar alternativas para contornar a situação que, se continuar nesta quinta-feira (17), completará 10 dias. 

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A babá Carla da Rosa Felisbino, 44 anos, moradora da Rua Souza Lôbo, bairro Vila Jardim, utiliza a água de uma piscina usada como reservatório para lavar roupas. No entanto, para preparar as refeições, a família é obrigada a comprar galões de 20 litros. Carla conta que a falta de água é rotina no bairro em períodos de calor. A duração do desabastecimento, porém, amedronta a moradora. 

– Todo verão é assim, há anos. Mas nunca tantos dias. Eu ainda tenho a piscina e tenho dinheiro para comprar água. E quem não tem? – questiona a babá.

Os moradores relatam que entram em contato com o  Departamento Municipal de Águas e Esgotos (Dmae) todos os dias. Porém, segundo Carla, eles só recebem informações imprecisas.

– Eles falam todos os dias que vai normalizar. Na noite de domingo, disseram o mesmo. Quando saí para trabalhar na segunda, nenhuma gota de água na torneira. É uma falta de respeito – conta.

Em alguns bairros, filetes de água chegam a voltar em alguns momentos, mas não há pressão suficiente para ligar os chuveiros, por exemplo. O segurança Mauro da Silva, 66 anos, também morador da Vila Jardim, está há dois dias sem trabalhar:

– Não tenho como ir pro trabalho sem banho. Estamos passando por uma situação muito constrangedora.

Alberi Neto / Agência RBS
Casal convive com "situação constrangedora"

Sua esposa, a dona de casa Fatima Regina Elhawat, 62 anos, relata ainda o mau cheiro e o acúmulo de moscas causado pela pilhas de louças que não podem ser lavadas em razão do desabastecimento.

– Estamos comprando galões de água para poder ao menos ter o que beber – diz Fátima.

Comércio fechado

Dono de um pequeno comércio na Rua Souza Lôbo, Luiz Antônio Hawat, 60 anos, não pode atender os clientes. Com a falta de água, ele não consegue lavar as louças utilizadas na cozinha da lancheria.

– O pior é a gente não ter água nem para tomar um banho – desabafa Luiz.

Na casa da funcionária pública Thaiane Coelho, 28 anos, a solução foi juntar água da chuvarada de terça-feira, para ao menos lavar as roupas. Com duas bebês em casa, Manuella, nove meses, e Isadora, dois anos, Thaiane diz que está muito difícil conviver com a falta de água.

– Quero ver o que vão cobrar na conta, já que, neste mês, ficamos mais tempo sem abastecimento do que com.

Obra, rompimento de adutora e temporal

Segundo os moradores, a justificativa do Dmae para a falta de água foram as obras na estação de bombeamento da Rua Cristiano Fischer, bairro Partenon, na semana passada. O serviço no local foi concluído no dia 10 de janeiro. Dois dias depois, porém, a água não havia voltado a todos os bairros, uma adutora rompeu na estação e o vazamento causou problemas de abastecimento em 12 bairros das zonas Leste e Norte. 

O conserto foi concluído no dia 13, mas diversos locais seguiram sem água. Contatado pela reportagem, o Dmae informou, ontem, que após as obras e a adutora rompida, um novo problema alongou o desabastecimento. Desta vez, foi o temporal que atingiu a Capital na noite de terça-feira, que “causou um problema elétrico na Estação de Tratamento de Água Menino Deus”. A unidade abastece toda a Zona Leste e uma parte da Zona Sul.  O conserto foi feito três horas após o problema. 

A previsão do órgão era de que o serviço fosse retomado entre a noite de ontem e hoje. No final da tarde, o Dmae registrava problemas de abastecimento nos seguintes locais: Agronomia, Lomba do Pinheiro, Vila Esmeralda, Vila Triângulo, Lomba do Sabão, Vila dos Herdeiros, Vila Hidráulica, Vila Mapa, Vila São Francisco, Chácara das Peras, Vila Santa Helena, Vila São Carlos, Jardim Viçosa, Vila Bonsucesso, Jardim Bento Gonçalves, Vila Tijuca, Vila São João Comunitária, Partenon, São José, Vila São Guilherme, 1º de Setembro, Vila dos Sargentos, Jardim Carvalho, Nossa Senhora das Graças, Vila Boa Vista, Vila Colina do Prado, Jardim Ipê, Restinga, Pitinga, Estrada João Antônio da Silveira, Vila Panorama, Estrada João de Oliveira Remião, Beco do Mendonça e Quirinas.

Carlos Macedo / Agencia RBS
Moradores se manifestaram pacificamente

Protesto

Sem resolução, os moradores apelaram para manifestações pacíficas que bloquearam a Avenida Protásio Alves, sentido Bairro-Centro, diariamente, desde segunda-feira. Ontem, protestos também foram registrados na Rua 9 de Julho, bairro São José, com a queima de objetos e presença da Brigada Militar e do Corpo de Bombeiros. 



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