Chamamento até fevereiro
Processo para matricular crianças na Educação Infantil confunde pais em Canoas
Crianças contempladas com vagas estão sendo chamadas para matrículas. Informações desencontradas, porém, geram angústia.
Desde a semana passada, não passa um dia sem que a vendedora desempregada Alice Juliana Carassa Jungler, 27 anos, do bairro Olaria, em Canoas, acesse a internet para checar se seus filhos conseguiram vagas na Educação Infantil. Mãe de dois meninos, João Davi, cinco anos, e Christopher, três, ela tenta colocar os dois em creches desde que eles são bebês, mas nunca conseguiu.
– No fim do ano passado, entrei no sorteio, como faço todos os anos. Fui para a fila horas antes de abrir. Quando saiu a lista das inscrições homologadas, eu achei que já era a lista dos contemplados. Fiquei feliz, mas depois soube que ainda não era a garantia de creche para eles – conta.
Na cidade, a distribuição das vagas na Educação Infantil está ocorrendo por regiões – Sudoeste, Sudeste, Noroeste e Nordeste – e por idade. Desde 9 de janeiro, a Secretaria de Educação notifica os pais das crianças contempladas no sorteio por telegrama, mensagem de texto no celular ou e-mail, para aqueles que possuem. Depois disso, as famílias têm três dias úteis para comparecer ao órgão com os documentos solicitados e fazer a matrícula. A falta de informações claras sobre o cronograma, porém, confunde pais e mães.
– Sei que já estão chamando alguns, fico sabendo pelos grupos de moradores em redes sociais. Mas não sei quando será o chamamento para a idade dos meus filhos e no meu bairro. Por via das dúvidas, checo todas as listas. Vai que colocaram o nome deles em uma lista errada? – questiona Alice.
Outro temor é perder o prazo, caso um de seus meninos consiga a vaga.
– Tenho medo de me chamarem e eu não ver. Por isso, essa dúvida, essa angústia – desabafa Alice.
Outro caso
Situação parecida está vivendo Jaqueline Figueiredo Teixeira, 33 anos, do bairro Mathias Velho. Operadora de crédito desempregada e mãe de três filhos, ela não sai da frente do computador nos últimos dias, trocando informações com outros pais.
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– Prefiro as redes sociais, pois no site da prefeitura é difícil de achar. E não sou só eu, tem muitas famílias comentando a mesma coisa – conta Jaqueline, que busca uma vaga para sua caçula, Luisa, quatro anos.
Pelo sorteio, Luisa é a 61ª da lista para uma vaga no Jardim I, na região em que a família mora. A colocação, considerada boa pela mãe, não é garantia de vaga:
– Dizem que só vão chamar 58 crianças para este nível, então, eu teria que torcer para alguém desistir ou não entregar a documentação. Mas não tenho certeza de nada. A gente deveria ter acesso a essas informações com facilidade, né?
Os filhos mais velhos de Jaqueline, de oito e 11 anos, já estão na escola. Para conseguir voltar ao mercado de trabalho, ela precisa que Luisa fique em uma creche.
– Não consigo pagar o valor de uma creche particular, por mais barata que seja. Sem a vaga, não tenho como voltar a trabalhar – finaliza.
Chamamento até o final de fevereiro
A Secretaria de Educação de Canoas esclarece que o processo para preenchimento das vagas segue o cronograma previsto em edital e não está atrasado. Desde o dia 9, o órgão realiza o chamamento conforme a ordem definida nos sorteios, como explica a Diretora de Educação Infantil, Ângela Gomes:
– A lista de quem foi chamado para as vagas é publicada no Diário Oficial e atualizada diariamente no site da prefeitura. Além disso, enviamos telegramas, mensagens SMS e e-mails, para aquelas famílias que disponibilizaram um endereço de e-mail.
A previsão é de que o chamamento siga até o final de fevereiro para as vagas que estão sendo oferecidas agora. Mas Ângela destaca que o edital é válido para o ano inteiro.
– Ao longo do ano, se uma criança muda de cidade e sai da escola, por exemplo, chamamos o próximo da lista para preencher a vaga – explica.
Segundo Ângela, todas as crianças inscritas para a pré-escola (de quatro anos a cinco anos e 11 meses) serão chamadas. Para as creches (crianças de zero a três anos e 11 meses), vai faltar vagas, mas ainda não é possível prever quantas. No início de 2017, o déficit da Educação Infantil era de 6.080 vagas. No final de 2018, este numero era de 3.500.