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Faculdade em família

Pai, mãe e filha entram juntos no Ensino Superior, na Capital

Desde o dia 18 de fevereiro, Reginara, Luis Carlos e Victorya cursam Psicologia, Enfermagem e Fisioterapia, respectivamente

27/02/2019 - 14h35min


Elana Mazon
Elana Mazon
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Mateus Bruxel / Agencia RBS
União demonstrada em casa se estendeu ao Ensino Superior

Luis Carlos Siqueira Prates, 57 anos, Reginara dos Reis Prates, 54 anos, e Victorya dos Reis Prates, 22 anos, da Lomba do Pinheiro, em Porto Alegre, fazem parte de uma família muito unida. Quando o pai, tenente da reserva da Brigada Militar, precisa ir ao médico, por exemplo, a esposa, ex-corretora de imóveis, e a filha, estudante, o acompanham. Quando têm tempo livre, eles vão ao cinema juntos. Desde o dia 18 de fevereiro, vivem uma nova fase: os três iniciaram, ao mesmo tempo e na mesma instituição, a Fadergs,  cursos de graduação.

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Tudo começou no ano passado, quando Reginara soube do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), prova que serve para conseguir o certificado de conclusão do Ensino Médio. Ela lembrou da filha, que já havia citado a vontade de parar com os estudos – na época, Victorya cursava Técnico em Enfermagem e o Ensino Médio, além de trabalhar. Para incentivá-la, Reginara inscreveu também Luis Carlos, que não estudava havia mais de 30 anos.

– Pensei que, se meu marido levasse a nossa filha, ela não desistiria. E deu certo. Depois, inscrevi os dois no Enem, também – conta Reginara.

Exemplo

Empolgados, pai e filha passaram a buscar vagas no Ensino Superior. Victorya decidiu fazer faculdade de Enfermagem, e Luis Carlos se interessou por Fisioterapia. Decidiram fazer vestibular, em dezembro. Foi o empurrãozinho que faltava para que Reginara seguisse os passos da família.

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Na família Prates, uns podem contar com os outros

– Quando eu vi que a universidade também oferecia Psicologia, me chamou a atenção. Eu sempre quis fazer, mas achava que era difícil – revela a mãe.

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O resultado do vestibular foi tão bom que os três ganharam bolsas parciais. Eles não poderiam estar mais satisfeitos.

– Só fiz a prova para ajudar a Victorya. Mas percebi que estava ajudando a mim mesmo. Estou aposentado há três anos e, neste tempo, me senti ocioso. Arrumei várias coisas para fazer, mas nenhuma era totalmente satisfatória. Agora, abri os olhos para outras coisas – conta Luis Carlos.

Nas primeiras semanas de aula, a família já perdeu as contas de quantas vezes contou sua história. Uma delas, porém, foi especial: eles foram convidados para participar do Encontro com Fátima Bernardes, da Globo, e viajaram ao Rio de Janeiro.

– Esta publicidade está causando um efeito positivo. Pessoas me escrevem dizendo que a minha decisão as fez pensar em voltar a estudar. Incentivar outras pessoas é ótimo – conta Reginara.  

A família Prates ainda tem mais dois estudantes: filhos mais velhos de Reginara e Luis Carlos, Gabriel, 33 anos, e Ícaro, 28, cursam Administração e Desenvolvimento de Jogos, respectivamente. 

Mateus Bruxel / Agencia RBS
Os três escolheram a área da saúde

Unidos também na arte de cuidar

A relação entre os três é tão boa que chama a atenção de quem não está acostumado com tanta união.

– Às vezes, meus amigos estranham. A gente faz praticamente tudo juntos. Eles só não vão a festas comigo porque não gostam (risos). Para mim, esse apoio é muito bom. Foi ótimo viver esse processo com eles – conta Victorya.

Apesar de não dividirem o curso ou a sala de aula, pai, mãe e filha decidiram por cursos na área da saúde. Quando questionados sobre as escolhas, as respostas deles são parecidas.

– Eu gosto de cuidar das pessoas, acho bonito. Por isso escolhi fazer Enfermagem – revela Victorya.

Trajetória

Reginara diz que sempre sonhou em cursar Psicologia, mas as circunstâncias a levaram para outros caminhos. 

Já o trabalho de Luis Carlos na Brigada Militar não tinha nada a ver com o curso atual. A expectativa dele, após terminar a faculdade, é ajudar quem precisa de reabilitação:

– Eu tinha uma noção básica de saúde, pois era necessário para as ocorrências. Mas nada aprofundado. O meu curso, agora, é útil para as pessoas. Posso ajudá-las a voltar a viver melhor.


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