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R$ 42 mil de saldo negativo

Carnaval do Porto Seco teve prejuízo, mas organização aprovou novo formato

Dois bloqueios judiciais surpreenderam os organizadores, deixando o balanço final negativo. Apesar disso, avaliação é positiva e a fórmula deste ano deve se repetir em 2020

22/03/2019 - 16h34min

Atualizada em: 22/03/2019 - 16h35min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Diego Lopes / Agência RBS
Imperadores do Samba foi a vencedora do Carnaval de 2019

Apesar de as escolas já terem passado na Avenida e de a campeã ter sido consagrada, ainda não acabou o Carnaval da Resistência — nome dado aos desfiles das agremiações que voltaram ao Complexo Cultural do Porto Seco, na zona norte da Capital, neste ano. Depois de ficar sem desfilar em 2018, as escolas de samba se organizaram de forma independente e colocaram a festa novamente no calendário da cidade. 

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Entretanto, apesar da alegria na pista de desfiles, o balanço final, no quesito financeiro, foi negativo. Segundo documento publicado pela União das Entidades Carnavalescas do Grupo de Acesso de Porto Alegre (UECGAPA), a arrecadação total foi de R$ 218.778,00, diante de despesas que somaram R$ 261.170,00. Ou seja, prejuízo de R$ 42,392,00.  

Na prestação de contas, dois valores que chamam atenção são bloqueios judiciais. Um de R$ 44 mil e outro de R$ 18 mil. São os maiores responsáveis pelo prejuízo, já que não estavam previstos pela organização.

— Os R$ 44 mil são de uma dívida da escola Império da Zona Norte. Os outros R$ 18 mil são referentes a uma dívida da escola Samba Puro. Mas são pendências de quando o evento era organizado pela Liga (Independente das Escolas de Samba da Capital — Liespa). Por isso, recorremos da decisão, por entender que essa não é uma dívida desta organização, que é nova — explica Érico Leotti, presidente da Imperadores do Samba, escola campeã do Carnaval 2019. Érico também é um dos líderes da movimentação que fez a festa nos novos moldes.

Além dos bloqueios judiciais, que somam R$ 62 mil, o presidente da Imperadores ainda aponta outros fatores que cooperaram para o resultado negativo na prestação de contas:

— Vendemos menos camarotes do que o planejado. Além disso, alguns camarotes foram reservados e não foram pagos, o que gerou uma subtração das receitas planejadas. 

A reserva de camarotes que acabaram não sendo quitados gerou um prejuízo de R$ 12,2 mil para a organização. 

Marco Favero / Agência RBS
Energia elétrica chegou a ser desligada nos barracões horas antes dos desfiles

Conforme Érico, a UECGAPA e as escolas da Série Ouro já buscam junto aos fornecedores a negociação das dívidas ainda pendentes, que serão pagas ao longo do ano. O pagamento se dará por meio da arrecadação gerada com eventos que a organização pretende fazer durante 2019. No próximo mês, já começam as tratativas para planejar o Carnaval 2020. A ideia é voltar a utilizar o Porto Seco durante o ano todo, não deixando o espaço ocioso.

— Precisamos ocupar mais este espaço que é nosso. E é isso que vamos fazer neste ano. Já conversamos com o prefeito, que tem sido aberto em relação ao apoio com os serviços básicos, como já foi neste ano — projeta Érico Leotti.

Foi a UECGAPA quem iniciou, no final do ano passado, a movimentação para organizar os desfiles de maneira independente. A Liespa decidiu que não faria o evento sem o apoio da prefeitura, então as entidades do Grupo de Acesso tomaram as rédeas. Como já não houve desfiles do Acesso em 2017 e 2018, a indignação era maior. Com o início das tratativas, seis escolas do Grupo Especial — agora Série Ouro —, entre elas a Imperadores, se aproximaram da UECGAPA com a intenção de também desfilar.

Avaliação positiva e volta da Liespa

Mesmo com o prejuízo na conta, a constatação da organização do Carnaval da Resistência é a de que a fórmula elaborada neste ano é a com mais chance de dar certo. Sem o apoio financeiro da prefeitura, fazer a festa com as escolas no comando do evento é o caminho mais provável a ser seguido.

— O modelo do ano que vem é esse, pois deu certo. As escolas abraçaram e o público aprovou. Teremos pequenas melhorias que naturalmente tem de serem feitas — diz Érico.

A prefeitura tem a mesma visão que os organizadores. Para o secretário-adjunto da Cultura, Leonardo Maricato, o formato deste ano é o mais viável. E, seguindo o cenário atual, a ideia da administração é trabalhar junto das agremiações para captação de recursos para o Carnaval de 2020.

— Além da ajuda com as obrigações básicas, como fizemos neste ano, estaremos juntos em possíveis tentativas de obter apoio financeiro. Uma possibilidade é a Lei Rouanet, por exemplo. Inclusive, já estamos mantendo reuniões com a UECGAPA para tratar do Carnaval do ano que vem — cita Maricato. 

Neste ano, mesmo sem ter prometido ajudar financeiramente, a prefeitura da Capital custeou a colocação de três geradores para iluminar os barracões, que tiveram a energia cortada poucas horas antes dos desfiles. Além disso, Guarda Municipal, Secretaria Municipal de Saúde, Brigada Militar e a Secretaria Municipal de Cultura estiverem presentes no evento.

Marco Favero / Agência RBS
Prefeitura custeou geradores para os barracões

Discussão

Um ponto que ainda deve gerar discussão é a existência da Liespa. Por não ter participado da organização em 2019, a entidade pode ficar de fora no próximo ano. Érico deixa claro que sua opinião pessoal é de que a Liga não volte ao evento:

— Fizemos este ano sem a Liga. Vamos sentar e conversar, entender porque a Liespa não entrou e se há necessidade dela voltar. Isso ainda será discutido.

Para o presidente da Liespa, Juarez Gutierrez, o assunto está resolvido. Segundo ele, a entidade continua como a responsável pelo evento e vai trabalhar para isso nos próximos meses. Juarez deixa claro que a decisão de não participar neste ano foi tomada para "que o passivo da Liga não aumentasse ainda mais". 

— A liga segue com suas atividades normais, não há razão para que ela seja extinta — garante o presidente da Liespa.

Confira o balanço geral do Carnaval 2019:

UECGAPA / Divulgação

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