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Há quatro anos

Estudante vende pães vestido de Deadpool pelas ruas de Gravataí

Fernando Pacheco, 21 anos, reserva parte do dinheiro que ganha com as vendas para ajudar a quem precisa, além de promover campanhas solidárias

30/04/2019 - 07h01min

Atualizada em: 30/04/2019 - 10h14min


Jéssica Britto
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Félix Zucco / Agencia RBS
Fernando encomendou a fantasia pela internet quando tinha 18 anos. Atualmente, tem 21

Com 18 anos, em busca de um caminho profissional, o estudante Fernando Kaercher Pacheco, de Gravataí, hoje com 21, decidiu empreender. Mas fora dos padrões tradicionais. Após um primeiro emprego frustrado, com o dinheiro da rescisão, ele encomendou pela internet uma roupa sob medida do personagem Deadpool – visto como anti-herói mas, ao mesmo tempo, altruísta e bem-humorado–, e decidiu que usaria ela para trabalhar.

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A primeira ideia foi vender trufas pelo Centro de Gravataí usando a fantasia. Não deu certo. Fernando não se saiu bem na fabricação dos doces. Depois, ao lembrar que o pai, Waltuir Pacheco, 56 anos, sabia fazer pão, pediu a que ele que fizesse alguns para vender. Com cinco pães e mais alguns quindins que comprou de uma vizinha, foi para o centro da cidade trabalhar.

– Quando cheguei lá, sentei num banco e fiquei imóvel por três horas. Não sabia como agir, estava com vergonha – lembra.

Mas naquele dia, um desconhecido chegou perto e perguntou o que o rapaz fazia ali sentado. Fernando falou que estava vendendo os produtos. O homem foi ao banco, sacou dinheiro, e levou para casa todos os pães e metade dos quindins:

– Eu nunca mais vi essa pessoa, mas ela foi determinante na minha vida. Pois percebi que aquilo poderia dar certo.

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Félix Zucco / Agencia RBS
Rapaz usou a visibilidade adquirida com a fantasia para ajudar outras pessoas

Empatia

Com o pai, Fernando aprendeu a preparar os pães. Trabalhava durante o dia, estudava à noite e fazia os produtos durante a madrugada.  Dormia entre uma fornada e outra, a cada 40 minutos, quando a massa atingia o ponto certo. O tempo foi passando e a clientela crescendo. As pessoas tinham curiosidade de saber quem era o cara por trás da fantasia e começaram a comentar. Fernando usou a visibilidade em benefício próprio e de terceiros.

– Resolvi destinar parte da minha renda para ajudar as pessoas. Também comecei a arrecadar alimentos e a doar para famílias carentes. Na primeira vez que pedi, muita gente já ajudou. As pessoas costumam doar, mas, muitas vezes, nem sabem para onde esse alimento vai. Eu comecei a mostrar quem precisava e para onde ia – explica.

Com ajuda de vários lados, ele conseguiu atender problemas maiores. Comprou cilindro de oxigênio, cadeira de rodas, cama hospitalar, entre outros equipamentos, para pessoas que nunca teriam condições de adquiri-los. A partir daí, outras demandas foram surgindo e o Deadpool gravataiense se tornou um interlocutor entre quem quer doar e quem precisa da doação. Até hoje os pedidos e doações são divulgados pelo Facebook "Fernando Pacheco Deadpool". 

Félix Zucco / Agencia RBS
Fantasia foi encomendada pela internet, há quatro anos

Novos projetos

Passados quatro anos, quase formado em Educação Física, Fernando segue de terça a sexta, vestindo a fantasia de Deadpool para vender os pães. O acúmulo de funções, fez com que ele diminuísse um pouco o ritmo. Da produção inicial, com 50 pães, agora são fabricados metade. Parte do que ganha é usado na compra de cestas básicas. No triciclo equipado com sistema de som, ele passa de bairro em bairro vendendo o produto. Não importa se faça calor ou frio, a fantasia, a mesma de quatro anos atrás, segue como fiel companheira.

Aos sábados, mantém o projeto Deadpool Gravataí FC, onde jogadores doam dois, ou mais, quilos de alimentos para serem repassados a pessoas necessitadas. Aos domingos, a tarefa do jovem visionário é outra, salvar vidas, como socorrista voluntário. 

— Me sinto uma pessoa de sorte, pois tudo o que me propus a fazer deu certo. Onde vou recebo o carinho das pessoas — declara. 

E quem pensa que os planos do garoto param por aí, engana-se. Os projetos não param. O sonho é abrir um restaurante e, assim como é feito hoje, reverter 25% do lucro para ações sociais da cidade.



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