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Seu Problema é Nosso

Moradora de Cidreira espera há dois anos por exame

Marcia Vastuk Malheiros, 59 anos, enfrenta uma jornada para ter acesso a uma cintilografia do miocárdio. Ela precisa do exame para ser liberada para uma cirurgia

02/04/2019 - 09h20min

Atualizada em: 02/04/2019 - 09h24min


Leitor DG / Arquivo Pessoal
Marcia com o protocolo de agendamento

A dona de casa Marcia Vastuk Malheiros, 59 anos, moradora do bairro Costa do Sol, em Cidreira, enfrenta uma jornada para ter acesso a uma cintilografia do miocárdio. Ela aguarda pelo procedimento desde 2017. O exame é necessário para que ela faça uma cirurgia de retirada do útero. 

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— A  espera costuma ser assim para todos os moradores — critica ela. 

Marcia mudou-se da Capital para o Litoral há três anos, após sofrer um infarto, esperando ter uma vida melhor na praia — mais calma e segura. A tranquilidade, no entanto, não pode ser aproveitada pela leitora. Dores fortes a levaram a consultar em um posto de saúde de seu bairro, de onde foi encaminhada para um cardiologista. 

Um eletrocardiograma foi feito, mas não constatou nada. 

— Depois eu fiz o eletrocardiograma de esforço, aquele da esteira. Aguentei poucos minutos — conta. 

Cirurgia 

Meses depois, ainda em 2017, ela descobriu que necessitaria retirar seu útero devido a problemas ginecológicos. No entanto, para fazer a cirurgia, é necessário que ela receba anestesia. Como ela sofre também de artrose e hérnia de disco, não pode ser anestesiada localmente, nas costas — o que seria necessário para a operação, segundo ela. 

A opção é uma anestesia geral. No entanto, faz-se necessária uma cintilografia do miocárdio para constatar que não há qualquer problema em seu coração, conta a dona de casa. Na solicitação da cirurgia, o médico responsável considerou o caso de Marcia urgente. 

Arquivo pessoal / Arquivo Pessoal
Protocolo exibe a data

Custo 

A requisição do procedimento foi feita em agosto de 2017. Desde então, além da dor, a espera é a companheira de Márcia. A moradora garante não ter condições de pagar por um exame na rede privada, ao custo de R$ 1,6 mil, segundo pesquisou. 

A dona de casa visitou a prefeitura em mais de uma oportunidade para cobrar uma posição sobre o assunto. Lá, obteve a informação de que estava na 14 ª posição da lista de espera, em setembro de 2018. Ela retornou neste ano à Central de Consultas do município. Para sua surpresa, foi informada que estava na 18ª posição. 

A leitora também informou que obteve a informação de que o valor de um exame, apenas, é repassado mensalmente ao município pelo Estado. 

— Eu vou lá de tempos em tempos. Daí me disseram isso (sobre a nova posição). Não tem como acontecer uma coisa dessas. A gente é tratado como lixo, a saúde não é prioridade. São muito desleixados para com a população — desabafa a leitora. 

Não há previsão de chamamento 

Procurada pela reportagem, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) afirmou que, após análise “do médico assistente” de Marcia, “a paciente não foi sinalizada como prioridade”. A nota da SES também aconselha que a dona de casa procure o médico para reavaliar a gravidade, se houver “piora do quadro clínico”. No entanto, a pasta não respondeu às perguntas sobre o porquê da demora nem se há previsão de chamamento. A secretaria também não confirmou a informação sobre repasses mensais citados por Marcia. 

A prefeitura de Cidreira comunicou que “os exames de cintilografia do miocárdio são disponibilizados através do Estado pela 18 ª Regional da Saúde de Osório” e que, mensalmente, é atualizada a listagem de exames pendentes no município. A fila de espera tem 21 pacientes, sendo que Marcia ocupa a posição número 11 na lista. 

A administração municipal afirma que, “infelizmente, tanto este quanto outros exames que são de responsabilidade do Estado acabam por demorar muito tempo — independentemente da urgência dos casos”. Bem como a SES, não deu previsão de quando ela será chamada e também não confirmou a informação sobre repasses. 

Produção: Ásafe Bueno

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