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Lá em Casa

Cris Silva: a hora do celular

Colunista escreve sobre maternidade e vida em família todas as sextas-feiras no Diário Gaúcho

21/06/2019 - 07h00min



Foto: Arte DG
Cris Silva

— Mãe, quero um celular de presente! 

Esse foi o pedido de uma menina para a sua mãe. As duas estavam na minha frente, na fila de uma loja e foi inevitável não prestar atenção no diálogo. Confesso que o assunto me encucou... poxa, com cinco anos e já tem celular?! Tá, deve ser dos pais e eles emprestam para ela usar, pensei. Aí a menina comenta: 

— Ela ganhou o celular da mãe, de Páscoa, porque chocolate faz mal. 

Eu só ouvi e fiz cara de poste, tentei disfarçar mas era tarde demais. A mãe da menina olhou pra trás, me olhou, sorriu e perguntou em tom de deboche: 

— E aí, o que tu acha que é pior, chocolate ou celular? 

Eu ri e meio sem querer me meter mas já dando a minha opinião, tasquei um "celular, obvio".

Dúvida comum

Depois fiquei com isso na cabeça e fui estudar, ler, me informar e tentar saber o que as últimas pesquisas revelam. O fato é que a frase "qual a idade certa para ter um celular" aparece entre as cinco perguntas mais pesquisadas, ou seja, o povo tem dúvida. Lendo sobre o assunto, a gente encontra de tudo. 

Há quem defenda que celulares são objetos só para maiores. Alguns estudiosos acreditam que os dispositivos digitais não são tão inofensivos como parecem e não deveriam ser usados antes dos 18 anos. Eu já acho demais, deve ter um meio termo, mas respeito a opinião.

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Vale a reflexão

Agora, uma coisa é certa: vou fazer de tudo para que o Matheus, que hoje tem um aninho, só tenha seu próprio celular bem depois dos 13 anos. Tentarei, juro. Eu tive com 17, comprado por mim. 

Segundo alguns estudos, deixar a criança conectada o tempo todo pode trazer riscos. O uso intensivo do celular na infância pode afetar o desenvolvimento cognitivo. Hoje sabe-se a importância dos primeiros anos de vida para a formação do cérebro. É na primeira infância que começa a se desenvolver a habilidade de controlar a própria atenção, a concentração e o foco.

Alguns psicólogos relatam que a superexposição a eletrônicos pode ser prejudicial por limitar os estímulos do ambiente e, assim, tornar a criança mais vulnerável a transtornos como déficit de atenção.

Maturidade

pixabay / divulgação
Deixar a criança conectada o tempo todo pode trazer riscos

Por tudo isso, vale refletir bastante antes de dar de presente um celular para uma criança antes dos 12 anos de idade. Isso não significa que crianças de seis ou sete anos não tenham grandes competências tecnológicas e que não possam usá-las em atividades de lazer ou de aprendizagem, em casa ou na escola. Mas para ter o próprio aparelho eletrônico, com internet e autonomia de uso, é necessário ter a suficiente maturidade intelectual e emocional.

Afinal, minha gente, o problema não é a tecnologia, mas o risco de que a web se torne o único ambiente a partir do qual a criança vê o mundo. E voltando à questão: um chocolate é bem bom, não?!

Sugestões de temas para esta coluna também são sempre bem vindos, pode enviar para meu email Cristiane.silva@gruporbs.com.br

Um ótimo final de semana e até a próxima!

Posso entrar?

Neste sábado tem substituição na RBS TV. O Posso Entrar? dá lugar à Copa América, mas nos vemos em breve. Enquanto isso, seguimos gravando belas histórias. Se quiser acompanhar os bastidores, é só me seguir no instagram: @realcris.silva.

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