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Seu Problema é Nosso

Morador de Porto Alegre espera há mais de um ano cirurgia para retirada de pedras na vesícula

Jorge Augusto dos Passos, 67 anos, sofre com as dores causadas pelos três cálculos que obstruem sua vesícula biliar. Novos exames foram feitos para atualização do quadro clínico, contudo não foi informada previsão de cirurgia

04/06/2019 - 07h40min


Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Jorge mostra o laudo médico e seu cartão de consultas

— Parece que vai dando um nó nas tripas. Tu não tem noção do que fazer, não sabe se fica em pé, deitado ou encolhido. Dói tudo, e a dor faz tipo um redemoinho. É horrível. 

Essa é a forma como o representante comercial aposentado Jorge Augusto dos Passos, 67 anos, descreve as dores causadas pelos três cálculos que obstruem sua vesícula biliar — pequeno órgão que compõe o sistema digestório, cuja função é armazenar e controlar a liberação de bile. 

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Segundo o idoso, morador da Capital, as dores começaram em uma viagem a Caxias do Sul, em meados de 2012. Quando as crises se tornaram frequentes, ele decidiu procurar auxílio médico. 

Em 1º de setembro de 2016, consultou na Unidade Básica de Saúde Morro Santana, onde foi encaminhado para um especialista. No dia 26 de novembro de 2016, Jorge foi chamado para consulta na Santa Casa de Misericórdia, onde foram solicitados exames, a fim de verificar sua condição de saúde. O leitor optou por fazer os testes em uma clínica particular, em abril de 2018, devido à demora em ser chamado pelo SUS. 

Uma “bomba” 

Ele retornou ao hospital em 2 de maio de 2018 para mostrar os resultados, que constataram a necessidade de cirurgia para retirada das pedras. 

Desde então, mais de um ano depois, o idoso ainda aguarda a chamada para realização do procedimento. 

— Os médicos dizem: “Tu está com uma bomba dentro de ti, uma hora as pedras podem evoluir para uma pancreatite”.  Mas, então, porque não tiram isso de mim? Estão me enrolando, até hoje esperando leito — desabafa. 

“É um sofrimento”

Com a descoberta do problema de saúde, a vida de Jorge mudou. Além das consultas e exames de rotina, os incômodos causados pelos cálculos biliares também passaram a fazer parte do dia a dia do aposentado: 

— Não me alimento direito porque não sinto fome. Emagreci seis quilos. Todo dia, ao acordar, tenho ânsia de vômito. Se como algo mais temperado, já me dói bastante e tenho de tomar medicação. É um sofrimento. 

Para driblar as crises, enquanto a operação não ocorre, ele precisou adquirir novos hábitos alimentares: evitar comidas gordurosas e ingerir bastante água. 

— Minha última crise forte, pra valer, foi há uns seis meses. Eu desmaiei de dor. 

Apesar da relativa melhora, Jorge não se sente seguro em levar a vida normalmente: 

— Trabalhei a vida toda viajando, sempre gostei de passear. Hoje, mal saio de casa, pois temo sofrer uma crise e não ter recurso pra tratar. Só vou ficar tranquilo quando sair a cirurgia. 

Ainda sem previsão

Contatada pela reportagem, a Secretaria de Saúde (SMS) de Porto Alegre informou que a indicação de procedimento cirúrgico, após a consulta médica com especialista, deverá ser informada à SMS pelo hospital responsável — o que, até o momento, não ocorreu. A pasta comunicou, ainda, que não foi localizada no sistema de gerenciamento nenhuma solicitação de internação hospitalar em nome desse paciente. 

A Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, onde o paciente aguarda chamada para a cirurgia, explicou que há uma fila de espera para esse tipo de intervenção, na qual são priorizados os casos considerados urgentes. O caso de Jorge está classificado como eletivo, motivo pelo qual ainda não foi emitido comunicado à SMS. 

De acordo com o hospital, o paciente foi chamado para a realização de novos exames na tarde de ontem, a fim de atualizar seu quadro clínico. Não foi informado prazo para que ele seja operado. 

Produção: Camila Bengo

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