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Seu Problema é Nosso

Após mais de quatro anos de espera, idosa consegue cirurgia

O procedimento foi realizado em 10 de junho no hospital Dom João Becker, em Gravataí

05/07/2019 - 10h00min


Lauro Alves / Agência RBS
Sorridente, a aposentada está na contagem regressiva para tirar a tipoia

Por mais de quatro anos, a aposentada Luzia Saldanha Teixeira, 65 anos, de Gravataí, conviveu com a espera pela realização de uma cirurgia, agravada pelas dores, restrições e o uso de uma indesejada tipoia no braço – suporte utilizado para imobilizar o membro. Desde 8 de outubro de 2014, quando a idosa tropeçou na calçada e fraturou o úmero direito – osso que articula com a escápula, no ombro –, o equipamento ortopédico faz parte de sua vida.

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Hoje, Luzia está em contagem regressiva para se livrar do apoio, que já se tornou quase uma extensão de seu corpo. Em 10 de junho, a saga pela cirurgia no ombro finalmente teve um fim: operada, a idosa se recupera bem, mas ainda precisará conviver com a tipoia por mais um mês e meio, para garantir o sucesso da recuperação. Ela conta as horas para poder voltar a se movimentar normalmente:

— O médico me orientou a não forçar o braço e deixá-lo sempre preso ao corpo. Fiquei tantos anos com ela (a tipoia), que até me acostumei. Pelo menos, agora, é por uma boa causa. Logo, vou poder voltar a fazer meu trabalho normal em casa.

Espera

Desde o início de 2015, a aposentada aguardava pela chamada para realizar a cirurgia no Hospital Universitário (HU), em Canoas _ ela foi encaminhada ao HU pelo hospital Dom João Becker, de Gravataí, devido à complexidade do caso. Ao longo dos mais de quatro anos de espera, consultas e dezenas de exames acompanharam a rotina da idosa, mas a operação nunca foi marcada. Segundo ela, a sensação é de que foi "empurrada com a barriga".

— Não foi ruim, foi horrível. A cada seis meses, me chamavam para fazer exames, e assim continuava. A cada consulta, diziam que os exames estavam vencidos, mas a cirurgia, que é bom, nada — conta, sobre o acompanhamento no HU. 

Insatisfeita com o atendimento prestado, Luzia procurou a Secretaria de Saúde de sua cidade no final de 2018, a fim de pedir que seu caso fosse transferido a outro hospital. Segundo ela, a orientação que recebeu foi de que deveria consultar novamente em um posto de saúde. Após consulta na Unidade de Saúde Vila Branca, em 26 de dezembro de 2018, ela foi novamente encaminhada ao Hospital Dom João Becker. Ainda assim, permaneceu na fila de espera do Hospital Universitário.

Robinson Estrásulas / Agência RBS
Raio X: antes da operação, a fratura no úmero direito causava dores e incômodos à Luzia

"Estou me recuperando bem", conta idosa

À época da última reportagem que relatava o drama vivido por Luzia, o HU informou que uma consulta havia sido marcada para a idosa em 5 de junho. Já o hospital Dom João Becker, onde ela também aguardava pelo procedimento, informou que a cirurgia deveria ocorrer ainda no mês de junho.

Conforme prometido, Luzia realizou consulta no HU na data informada à reportagem. Contudo, segundo a aposentada, nesta consulta, foi avisada de que o SUS não forneceria o material necessário para sua cirurgia – uma placa bloqueada. Desse modo, ela deveria acionar a Justiça para obtê-lo, o que poderia prolongar ainda mais sua espera. 

— Precisava de quatro anos para eles me dizerem isso? — questionou a idosa, desapontada.

Entretanto, alguns dias depois, o hospital Dom João Becker entrou em contato com a aposentada para marcar a cirurgia. No dia 10 de junho, ela finalmente realizou a tão desejada operação, dando fim aos últimos quatro anos de frustração. Neste caso, todo o procedimento foi coberto pelo SUS.

— Cheguei ao hospital às 8h, fui anestesiada e acordei por volta das 14h, com a cirurgia feita. Às 16h, já estava em casa. Foi muito bom. Estou me sentindo bem melhor e me recuperando bem — conta.

Em 24 de junho, Luzia retornou ao hospital para retirar os pontos e avaliar a recuperação. Agora, o próximo retorno deve ocorrer no dia 8 de agosto, quando será feito mais um raio X para verificar a evolução do quadro.

Questionada sobre o relato de Luzia acerca da necessidade de abertura de ação judicial para requisição de material para a cirurgia, bem como a respeito da demora em ser chamada para o procedimento, a prefeitura de Canoas, responsável pelo HU, não se manifestou até o fechamento desta reportagem.

Lauro Alves / Agência RBS
Operada, a aposentada mostra a nova radiografia

"Nem acredito que acabou", comemora 

— Decidi entrar em contato com o jornal porque já havia buscado todos os recursos, mas não tinha retorno. Compro o Diário todos os dias e sempre acompanho o espaço em que os leitores contam seus problemas. Por isso, resolvi procurar ajuda também — conta a aposentada, que teve a história relatada três vezes no Diário Gaúcho.

Agora, ela comemora o fim da espera pela operação:

— O jornal me deu uma baita força. Pois, lá em Canoas, por exemplo, mesmo eles me empurrando com a barriga, cada vez que saia a reportagem, me chamavam para consultar. Não foi fácil, foram quase cinco anos, mas foi uma vitória. Depois de todo esse tempo esperando, nem acredito que acabou. 

Produção: Camila Bengo

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