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Noite especial

Bailarinas da periferia de Alvorada se unem para realizar festa de debutantes

Cinco alunas da profe Clau, de Alvorada, vendem rifas e buscam doações para realizar o sonho da festa de 15 anos

15/07/2019 - 07h00min


Jeniffer Gularte
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Félix Zucco / Agencia RBS
Meninas entre 14 e 15 anos se empenham para realizar sonho de debutar

Cinco bailarinas da periferia de Alvorada estão vendendo rifas para pagar a própria festa de debutante. As gurias são alunas da professora Claudia Souza Malta Costa, 19 anos, que há sete anos dá aulas de balé para meninas de bairros carentes da cidade. Agora, além das aulas aos sábados dadas para 120 garotas de três a 22 anos, a profe Clau e suas alunas se empenham para colocar de pé uma festa para 400 pessoas. A comemoração está marcada para o dia 14 de setembro no salão da Igreja Nossa Senhora do Caravaggio.

Para participar do baile, as alunas deviam estar há mais de um ano no balé, completar quinze anos entre 2019 e 2020 e, principalmente, ter boas notas na escola. Este último, aliás, é um critério fundamental levado em conta para a permanência de todas as meninas no projeto. As escolhidas foram Maria Eduarda Riffel, Maria Eduarda Pinto, Juliana Costa, Stefany Oliveira e Larissa Alves.

A organização do baile começou em março. Até agora, já foi possível alugar o salão da festa, contratar a decoração e garantir o empréstimo dos vestidos, todo o resto – salgados, doces, bebidas, fotos, filmagem, copos, pratos e talheres descartáveis – ainda faltam. Clau e as mães das bailarinas correm para conseguir parceiros interessados em tornar real o sonho das garotas. E elas também se empenham: cada debutante precisa vender 250 números de uma rifa que sorteará um tablet. 

Cada debutante poderá levar até 30 convidados. Os demais poderão entrar mediante compra de ingresso, a R$ 10. Na festa, haverá apresentação de danças e a valsa. A profe Clau, que cursa Administração e trabalha como recepcionista, conta que o maior desafio é conseguir as doações, já que o único caixa do grupo é um chá beneficente anual realizado em novembro e a venda de rifas durante o ano:

– Recebemos muitas promessas que não se consolidam. Por isso, o empenho das gurias em vender as rifas é fundamental.

Félix Zucco / Agencia RBS
Larissa, Maria Eduarda, Stefany, Maria Eduarda e Juliana: bom desempenho em sala de aula é fundamental

Em família

Stefany Costa de Oliveira, 14 anos, mobilizou os parentes para ajudá-la na missão. Também reúne as outras meninas no final de semana para vender rifas pelo bairro:

– Elas sonham tanto com esse dia que não medem esforços, demos para a família e vizinhos venderem, está todo mundo ajudando. É um momento único para elas e eu estou sonhando junto – conta a mãe da menina, a técnica de gesso hospitalar Andreia Lobato Costa, 34 anos. 

Stefany conta que está realizando um desejo dela e da mãe, que não teve festa de debutante e sonha em ver a filha ter sua própria comemoração. Uma das mais empolgadas do grupo, diz que não vê a hora de usar o vestido e entrar no salão com sua família. 

Se não fosse pelo esforço do grupo de dança, nenhuma delas teria uma noite especial como essa.

– Nossas famílias só poderiam pagar um bolinho em casa. O que vamos realizar é um sonho de toda menina – avalia Juliana Souza Malta Costa, 15 anos. 

_ É algo que a gente sonha desde criança, agora é a expectativa para chegar a nossa vez _ diz Maria Eduarda da Silva Pinto, 14 anos.

Félix Zucco / Agencia RBS
Bailarinas vendem rifa para bancar festa dos sonhos

Determinação

Permitir que elas curtam essa fase e permaneçam meninas é um dos objetivos da iniciativa, comenta a mãe da Clau, Marlene de Souza Costa, 53 anos.

– É lindo ver elas sonhando, pensando e se preocupando com questões de meninas da idade delas, porque muitas outras garotas, nessa mesma idade, já estão grávidas e deixando a escola – compara.

Carlos Macedo / Agencia RBS
Profe Clau comanda os ensaios

Marlene sempre foi uma espécie de "xerife" do grupo, supervisionando as aulas dadas pela filha – a Clau começou o projeto quando tinha 13 anos– e hoje se empenha em manter o figurino das bailarinas sempre impecável. Ao longo dos ensaios, a determinação das gurias se fortalece. Além dos passos de dança, elas aprendem sobre comprometimento, persistência e pontualidade. 

– Elas ficam mais obedientes, nos ouvem mais, sem falar na disciplina para decorar todas as coreografias – explica Fabiana da Silva Pinto, 42 anos, mãe da Maria Eduarda, 14 anos. 

Este é o segundo baile organizado pelo grupo. O primeiro foi há três anos, para três meninas, quando Clau também debutou:

– A gente percebe que elas esperam muito por esse momento e estamos empenhadas a realizar esse sonho, assim como foi na primeira festa – afirma Clau. 

As cinco debutantes
Maria Eduarda Neves, Riffel, 15 anos
Maria Eduarda da Silva Pinto, 14 anos
Juliana Souza Motta Costa, 15 anos
Stefany Costa de Oliveira, 14 anos
Larissa de Oliveira Alves, 14 anos

Como ajudar
Pelo telefone: (51) 992792316
Pelo Facebook: facebook.com/grupodedancaindependance/



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