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Porto Alegre

Fila da ortopedia diminui, mas espera ainda é longa: pode levar 561 dias

Apesar da redução do número de pacientes no aguardo por consulta, a demora ainda é grande

01/07/2019 - 05h00min


Jéssica Britto
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Marco Favero / Agencia RBS
Liliane fez fisioterapia, mas ainda não consultou com especialista

O aumento no número de consultas e a implantação de um sistema de acompanhamento das demandas reprimidas possibilitaram uma queda importante, segundo a Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre, na fila de espera por consultas com ortopedista – considerada pela atual gestão, quando assumiu, o maior gargalo dentre as especialidades. 

Em maio de 2018, 20.037 pessoas aguardavam por uma consulta com ortopedista em Porto Alegre. Um ano depois, esse número reduziu 67,51%, chegando a 6.509. Apesar da redução significativa, a espera segue longa em certos casos: o tempo médio de espera da fila, para algumas modalidades, supera um ano e meio (veja no quadro abaixo). 

Segundo o secretário-adjunto de saúde, Natan Katz, ainda em 2017, a prefeitura ampliou a oferta de consultas e, em 2019, começou o projeto Regula Mais Brasil. 

Este projeto é desempenhado por profissionais de dentro do Hospital Sírio Libanês, por intermédio de um programa federal (com financiamento federal e executado por instituições de excelência), que revisa os casos represados e define como eles podem ser resolvidos.

– Os pacientes são sinalizados no sistema e a equipe discute caso a caso. Por exemplo, se tem um paciente com dor nas costas, não necessariamente ele precisará ir para um ortopedista, pois nem sempre se trata de um caso cirúrgico, mas que precisa de uma fisioterapia, de alongamento... O que a equipe faz é orientar o médico sobre o melhor manejo. Com isso, o paciente é reavaliado pelo médico da Unidade de Saúde e é definida a melhor conduta – explicou.

Maior fila

Antes, como define o secretário, os profissionais seguiam para o tratamento conservador e acabavam gerando a lista de espera. Hoje, enquanto o caso é revisto, o paciente não perde o lugar na fila até ter o encaminhamento final. O sistema funciona para casos antigos e novos.

Mesmo com queda no número de usuários que aguardam na fila da ortopedia, e nisso incluem-se todas as subespecialidades – coluna, ombro, mão, joelho, pediatria, pé e quadril –, o tempo de espera em algumas áreas ainda é grande. Quem necessita de atendimento para ombro, por exemplo, espera 561 dias, em média, para ser chamado para consulta. Em maio de 2018, a espera média era de 658 dias. A redução mais significativa foi da ortopedia adulto: a média de espera caiu de 1.162 dias, em maio de 2018, para 243 dias, em maio de 2019.  

– A ortopedia geral era a nossa maior espera. Agora, ainda temos problemas em algumas áreas, onde não há tanta gente, mas o tempo de espera é alto. Ombro, mão, pediátrico têm poucas ofertas de consulta, temos que melhorar nisso, mas é um projeto que está caminhando, pois são casos que ainda não foram olhados pela equipe para ver se precisa mesmo de encaminhamento ou não. Temos que colocar o paciente certo no lugar certo – detalhou Katz.

Dores há dois anos

Marco Favero / Agencia RBS
"Tenho dor", diz Liliane

A agente de saúde Liliane dos Santos Machado, 55 anos, sofre com desgaste na lombar e cervical e aguarda há cerca de dois anos pela consulta. Liliane realizou a primeira consulta na US da Lomba do Pinheiro, onde mora, e foi encaminhada para fisioterapia. Mas, até hoje, não foi avaliada por um profissional especializado na doença. Recentemente, recebeu contato da Secretaria para reconsulta, que, finalmente, deve ocorrer nesta semana. 

– Tenho dor, embora tenha feito 20 sessões de fisioterapia e até melhorado um pouco. A gerência do posto entrou em contato comigo, e sei que com muitas outras pessoas, para a médica rever os pacientes – diz Liliane. 

Renovação direta

De acordo com a Secretaria de Saúde, há cerca de quatro meses houve uma mudança no sistema para encaminhamento de fisioterapias. Antes, o paciente ia para a Unidade de Saúde e, quando encaminhado, podia fazer até 20 sessões de fisioterapia. Se precisasse de mais, necessitava voltar para reconsulta na US. 

Hoje, não mais. Se a clínica apontar necessidade, pode pedir automaticamente a renovação de mais 20 sessões, ou seja, chegar até 40. Se, ainda assim, precisar de novas sessões, pode ser enviada solicitação de continuidade, que deverá receber autorização da Secretaria. Desta forma, o usuário não precisa interromper o tratamento. 



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