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Mais de 250 mil gaúchos estão inscritos no Encceja: saiba como se preparar para a prova

Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos será realizado em 25 de agosto

16/07/2019 - 07h00min


Jéssica Britto
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André Ávila / Agencia RBS
Talis frequenta cursinho e usa o tempo em casa para estudar

Faltando pouco mais de um mês para a realização do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja), o Diário Gaúcho preparou uma série de dicas para quem está se preparando para a prova, que possibilita a conclusão do Ensino Fundamental ou Médio.

As provas do Encceja serão aplicadas pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) no dia 25 de agosto em 611 municípios brasileiros. Em 2019, houve recorde de inscritos em todo país, 2.973.375 pessoas, 75% a mais que em 2018, segundo balanço divulgado pelo Inep. O Rio Grande do Sul foi o quarto Estado com maior número de participantes para as provas de Ensino Fundamental, tendo 65.895 inscritos, e o quinto para o Ensino Médio, com 190.015 inscrições.

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Muitos candidatos ficaram anos fora da escola, sem contato com os estudos, e podem ter dificuldades sobre como e o que estudar para a prova. De acordo com o professor do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) campus Alvorada, e coordenador de um projeto de extensão que atua na resolução das questões da prova, André Noronha Furtado de Mendonça, para uma pessoa que precisou se afastar por anos seguidos, às vezes por décadas, da escola, preparar-se para a prova é muito difícil. 

— Em geral, o candidato ao Encceja foi condicionado por uma vida de enormes pressões a abandonar cedo os seus estudos. O candidato tem, muitas vezes, enorme receio de que seja incapaz, principalmente por já possuir muitos anos de afastamento dos estudos — avalia o professor. 

Dedicação

De acordo com André, apesar das dificuldades da rotina, o candidato precisa, neste momento, dedicar-se ao estudo por, pelo menos, duas horas diárias. 

— E vale tudo, inclusive documentários no YouTube, Netflix.... Muita coisa do que cai é de conhecimento geral, então é deixar a novela, o jornal da noite e o futebol de lado e mergulhar em documentários sobre a fauna e os biomas brasileiros, sobre geografia, sobre história. Vale assistir, na internet, a tutoriais de física, química e matemática — explica.

O autônomo Talis Rangel, 26 anos, morador do bairro São João, parou de estudar há cerca de seis anos. Vendo a necessidade de concluir os estudos para se colocar melhor no mercado de trabalho, ele resolveu prestar o Encceja. Diferentemente do ano anterior, quando se inscreveu e não prestou a prova por achar que não estava preparado, desta vez, matriculou-se num cursinho. Ele frequenta as aulas uma vez por semana, durante três horas. No tempo livre, procura revisar a apostila e solucionar questões de provas anteriores.

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— Se não fossem as aulas eu estaria perdido, não saberia nem por onde começar a estudar. No cursinho, revisamos tudo, de uma forma leve, também recebemos orientações de como poderia ser a prova. Tem teoria, mas tem prática — explica Talis, que estudou até o 1º ano do Ensino Médio e abandonou a sala de aula para trabalhar. 

Planeje o dia da prova

Estruturar-se emocionalmente é parte importante para manter o foco na prova e não em fatores externos. Conforme o psicólogo Fernando Elias José, mestre em Psicologia pela PUCRS, pesquisador em Ciências Cognitivas direcionadas à preparação emocional de candidatos para provas, vestibulares e concursos, a primeira dica é planejar bem o dia de prova. 

— No dia 25 de agosto, tem que estar focado é na prova, ou seja, isento de problemas e dúvidas extras que podem causar um estresse desnecessário. Então, saiba o horário que você vai sair de casa para chegar um hora antes e tenha predefinido até mesmo o local onde você pode almoçar, antes de retornar para a segunda etapa da prova. É recomendável aumentar o ritmo de estudos até o dia 25, mas com organização e dentro da realidade. Você deve dar o seu melhor, porém sem exageros e respeitando os seus limites. Do contrário, você só vai se perturbar e o pior: o seu cérebro não vai absorver — pontua o psicólogo.

Para o dia da prova, é fundamental manter a tranquilidade. Na etapa da manhã, tem matemática, à tarde, redação. Ou seja, ambas etapas cansativas.

— Além de conhecimento técnico, será preciso conhecimento emocional para ter resistência. Quem, porventura, disponibilizar tempo até o dia 25, pode ir estudando e já treinando nesses horários para se acostumar. Muitos encaram a prova como um obstáculo, porém não se está enfrentando um inimigo. Tire qualquer carga negativa, lembre-se das portas que vão se abrir graças a essa prova e um futuro de acordo com os seus objetivos — destacou.

Confira algumas dicas de estudo

/// Por onde começar?

A prova do Encceja tem duas modalidades, a que certifica o Ensino Fundamental e a que certifica o Ensino Médio. Uma forma de começar é conhecendo o próprio site do Inep (portal.inep.gov.br). Você vai encontrar informações sobre a prova, sobre período de inscrições, vai encontrar provas anteriores e os gabaritos das provas neste link: bit.ly/gabaritosencceja. É importante baixar essas provas e tentar resolver as questões, mesmo que não tenha um estudo prévio. Isso possibilita ao candidato uma autoavaliação, que poderá reconhecer pontos mais fortes e pontos mais fracos, e quais conhecimentos ou áreas de conhecimento necessitam de maior dedicação. O contato com as provas dos anos anteriores ajuda também o candidato a reconhecer como ocorre a dinâmica das provas, avaliar o grau de dificuldade das questões etc. 

/// Quais matérias ou conteúdos priorizar? 

Língua portuguesa, em especial, e interpretação de texto. A escrita lógica e estruturada e bem argumentada, com início, meio e fim de uma redação. Biologia, química, física, matemática, geografia e história. Em biologia, é importante conhecer sobre epidemias, doenças congênitas, verminoses, embriologia, divisão celular, evolução, ecossistemas e biomas, inter-relações entre espécies. Temas mais complexos, como embriologia, tecidos e genética, não caem com os níveis que seriam esperados em um Enem ou em um concurso de vestibular. O mesmo vale para química e física, onde, por exemplo, costuma cair mais sobre movimento uniforme, componentes vetoriais de forças, visão geral sobre gravitação universal, estações do ano, estados da matéria etc. É importante saber resolver algumas equações e sistemas básicos, mas é mais importante conhecer os conceitos.

/// Com o que não perder tempo? 

Eu recomendo não perder tempo com questões de língua estrangeira, pelo menos não nos formatos até 2018, provavelmente 2019 deve seguir essa tendência. Cai uma questão em língua inglesa e cerca de duas em língua espanhola, então conhecer mais sobre a língua portuguesa é prioridade. As questões de física e de matemática são muito mais conceituais. Sim, é necessário conhecer um pouco de álgebra, um pouco de equação de 1º grau, um pouco de polinômios, um pouco de geometria, trigonometria (seno e cosseno), triângulos pitagóricos, porcentagem, análise de gráficos, estatística básica, mas não cai análise combinatória, não cai matrizes, não cai álgebra linear, ou questões mais complexas de matemática. 

/// Qual o modelo da prova?

As provas têm sempre 30 questões cada. As provas do Ensino Médio são divididas em Ciências da Natureza (com questões de física, biologia, e química), Ciências Humanas (história, geografia, filosofia), Linguagens (língua portuguesa, inglês, espanhol) e matemática. Cada questão apresenta o problema a ser resolvido com um pequeno texto, às vezes um pouco maior, com imagens, tirinhas, fotos etc, que introduz o candidato à situação a ser resolvida, para na sequência apresentar a pergunta ou questão e as alternativas a serem marcadas, que são sempre 4: a, b, c, d. Além da redação. 

*André Noronha Furtado de Mendonça - design gráfico e professor do IFRS-Alvorada


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