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Seu Problema é Nosso

Mais de uma década de espera por cirurgia agrava condição de idosa de Alvorada

Vera Lúcia da Silva Carvalho, 65 anos, sofre com osteocondromatose no joelho esquerdo há 20 anos e, ainda, não tem previsão de quando será operada

18/07/2019 - 10h20min


Félix Zucco / Agencia RBS
Para se locomover, a idosa precisa do apoio de uma bengala

— Se demorar mais cinco anos, aí eu já morri — desabafa a aposentada Vera Lúcia da Silva Carvalho, 65 anos, de Alvorada

Ela sofre com osteocondromatose no joelho esquerdo há 20 anos — doença caracterizada pelo surgimento de tumores ósseos benignos, formando inúmeros corpos livres de cartilagem nas articulações —, a luta da idosa por uma cirurgia para trocar a prótese que utiliza por conta da doença começou em 2008. Desde então, ela convive com as dores e com a dificuldade para fazer as atividades diárias e se locomover, mesmo com o apoio da bengala: 

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— Nunca pensei que fosse demorar tanto. Estou com a perna torta, com dores e sem conseguir caminhar direito. Me sinto muito triste, pois chegou a isso por falta de tratamento. 

Histórico

O Diário Gaúcho contou por três vezes a história da idosa. À época da primeira reportagem, publicada em 11 de janeiro de 2017, Vera aguardava havia nove anos por consulta com um ortopedista. Após passagem pela Unidade Básica de Saúde Cedro, em Alvorada, ela havia sido encaminhada para o especialista. Contudo, o chamamento nunca aconteceu. 

Dias após a publicação da reportagem no DG, em 17 de janeiro de 2017, Vera Lúcia foi chamada para consultar com o especialista. No dia 26 do mesmo mês, ela compareceu à Secretaria Municipal de Saúde (SMS), onde foi informada de que a cirurgia para tratar os tumores e trocar a prótese, que está quebrada, havia sido pré-agendada e deveria ocorrer em Porto Alegre. 

— O próprio médico me disse que, se não fosse a demora, o problema não teria chegado no estado em que chegou. Fico triste. Não estou nessa situação porque não procurei tratamento, mas porque não fui atendida — diz a idosa. 

Ainda em 2017, a aposentada passou pelo Hospital Independência, em Porto Alegre, onde recebeu diagnóstico apontando a necessidade de realizar uma artoplastia de revisão, com transplante de osso. Contudo, devido à complexidade de seu caso, ela foi encaminhada ao Hospital de Clínicas (HCPA). Em fevereiro de 2019, quando uma nova reportagem foi publicada no Diário Gaúcho, Vera se encontrava na 108 ª posição da fila de espera para a cirurgia, que contava com 136 pessoas. 

Félix Zucco / Agencia RBS
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Expectativa 

Mesmo após a longa espera, Vera Lúcia não perdeu a esperança de fazer a operação. 

— Tenho muita fé que uma hora o meu telefone vai tocar e me dirão que a cirurgia vai sair — conta a aposentada, que imagina como será sua vida após o procedimento: 

— Minha vida e minha autoestima vão mudar. Vou poder caminhar, vou poder viver. Agora, não estou vivendo, pois não posso fazer nada. Não tenho vontade nem de sair de casa, só saio por necessidade, pois tudo é uma dificuldade para mim. Eu quero conseguir viver o tempo que me resta. Isso vai ser a minha felicidade. 

Aposentada é a 92 ª na fila para procedimento 

A prefeitura de Alvorada, onde Vera aguardou por nove anos pela consulta com o ortopedista, explicou que a paciente não se encontrava no sistema da SMS até 2017 quando o DG contou pela primeira vez a história dela. Na época, ela foi reinserida na regulação para consulta com o especialista. 

Questionada sobre os motivos pelos quais a paciente sumiu do sistema, a prefeitura afirmou: “assumimos a gestão do município em 2017 e notamos que um número grande de pacientes não estavam inclusos no sistema. Então, foi solicitado que os mesmos fossem até uma Unidade Básica de Saúde e, tão logo, já os incluímos novamente”. 

O HCPA, onde a idosa espera pela cirurgia, informou que Vera se encontra na 92 ª posição da fila de espera, que é agravada por conta da demanda. Segundo o hospital, não há previsão para a realização do procedimento. 

Produção: Camila Bengo

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