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Pioneira

A história da primeira mulher credenciada pelo MTG como narradora de rodeios

A auxiliar de produção Laíne Araújo, de 30 anos, de Canoas, enfrentou a seleção em 2018, quando faz prova escrita, prática e entrevista

05/08/2019 - 07h00min

Atualizada em: 05/08/2019 - 09h28min


Jéssica Britto
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Arquivo Pessoal / Arquivo Pessoal
Laíne espera que seu pioneirismo sirva de incentivo para outras mulheres

Os costumes tradicionalistas estão enraizados na vida da auxiliar de produção Laíne Araújo, 30 anos. Natural de Canoas, ela cresceu na vizinha Nova Santa Rita, onde, incentivada pelos pais, Carmen e Luiz, conheceu os Centros de Tradições Gaúchas (CTG). A mãe foi uma das fundadoras do CTG Querência Pampeana, do qual a família faz parte até hoje.
Atualmente vivendo em Estância Velha, a auxiliar de produção divide seu tempo entre o trabalho formal e a paixão pelos rodeios.

É experiente em provas de laço e rédea – funções que desempenha desde o 10 anos –, já conquistou diversos títulos estaduais e até nacionais. Entre eles, o de Campeã Nacional de Rédea e Laço, no Rodeio Nacional de Campeões, em 2017, no Mato Grosso. 

Família Goulart Fotografia / Divulgação
Laíne é experiente em provas de laço e rédea

Laíne ainda é heptacampeã de rédea pela Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars).

Protagonismo

Se não bastasse toda  a bagagem cultural, no ano passado, ela se propôs a um desafio maior e fez história dentro do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG). Participou da seleção e, aprovada, tornou-se a primeira mulher credenciada pelo MTG como narradora de rodeio.


– Eu sempre gostei muito de crianças, ajudava a gurizada na vaca parada e brincava de narrar. Uma vez, tínhamos uma cancha de laço e promovemos um evento. Meu pai me disse que eu iria narrar. E foi assim que eu comecei – conta.

A seleção para novos  de narradores, envolve três etapas: prova escrita, entrevista e prova prática. A prova escrita avalia o conhecimento do candidato sobre o regimento interno, regulamento campeiro e conhecimento tradicionalista.

A entrevista é realizada por membros do MTG. E a prova prática, avaliada pelos conselheiros, analisa dicção, oratória, desenvoltura, conhecimento campeiro, técnico, leitura, entre outros componentes. Para participar da seleção, o candidato deve ter realizado o Curso de Formação Tradicionalista (CFOR) anteriormente. 


Laíne prestou a prova em 2018, recebeu a permissão provisória e, depois de um ano, a permanente. Apesar de ter feito e continuar fazendo história no Estado, ainda encontra resistência para deslanchar na função.

– Mesmo que conheçam minha capacidade, ainda preferem a voz masculina. Eu achei que o meu credenciamento ia mudar isso. Ainda assim, tenho muito apoio dos colegas – relata ela.

Laíne espera que o seu pioneirismo sirva de incentivo para que outras mulheres tomem gosto pela prática e aumentem a participação em posições de destaque dentro do tradicionalismo gaúcho.

– Me sinto satisfeita por ter sido a primeira mulher narradora e espero que isso influencie outras a terem coragem de seguir o mesmo caminho. Ainda precisamos melhorar a participação da mulher nesse meio, falta, por exemplo, uma presidente no MTG – opina.

Seleção para novos narradores

Atualmente, o Estado do Rio Grande do Sul tem 192 narradores credenciados pelo MTG. Até o dia 9 de agosto, o MTG estará recebendo as inscrições para os interessados em participar da nova seletiva, como o Piquetchê do DG mostrou em reportagem do dia 22 de julho.

O credenciamento e a prova para novos narradores ocorrerão no dia 24 de agosto, na Associação Tradicionalista Estância do Minuano, em Santa Maria, a partir das 8h.



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