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EMPREENDEDORISMO

Lojas de açaí são a bola da vez em bairros da Região Metropolitana

Frutinha roxa está fazendo o maior sucesso em lancherias e sorveterias e surge como opção de negócio

28/09/2019 - 11h08min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Félix Zucco / Agencia RBS
Açaí, com muitos acompanhamentos, faz a alegria dos clientes

Tem textura de sorvete. É gelado como sorvete. Pode até ser consumido como sobremesa, igual ao sorvete. Porém, não é sorvete: é açaí – uma fruta típica do norte do Brasil que se popularizou também no resto do Brasil e que vem fazendo o maior sucesso em bairros da Região Metropolitana. Mas, diferentemente da terra natal, onde é consumido in natura – batido e servido na tigela –, por aqui, o açaí se tornou uma alternativa aos sorvetes e milk-shakes. 

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A iguaria é produzida a partir da polpa congelada, vinda, principalmente, do Pará. Uma pesquisa divulgada pelo IBGE na quinta-feira mostra que o Brasil produziu 222 mil toneladas de açaí em 2018 – número 0,9% acima do obtido em 2017. 

De cor roxa escura e gosto semelhante a um sorvete de uva com sabor mais forte, a opção é uma boa pedida para dias mais quentes. Na Grande Porto Alegre, sorveterias aderiram à fruta e lojas exclusivas para venda do açaí também estão em funcionamento. O destaque fica por conta dos acompanhamentos, que vão desde frutas até leite condensado, confeitos, caldas e leite em pó. 

O Diário Gaúcho foi provar o sabor peculiar, saber o que leva empreendedores a investirem no ramo e, claro, saber o que atrai os consumidores. O empresário João Henrique Streb, 26 anos, por exemplo, descobriu o sabor numa viagem a Santa Catarina. Dono de uma sorveteria criada em Alvorada em 2014, resolveu trazer o açaí para seu empreendimento. Recentemente, João abriu filiais em Cachoeirinha e em Viamão. Ele conta que a fruta já representa 30% das vendas. 

O sucesso é tanto que a empresa criou até uma promoção: um prato no formato de barco com três quilos de açaí. Se três clientes consumirem tudo em 15 minutos, ganham R$ 500. 

– A fruta tem esse apelo por ser algo natural. Então, estamos lançando também a mistura de sorvetes naturais com o açaí. Será uma das nossas apostas para o verão – projeta o empresário.

Félix Zucco / Agencia RBS
Claudia abriu loja em Canoas

Para a doceira Claudia Oliveira, 36 anos, o açaí surgiu como opção de trabalho. Moradora do bairro Rio Branco, em Canoas, a oportunidade apareceu quando uma irmã, que vive em São Leopoldo, saiu do emprego para criar mais de perto o filho que iria nascer.

– Resolvi apostar no negócio em São Leopoldo. Deu muito certo e minha irmã acabou assumindo a gestão em definitivo – conta ela.

Como o tempo, cansada com os deslocamentos, Claudia resolveu abrir um novo espaço na cidade onde mora. A loja completa um ano em dezembro. Conforme a proprietária, por semana, uma média de 1,8 mil copos de açaí de variados tamanhos são comercializados.

A febre do consumo do açaí motivou o casal Wellington da Silva, 23 anos, e Evelen Santos, 21 anos, a se arriscar no mundo dos negócios. Juntando as economias acumuladas, os dois pesquisaram um ramo onde investir. E foi na venda da fruta que encontraram uma solução. 

Félix Zucco / Agencia RBS
Wellington e Evelen trocaram empregos por loja em Canoas

Wellington largou o emprego na Ceasa. Evelen era vendedora em uma ótica. No início de setembro, deram início à loja, que fica no bairro Mathias Velho, em Canoas.

– Confesso que nos surpreendemos com o resultado. A expectativa era ir crescendo aos poucos, mas vendemos uma boa quantidade nas primeiras duas semanas – vibra Welington.

Entre uma loja e outra, os tamanhos e preços das porções de açaí variam. A polpa congelada pura pode custar entre R$ 5 e R$ 17, dependo do tamanho do copo. Os adicionais são cobrados separadamente e variam entre R$ 1 e R$ 5 por item.

Félix Zucco / Agencia RBS
Diego e a família são fãs de carteirinha

Para quem experimenta o fruto, a aprovação é quase unânime. O bombeiro civil Diego da Silva Viera, 34 anos, conta que a refeição “já é sagrada”. Acompanhado da esposa, a dona de casa Mirian dos Santos, 30 anos, e da filha, Isabela, três anos, ele garante comer açaí todo os dias.

– É bom até quando está frio – diz.

Tem quem defenda que já gostava da iguaria antes da popularização. É o caso do motorista Adriano Meira, 31 anos. Ele conta que já provava a polpa antes da tendência das lojas especializadas e do acréscimo de acompanhamentos se espalhar. Mas confessa que as mudanças lhe agradaram:

– Fica ainda melhor quando acrescento frutas e caldas. Mesmo assim, o sabor do açaí, por si só, já é muito bom.

Saudável, porém calórico

Aos amantes do fruto de coloração roxa, a nutricionista e doutora em Cardiologia Glaube Riegel diz que é aceitável consumir até 200g de açaí por dia. Entretanto, a especialista alerta que, por ser rico em calorias e carboidratos, a ingestão deve ser contrabalanceada com exercícios físicos. Caso contrário, pode haver acúmulo de gordura. E a mistura com outras frutas ou cereais acaba transformando a refeição em uma bomba calórica. Por isso, melhor comer o açaí puro:

– No Norte, é comum ser consumido puro. Quanto mais mistura, mais perde-se os benefícios da fruta em si.

Entre os benefícios que a fruta traz, alguns se destacam. Um exemplo é a melhora da circulação cardiovascular, que ajuda no combate ao aparecimento de varizes. Além disso, a presença de fibras no açaí auxilia no melhor funcionamento do intestino.

– É uma fruta muito saudável, o único alerta fica por conta da valor energético, que é alto –reforça Glaube.


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