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Para obras do aeroporto

Na segunda fase de mudanças da Vila Nazaré, 480 famílias irão para condomínio no Rubem Berta

Outras 236 habitações serão preenchidas em residencial no Sarandi

06/09/2019 - 20h04min


Alberi Neto
Alberi Neto
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Omar Freitas / Agencia RBS
Loteamento Irmãos Maristas tem capacidade para receber 1.298 famílias

O Departamento Municipal de Habitação (Demhab) começou a traçar os passos da segunda fase de mudanças da Vila Nazaré, na zona norte de Porto Alegre. A comunidade onde vivem mais de 1,2 mil famílias está sendo transferida para dois condomínios nos bairros Sarandi e Rubem Berta, na mesma região da Capital. O superintendente de Ação Social e Cooperativismo do Demhab, Emerson Correa, adianta que ainda na primeira quinzena deste mês será feito o sorteio das famílias que serão levadas na segunda fase das mudanças. 

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Conforme Emerson, vão ser mais 236 habitações preenchidas no condomínio Senhor do Bom Fim, no Sarandi. Com isso, 100% do local —  que tem 364 residências, entre casas e apartamentos — ficará ocupado. Outras 480 famílias serão sorteadas para serem as primeiras a chegar no condomínio Irmãos Maristas, no Rubem Berta. A maior parte da Vila Nazaré, aliás, irá para esse local. O loteamento tem capacidade para receber 1.298 famílias. 

As unidades habitacionais que não forem ocupadas serão encaminhadas para outras demandas de moradia social do Demhab. Atualmente, o órgão tem uma fila de espera por residências de quase 50 mil pessoas. As mudanças devem recomeçar entre o final de setembro e início de outubro.

Aeroporto

O objetivo das mudanças é liberar o espaço atual do bairro — uma área ocupada ao lado do Aeroporto Salgado Filho— e permitir as obras de ampliação da pista, que serão tocadas pela nova administradora do terminal aeroportuário, a empresa alemã Fraport. 

Omar Freitas / Agencia RBS
Local se destaca diante de comunidades da vizinhança

Em 12 de agosto, a prefeitura concluiu a primeira fase das transferências, com 128 famílias levadas para o Senhor do Bom Fim. A segunda fase da operação chegou a ser suspensa pela Justiça Federal após um pedido conjunto do Ministério Público Federal (MPF), Ministério Público (MP) do Rio Grande do Sul, da Defensoria Pública da União (DPU) e da Defensoria Pública do Estado. Os órgãos alegaram que a realocação seria responsabilidade da Fraport.

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A decisão foi revertida, ainda em agosto, depois de a juíza Thais Helena Della Giustina, da 3ª Vara Federal de Porto Alegre, entender que o "número de unidades habitacionais oferecidas é superior ao de ocupações existentes na Vila Nazaré, não existindo qualquer impedimento, portanto, a que inclusive a integralidade das famílias seja abrangida pelo programa de desocupação desenvolvido pelo Demhab, município de Porto Alegre e Fraport".

Ameaça do tráfico

No início de julho, o Diário Gaúcho acompanhou de perto as primeiras mudanças da Vila Nazaré. Circulando pelo bairro, foram ouvidos relatos de que a divisão da comunidade e a localização do condomínio que receberá a grande parte das famílias, no bairro Rubem Berta, não agradava alguns moradores. O Demhab sempre ressaltou que um dos impedimentos do trabalho na Vila Nazaré era a constante ameaça do tráfico de drogas, contrário ao desmonte da comunidade. 

Nos meses que se seguiram, operações da Polícia Civil na Nazaré confirmaram a suspeita: o receio dos criminosos em perderem o controle da área, um dos maiores pontos de venda de maconha no Estado, fez com eles criassem um sistema que tornou a Nazaré um cenário totalmente vigiado. A situação chegou ao ponto de a polícia descobrir que um homem que se identificava como líder comunitário era apontado por moradores como quem fazia ameaças para que as pessoas não deixassem a comunidade. Identificado como Daniel Alex da Silva Dutra, ele segue com prisão preventiva decretada e é considerado foragido da Justiça.

Depois das ações da Polícia Civil, o superintendente do Demhab, Emerson Correa, conta que o trabalho melhorou, com mais receptividade dos moradores. Ele cita que "a rotina de ameaças e falsas promessas criou várias ilusões nos moradores".

— O tráfico tentou criar uma impressão ruim do local, de que o condomínio Irmãos Maristas ficava numa zona de miserabilidade. Diziam que as pessoas que se negassem a sair ganhariam indenizações em dinheiro. Nada disso procede, ninguém vai pegar dinheiro. Quem não quiser sair, negociará individualmente com a Fraport — diz Emerson. 

Escola infantil, posto de saúde e DP

O DG visitou o espaço na Zona Norte. O acesso a área é complicado, exigindo passagens por ruas estreitas e alguns pontos sem asfalto. Entretanto, os prédios erguidos na região se sobressaem a comunidades próximas, como Timbaúva, Wenceslau Fontoura e Jardim Leopoldina. Operários ainda trabalham na área, finalizando alguns prédios e áreas de pavimentação. No condomínio, são mais de 30 prédios com cinco andares cada. Além disso, outras cerca de 30 casas também foram construídas. As residências, assim como os apartamentos que ficam em piso térreo, serão destinados para idosos e pessoas com dificuldade de locomoção.

Segundo o superintendente do Demhab, Emerson Correa, o condomínio do Rubem Berta terá escola infantil com capacidade para 120 crianças, um posto de saúde de porte médio e a nova sede da 18ª Delegacia de Polícia Civil. A construção da creche e do posto, assim como uma área destinada a comércios, será de responsabilidade da Fraport. Emerson acredita que, com a melhoria na relação com a comunidade, o número de famílias que não irão sair voluntariamente da comunidade será mínimo: 

— Temos feito visitas com as famílias ao Irmãos Maristas. Mais de 500 famílias já foram até lá e aprovaram a infraestrutura. Seguimos com o objetivo de concluir toda a transferência até o final deste ano.


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