Notícias



REDE MUNICIPAL

Em Canoas, escola funciona em prédio improvisado desde 1990

Alunos da Escola Municipal Ildo Meneghetti, no bairro Estância Velha,  estudam em estrutura precária. Prefeitura promete erguer novo prédio 

01/10/2019 - 05h00min


Jéssica Britto
Enviar E-mail
Omar Freitas / Agencia RBS

O segundo semestre letivo começou, e a promessa para construção do novo prédio da Escola Municipal Ildo Meneghetti, no bairro Estância Velha, em Canoas, mais uma vez, não se cumpriu. Mobilizados, os pais organizaram um dossiê com documentos e fotos dos problemas estruturais da instituição e entregaram na última quarta-feira (25) ao Ministério Público. 

Leia mais
Manoel Soares vibra com a formatura de mais de 200 jovens da Grande Cruzeiro
Escolas cívico-militares: Alvorada e Caxias do Sul são cidades contempladas
Falta de professores em escola de Canoas preocupa pais e alunos 

Em fevereiro de 2018, o DG mostrou a situação da escola, que funciona em estruturas provisórias desde 1990. Os prédios sofrem com cupins, com assoalhos de madeira ocos e soltos e fiação elétrica insuficiente. 

– Olha aqui esta parede, balança! – demonstra uma das professoras da escola ao tocar na estrutura, durante a passagem da reportagem pelas salas de aula.

Os alunos também fazem questão de mostrar os remendos no piso, que constantemente se solta. Os consertos têm sido feitos por um voluntário que tem netas na escola. 

Omar Freitas / Agencia RBS
Refeitório, sem paredes laterais, não pode ser usado quando chove

Presidente do Conselho de Pais e Mestres (CPM), Jadir Carvalho, 38 anos, lembra ainda do muro lateral do prédio que está caindo, do refeitório que alaga a cada chuva e do perigo a que as crianças estão expostas, diariamente, por ficarem em salas de aula que foram construídas com amianto, que é tóxico e tem uso proibido. 

– Há relatos cada vez mais frequentes de crianças dor de cabeça durante as aulas – conta Jadir.

Omar Freitas / Agencia RBS
Jadir Carvalho procurou MP

Um dos problemas mais graves da escola mostrados pelo DG no ano passado se referia a uma parte do prédio que estava despencando. O título da matéria, “Tomara que Não Caia”, reforçava o cenário enfrentado. Há um ano, essa estrutura foi demolida, e, no lugar, colocados dois contêineres, onde, hoje, funcionam os dois primeiros anos. Mesmo improvisados, pelo menos agora, os alunos estudam em um ambiente mais seguro e com ar-condicionado. 

No entanto, no restante da escola, as complicações prosseguem. Uma grande estrutura de concreto, sem nenhuma cobertura, é usada para as apresentações. Em dia de chuva, o refeitório não pode ser usado, pois uma parte do espaço é aberta e a água invade as poucas mesas usadas para atender os cerca de 600 alunos. Outra preocupação é com a fiação elétrica.

– Tem queda de luz todo dia. Nós promovemos eventos para arrecadação de verbas e conseguimos reunir um valor para compra de ar-condicionado, mas não tivemos autorização para instalar em função da rede elétrica. Quase tudo que conseguimos de melhorias aqui são feitas por nós mesmos – destaca a diretora Edineia Petry.

Omar Freitas / Agencia RBS
Piso com tábuas soltas oferece perigo a estudantes e professores

Apesar dos elogios ao plano pedagógico da escola e aos professores, os pais afirmam que temem pela segurança dos filhos. A técnica em Enfermagem Cláudia Cardoso, 42 anos, conta que viu o projeto de construção da nova escola, pela primeira vez, há cinco anos.

– A gente fica sempre na esperança de que vai acontecer – enfatiza.

A dona de casa Rosa dos Santos, 42 anos, já formou um filho na escola e agora acompanha a rotina do outro, aluno do 5º ano, no espaço cada vez mais deteriorado.

– A comunidade se mobilizou para votar no Orçamento Popular, conquistamos a construção da nova escola, mas ficou tudo na promessa. Troca governo e continua tudo igual – critica Rosa.

Prefeitura irá desmanchar escola e construir outra nova

A prefeitura de Canoas diz estar ciente do estado precário que a escola se encontra e, levando em consideração o descaso de antigas gestões, buscou alternativas para construir um novo prédio. Uma delas era trocar um terreno avaliado em R$ 11 milhões pela construção de três escolas, uma delas a Ildo. Para isso, a prefeitura lançou três editais para captar empresas interessadas na permuta, mas não houve interessadas. 

O município, então, buscou empréstimos junto ao Banco do Brasil, recursos garantidos recentemente. “Neste momento, aguardamos a análise da documentação para liberação dos valores e início da licitação”.  “Não há, diante do estado de degradação da estrutura, como fazer reformas pontuais ou pequenas melhorias. A prefeitura de Canoas irá desmanchar a escola e construir uma nova”.  O valor estimado da obra é de R$ 5,5 milhões.


MAIS SOBRE

Últimas Notícias