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Lá em Casa

Cris Silva: "Eta, saudade!"

Colunista escreve sobre maternidade e família todas as sextas-feiras

01/11/2019 - 11h55min


Foto: Arte DG
Cris no DG

A semana foi de tempo bem fechado aqui em Porto Alegre. E foi inevitável não pensar na minha vó, que faleceu há anos. Ainda sinto muita saudade. 

A gente foi sempre muito unida. Na época que eu fazia faculdade, toda sexta era dia de almoçar com a vó. Saia caminhando da Universidade Católica de Pelotas e ia devagarinho pelas ruas do Porto, bairro da cidade. E, quanto mais perto da casa eu chegava, mais aumentava o cheirinho da comida dela. Ai, que coisa maravilhosa! 

O cardápio era sempre o mesmo: arroz, bife e massa cabelinho de anjo com bastante molho. Como eu amava! E como eu sinto saudade dela. 

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A vó Cinda foi uma das pessoas mais carinhosas e generosas que conheci, um talento invejável para pintura, música e para fazer amigos. E dona de umas manias que não adiantava ir contra: todo dia de tormenta, ela tapava os espelhos da casa, não comia carne e, sempre, depois do almoço, tomava chá de erva-doce. 

Lembro dessas e de tantas outras coisas. E lembro como se fosse hoje o dia em que ela faleceu e que me despedi. É claro que eu estava triste, mas estava também aliviada, porque foram anos de convivência, de amor... Eu curti e aprendi muito com a vó. Ela nos deixou aos 96 anos. Na época, eu tinha 20 anos. 

Hoje, véspera do Dia de Finados, quis trazer dicas para crianças que precisam lidar com a morte dos avós. O psicólogo clínico Michel Andreola dá orientações, a seguir.

Ronald Mendes / Agencia RBS
Avós e netos, uma relação de muito amor

Como devo contar para as crianças?

Quando acontecer em sua família, fale sobre o falecimento de forma amorosa, com calma. Se os avós são idosos, explique de forma simples e lúdica, use livros ou trechos de filmes infantis que tratam do assunto e também sobre o ciclo da vida: que nascemos, crescemos, nos tornamos adultos, envelhecemos e, depois, morremos. Mas, ao longo da vida, muitas coisas interessantes acontecem e deixamos uma linda história para ser contada para as pessoas.

A forma mais pura de se falar é o que a criança precisa neste momento. Nunca diga que o “Papai do Céu” chamou, que “virou estrelinha”, “fizeram uma longa viagem”. Essas falas podem trazer possíveis complicações emocionais no futuro, conta Andreola.

– A perda é um dos sentimentos mais doloridos de um ser humano. Cada um sabe e sente a sua dor. A morte dos avós, dependendo da aproximação e da relação que a criança tem com eles, é bem significativa. São os segundos pais que elas têm na família. Isso tudo mexe e marca no emocional das crianças – explica.

Hora da despedida

A criança precisa desde sempre trabalhar e elaborar a morte, compreender que é natural e que ninguém sabe quando será a sua hora. Deixe-a fazer a despedida da maneira dela, com desenhos, escritas, cantos, músicas, flores etc., pergunte se ela quer ir ao velório. Caso ela queira, vá preparando a ida, veja o que quer levar, converse e a escute sempre. 

Não segure a sua emoção ao lado dela. Chore junto se, na hora, sentir necessidade. Você também está passando por uma perda significativa e estará, ao decorrer, também elaborando esta perda e ajudando a criança.

Pérolas da criançada

– Mamãe, todo o dia é hoje, né?
Cadu, dois anos



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